O Papa: a misericórdia é a missão da Igreja, facilitar o acesso dos fiéis a este “encontro de amor”

O Papa com os participantes do 33° Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)
Na Sala Paulo VI, Francisco encontra os participantes do Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica. Ele se deteve na necessidade de que, também em vista do Jubileu de 2025, os confessionários sejam sempre geridos por sacerdotes dispostos a acolher o penitente com um coração magnânimo. E insistiu: nunca dialogar com o diabo, os padres não devem ser psiquiatras na administração do Sacramento da Reconciliação.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (23/03), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de quinhentos participantes do 33° Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica.

Em seu discurso, o Pontífice recordou que “há mais de três décadas, a Penitenciaria Apostólica oferece este importante e valioso momento de formação, para contribuir na preparação de bons confessores, plenamente conscientes da importância do ministério a serviço dos penitentes”. O Papa os encorajou “a prosseguir neste compromisso formativo, que tanto bem faz à Igreja, pois ajuda a circular em suas veias a seiva da misericórdia”.

Existe, portanto, um vínculo inseparável entre a vocação missionária da Igreja e a oferta de misericórdia a todos os homens. Vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária. Quase poderíamos dizer que a misericórdia está incluída nas “notas” características da Igreja, em particular faz resplandecer a santidade e a apostolicidade.

“Desde sempre, a Igreja, com estilos diferentes nas várias épocas, expressou esta “identidade de misericórdia”, dirigida tanto ao corpo quanto à alma, desejando, com seu Senhor, a salvação integral da pessoa. A obra da misericórdia divina coincide assim com a própria ação missionária da Igreja, com a evangelização, porque nela resplandece o rosto de Deus como Jesus nos mostrou”, sublinhou Francisco.

Segundo o Papa, “não é possível, sobretudo neste tempo da Quaresma, deixar de dar atenção ao exercício da caridade pastoral, que se expressa de modo concreto e eminente na plena disponibilidade dos sacerdotes ao exercício do ministério da reconciliação”.

A seguir, Francisco convidou “a pensar em Jesus, que escolhe ficar em silêncio diante da mulher adúltera, para salvá-la da condenação à morte”.

Assim também o sacerdote no confessionário deve amar o silêncio, ser magnânimo de coração, sabendo que cada penitente o recorda a sua própria condição pessoal: ser pecador e ministro da misericórdia. Esta consciência fará com que os confessionários não fiquem abandonados e que não falte a disponibilidade dos sacerdotes. A missão evangelizadora da Igreja passa em grande parte pela redescoberta do dom da Confissão, também em vista do iminente Jubileu de 2025.

Segundo o Papa, “nos planos pastorais das Igrejas particulares, nunca deve faltar espaço para o serviço da Reconciliação sacramental”. “Se a misericórdia é a missão da Igreja, devemos facilitar ao máximo o acesso dos fiéis a este “encontro de amor”, cuidando dele desde a primeira Confissão das crianças e estendendo esta atenção aos lugares de cuidado e sofrimento”, sublinhou.

Quando já não se pode fazer muito para curar o corpo, muito se pode e deve sempre ser feito para a saúde da alma! Neste sentido, a Confissão individual é o caminho privilegiado a percorrer, porque favorece o encontro pessoal com a Divina Misericórdia, que todo coração arrependido espera. Na Confissão individual, Deus quer acariciar pessoalmente, com a sua misericórdia, cada pecador: o Pastor, só Ele, conhece e ama as ovelhas uma por uma, especialmente as mais frágeis e feridas. As celebrações comunitárias devem ser valorizadas em algumas ocasiões, sem renunciar às Confissões individuais como forma ordinária de celebrar o sacramento.

“No mundo, infelizmente vemos isso todos os dias, não faltam focos de ódio e vingança. Nós, confessores, devemos então multiplicar os “focos da misericórdia”, sublinhou o Papa.

A seguir, Francisco disse que “Jesus nos ensinou que nunca devemos dialogar com o diabo: nunca! À tentação no deserto Ele respondeu com a Palavra de Deus, mas não entrou em diálogo”.

Cuidado no confessionário: nunca dialogar com o mal, nunca! Dar o perdão e abrir alguma porta para que a pessoa possa ir adiante; mas dar um de psiquiatra, por favor, de psicanalista: não, nunca entrar nessas coisas. Se alguém de vocês tem esta vocação, deve exercê-la em outro lugar, não no tribunal da penitência. Este é um diálogo que não cabe a um momento de misericórdia.

O Papa concluiu, dizendo que acompanha a Penitenciaria Apostólica na oração, e agradecendo “pelo trabalho que realiza incansavelmente em favor do Sacramento do Perdão”.

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