O espírito de amor

    A moral não está em moda em nossos dias. Todo mundo parece saber perfeitamente o que precisa fazer a cada instante e ninguém suporta a imposição de normas ou obrigações. Infelizmente, há muitos que continuam vendo a fé cristã como uma coleção de normas, mandamentos e obrigações que se devem cumprir escrupulosamente. Essa seria a condição para se obter a salvação. Aquele que cumpre as regras, muitas de tipo ritual, tal como ir à Missa todos os domingos, confessar-se uma vez por ano etc., ou as de cumprimento externo, tais como casar-se na igreja, para garantir a salvação. Talvez por isso, muitos cristãos que terminam indo à Missa em cima da hora ficam no fundo da igreja sem participar para valer e, como já estão próximos da porta, vão embora assim que o presidente da assembléia dá a bênção, ou até mesmo antes.

    Jesus, no Evangelho do sexto domingo da Páscoa(cf. Jo 14,15-21), coloca a questão exatamente de modo inverso. A obrigação dos mandamentos, como tal, não tem sentido algum se não for entendida no contexto de uma relação pessoal com o próprio Jesus: “Se me amais, guardareis meus mandamentos”(cf. Jo 14,15). Não de trata, pois, de cumprir os mandamentos, de uma maneira automática ou cega, com o objetivo de alcançar a salvação. O primeiro passo é encontrar-se com Jesus, descobrir quem é e o que significa em nossa vida. Dessa relação pessoal surge o amor e o seguimento. Os mandamentos são simples consequência dessa vida de seguimento. Mas, antes de tudo, é o amor que em nenhuma situação se pode impor como obrigação.

    Será que os que seguem a Jesus e o amam compreenderam como uma obrigação sem sentido o chamado da Igreja para que se unissem uma vez por semana, ouvissem, juntos, a Palavra e compartilhassem o Pão e o Vinho na mesa da Eucaristia? Mais do que uma obrigação é uma alegria e um direito: o de nos reunirmos com os nossos irmãos e irmãs e, juntos, darmos fracas a Deus por tudo aquilo que Ele nos oferece.

    Ser cristão, fazer parte da Igreja Católica não é cumprir uma série de normas e mandamentos de forma automática: é fazer parte de uma família que se estende além do sangue e da cultura; é ter acolhido no coração uma tradição que vem de séculos; é ter escutado a pregação de Felipe e recebido o Espírito Santo dos apóstolos. Ser cristão é fazer de Jesus o centro da própria vida, e amá-lo é devotar amor aos irmãos com a força de seu exemplo e de seu Espírito.

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