O encontro da simplicidade do Papa

    Após um ano de profícuo pontificado o Papa Francisco tem sido objeto de análise dos cientistas sociais. Na pessoa de Jorge Mário Bergoglio confluíram fatores importantes. Com efeito, pertencente a uma família de imigrantes italianos, nascido na Argentina, é o primeiro papa do continente americano, o primeiro pontífice não europeu em mais de 1200 anos e também o primeiro papa jesuíta da história e o primeiro a adotar o nome de Francisco. Nele se contempla de um lado Inácio de Loyola, o santo da força de vontade, e, de outro, Francisco de Assis o santo do amor. Ele faz fulgir perante o mundo a sabedoria e a cultura dos jesuítas e a doçura e naturalidade dos franciscanos.
    Uma avalanche de aspectos logo surge durante 365 dias de um trabalho ardoroso a favor da evangelização, empregando com clarividência as armas que a comunicação moderna oferece. Linguagem direta, uma simbologia admirável com notável valor evocativo, místico, até mesmo intrigante. Uma ação prudente, mas fulminatória, visando o dinamismo da Santa Sé e de todos os seus departamentos. Longe de qualquer laivo de laxismo ou de relativismo ele aborda os temas mais delicados com firmeza e total clareza, deixando a muitos perplexos, mas orientando com lucidez a conduta cristã. Ele aspira por uma Igreja aberta para todos e, por isto, nada de muramentos que isolam. As fronteiras do Papa Francisco se alargam cada vez mais em busca das ovelhas tresmalhadas e das que não conhecem a verdadeira face da Igreja. Ele quer o contado direto com todos que dele se aproximam. Suas mensagens sintéticas, objetivas lhe proporcionam tempo para circular junto do povo. Ele se faz, como bom jesuíta, o arauto da misericórdia divina, pois Cristo veio para salvar os que estavam perdidos nas trevas do erro. O Papa Francisco não se instalou no Vaticano, mas se apresenta como um caminheiro de Jesus, como outrora São Francisco de Assis. Sempre um passo para frente e nunca um olhar para trás é o que transmite seu otimismo irradiante. Sua humildade, seu espírito de pobreza tocam os corações que nele percebem a sinceridade de quem quer sempre acertar, sabendo de todas as limitações humanas. Por isto mesmo, o Conselho de oito cardeais que ele nomeou, visando a reforma da Cúria romana lhe dá um apoio para agir com segurança e sem precipitações. Com espírito democrático o questionário sobre as evoluções das famílias católicas do mundo inteiro na preparação de um Sínodo demonstra seu desejo de colocar o dedo nas chagas e. sem ratificar os erros. Poder oferecer os meios para o total equilíbrio ético na conduta dos seguidores de Cristo.
    A verdade em si é intocável,  os princípios fundamentais da moral exposta nos dez mandamentos  são intangíveis,  mas os problemas devem ser examinados com coragem, exatamente para que não se caia nunca em erros perniciosos, quer dogmáticos, quer éticos. Abertura de espírito sem trair a exatidão de tudo que foi revelado por Deus. Ele quer que nas atitudes cristãs não aja nunca o contra testemunho que possa patentear uma falta de fé na vida eterna e que signifique adoração dos bens terrenos. Ele não age para desestabilizar as pessoas iludidas com as frivolidades terrenas, mas para colocá-las no verdadeiro rumo da pátria celeste. Não se percebe assim contra ele nenhum movimento de pressão ou oposição, apesar das medidas reformatórias tomadas, sobretudo no que tange o governo geral da Igreja, que precisa estar a serviço de toda a humanidade e não apenas dos cristãos.
    Deus sempre o ilumine, o fortaleça para glória da Igreja e bem das almas!

    * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.