O convívio entre as ovelhas e o pastor

    Neste tempo pascal a figura do Bom Pastor traz sempre uma mensagem de fagueira esperança (Jo 10, 27-30). Esta perspectiva irradiante de serenidade se baseia na certeza do imenso amor do divino Redentor para com todos que escutam a sua voz e O acompanham. Ele ressuscitou dos mortos, após o cruento sacrifício do Calvário e continua através de sua Igreja vivo, atuante, protegendo e guiando suas ovelhas para paragens deslumbrantes. Deixou um critério decisivo para distinguir os que Lhe pertencem: “Minhas ovelhas escutam minha voz; eu as conheço e elas me seguem”! Três etapas importantíssimas, a saber, as ovelhas distinguem a voz do Bom Pastor, o qual tem conhecimento delas e, então, numa atitude recíproca ambos caminham juntos numa atmosfera de confidência, de intimidade, de ternura. Davi já havia informado que este Pastor leva para prados verdejantes, a saber, para as delícias de uma eternidade feliz. É preciso, porém, caminhar e não perder de vista este Guia sábio, poderoso e que deu sua vida pelas suas ovelhas. Até chegar, porém, no aprisco definitivo cumpre total fidelidade ao Bom Pastor, Segundo São João no Apocalipse é necessário passar “pela grande prova” (Ap 7,14). A lealdade a Jesus se torna firme apenas para as ovelhas que não escutam as vozes das insídias dos falsos pastores, as aliciações de um mundo materializado, as paixões despertadas pelas forças do mal. O plano, porém, deste Pastor amoroso é conduzir milhares de ovelhas  para as fontes das águas vivas. Na visão joanina, no Apocalipse, se trata de “uma multidão que ninguém é capaz de contar, uma multidão de todas as nações, de todas as raças, povos e línguas” (Ap 7,9). As ovelhas leais não se perderão por mais árdua que tenha sido a caminhada. Eis porque o grande filósofo Henri Bergson afirmou que entre as centenas de livros que ele tinha lido e estudado, nada o tocava mais do que as passagens da Bíblia referentes ao Bom Pastor. Repetia então com o salmista que nada lhe faltava, porque Cristo oferece vida, mas uma vida em abundância. Tem razão o célebre pensador francês, porque Jesus oferece segurança a suas ovelhas, o que é sua característica prioritária. Ele sempre perto delas e elas se sentem amadas e abençoadas. Esta  proximidade transforma a obscuridade em claridade iluminadora. Cumpre às ovelhas serem dóceis e obedientes a este Guia admirável. Disto resulta, como afirmou o bem-aventurado Charles de Foucauld, uma confiança sem limites. Tudo isto explica porque a imagem do Bom Pastor é a mais antiga representação de Jesus na iconografia cristã.  Por entre as incongruências da existência humana nesta terra Cristo, o Bom Pastor, oferece um rumo e toda proteção para vencer os obstáculos e evitar tudo que possa comprometer o seguimento constante nas veredas que Ele indica. O cristão, ovelha fiel de Cristo, proclama altissonantemente com Davi: “Se eu atravesso os vales da morte nada temerei, porque está comigo, tu me guias e confortas” (Sl 22). É que Cristo pode de fato ajudar, proteger, Ele que afirmou: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância! (Jo, 10,10). Infelizes aqueles que O abandonam, trocando-O por falsos guias, por  gurus que se apresentam como salvadores, mas cujas promessas iludem e levam à perdição. Felicidade, porém, somente junto do Bom Pastor. São Paulo nos afiança:” É nele que se ocultam todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Col 2,3). Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here