O Mistério Eucarístico

    Cadernos do Concílio – Volume 9

     Dando continuidade à reflexão da coleção “Cadernos do Concílio” Ecumênico Vaticano II hoje nos debruçaremos no volume 9 dessa coleção que trata sobre “O Mistério Eucarístico” com o texto de autoria de Fulvia Maria Sieni publicada pela Seção para as questões Fundamentais da Evangelização no Mundo do Dicastério para a Evangelização e traduzida e publicada no Brasil por Edições CNBB. Nos últimos volumes tratamos sobre o tema da liturgia e dissemos que ela é o centro da vida cristã, e uma liturgia bem-preparada e devidamente celebrada deve nos levar ao centro da nossa fé, que é o mistério Eucarístico.

    O Mistério Eucarístico está no centro da celebração da Missa, como já dissemos algumas vezes, quando vamos à missa participamos de duas grandes mesas, a da Palavra e a do Corpo e Sangue do Senhor. Só podemos chegar ao ápice do mistério Eucarístico após compreendermos bem a Palavra que foi proclamada e ter participado bem da mesa da Palavra.

    Como bem sabemos o próprio Jesus instituiu a Eucaristia na última ceia e deixou como “perpétua” memória para que os discípulos fizessem depois dele, e todas as vezes que fizessem fosse em Sua memória. Jesus envia os discípulos dois a dois para que saíssem em missão para anunciar o Evangelho, perdoar os pecados e partilhar a Eucaristia.

    Os discípulos deram início à Igreja primitiva, partilhavam os bens materiais, incentivando a comunidade a colocar tudo em comum, e tinham presente os dois pilares: a Palavra e a Eucaristia. Até os dias de hoje somos convidados a dar continuidade a essa Igreja dos primeiros séculos, colocando tudo o que nós temos a serviço da comunidade, ouvindo a Palavra e partilhando a Eucaristia. Os bispos como sucessores dos apóstolos e os sacerdotes, dão continuidade a essa Igreja e atualizam o mistério pascal de Cristo.

    Todas as vezes que a missa é celebrada é atualizado o mistério pascal de Cristo, quando há a consagração na Missa não é apenas uma “repetição” das palavras que Jesus usou na última ceia, mas é atualizado aquilo que aconteceu na última ceia. Dessa forma cumpre-se aquilo que Jesus disse: “Fazei isto em memória de mim”. Por isso, sempre que fazemos, é em memória d’Ele, e nós cremos que aquelas espécies do pão e do vinho se tornaram Corpo e Sangue de Cristo.

    É mistério, porque só é possível compreender através do olhar da fé, somente pela fé é possível acreditar que aquelas espécies do pão e do vinho tenham se transformando no Corpo e Sangue de Cristo. Esse mistério só nos será revelado na eternidade, somente quando estivermos face a face com Cristo no céu será possível compreender esse mistério.

    O apóstolo Paulo nos conta aquilo que recebeu do Senhor, ele fala abertamente do sacrifício Eucarístico, ao mostrar que os cristãos não podem tomar parte no sacrifício dos pagãos, justamente porque já faziam parte da mesa do Senhor. Paulo ainda alerta que se comungarmos em pecado, comungaremos a nossa própria condenação. O cálice que é abençoado na Missa e o pão que é consagrado é a comunhão com o Corpo e o Sangue do Senhor.

    Fazemos parte do Corpo de Cristo que é a Igreja, Ele é a cabeça e nós somos os membros, devemos estar em plena sintonia com a cabeça desse Corpo, e ao mesmo tempo ajudar os demais membros a caminharem na fé. O Espírito Santo sustenta esse Corpo – por meio desse Espírito Santo podemos comungar da Eucaristia que é Cristo, cabeça desse Corpo. A palavra comunhão significa que devemos estar unidos, em comunhão uns com os outros e com a cabeça que é Cristo.

    A Missa é o ponto alto da vida do cristão, a Eucaristia é remédio e força para continuarmos adiante. O Concílio Ecumênico Vaticano II teve a preocupação de resgatar no coração dos fiéis a importância da Santa Missa. Para melhor participação, os padres conciliares após algumas discussões resolveram atualizar a liturgia da missa, mas sem perder a essência e o centro que é o mistério Eucarístico. A Missa passou a ser celebrada na língua vernácula, e o padre de frente para o povo, mais próximo dos fiéis. Como fruto dessa conclusão foi elaborada a Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium: por meio desta Constituição foi possível orientar os fiéis sobre a importância da renovação litúrgica.

    A Sacrosanctum Concilium é o ponto de chegada da renovação da Liturgia, começada pelo movimento litúrgico, que a própria Constituição reconhece como “sinal dos desígnios providenciais de Deus sobre o nosso tempo, como uma passagem do Espírito Santo pela sua Igreja” (Sacrosanctum Concilium, 43).

    O Espírito Santo sempre renova tudo, a Igreja existe há mais de dois mil anos, e graças à ação do Espírito Santo essa Igreja continua viva, e de pé, apesar dos ventos contrários. Foi preciso a ação do Espírito Santo para que primeiro houvesse o Concílio Ecumênico Vaticano II, e em segundo lugar para que houvesse uma renovação na maneira de celebrar a Missa e os sacramentos. A partir dessa ação do Espírito Santo e da renovação litúrgica e dos sacramentos foi possível uma maior participação dos fiéis.

    O Espírito Santo sempre agiu e continua agindo ao longo da história, Ele dá sabedoria para que tomemos as ações corretas sobretudo nos momentos de dificuldade. Somos povo de Deus a caminho, discípulos e missionários do Senhor, o mesmo Espírito Santo que Jesus soprou sobre os discípulos em Pentecostes, e os enviou em missão, Ele continua a soprar nos dias de hoje para que possamos sempre fazer novas todas as coisas e atrair novos batizados. A Igreja é viva, graças a ação do Espírito Santo, temos a Eucaristia e os demais sacramentos graças a esse Espírito Santo.

    Vivamos com intensidade o nosso pertencimento a essa Igreja e participemos do mistério pascal de Cristo. Tomemos a “Sacrosanctum Concilium” e busquemos entender e compreender a reforma litúrgica e quanto ela foi importante para a Igreja. Rezemos junto com a Igreja ao longo desse ano da oração e peçamos a luz do Espírito Santo para viver bem esse ano jubilar da esperança no próximo ano. Que do mesmo modo que a realização Concílio Ecumênico Vaticano II e a reforma litúrgica foi uma renovação para a Igreja, que o próximo ano jubilar também o seja.

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