O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

    Jesus identificou-se como o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,1-12).

    Segundo São Bernardo, “o caminho é a humildade que conduz à verdade”, dado que o próprio Cristo preceituou “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Quem O imita, assevera o douto teólogo, empregando as palavras de Jesus, “não marchará nas trevas, mas terá a luz da vida”, dado que Jesus é a luz do mundo (Jo 8,12).

    Para os que estão fatigados, Ele é o sustentáculo. Eis porque Jesus pôde aconselhar aos apóstolos: “Não se perturbe o vosso coração. Crede em Deus e crede também em mim”. Deste modo, além da humildade, o Mestre divino recomenda a mais absoluta paz Alertou a seus seguidores:

    “No mundo tereis aflições, mas tende confiança, eu venci o mundo” (Jo 16,33). Trata-se do mundo hostil que através dos tempos iria contradizer tudo que Ele ensinou através de sofismas, de atos degradantes, de toda espécie de corrupção dos costumes e dos mais fragorosos erros. Tudo isto envolvendo a inteligência e a afetividade.

    O remédio espiritual que apartará a tribulação de seus discípulos e os fará trilhar o caminho da verdade e da vida, trazendo-lhes esperança, é a relação vivificante com Ele e com o Pai. Deixou claro, porém, que ninguém vai ao Pai senão por Ele. Ele retornaria ao Pai a fim de preparar um lugar para cada um que o seguisse. Ele quer que seu seguidor esteja um dia com Ele lá para onde Ele iria, ou seja, para a casa da glória eterna. Entretanto, até sua vinda para ressuscitar os mortos, cada dia neste mundo Ele vem até seu discípulo fiel com suas graças, suas inspirações, de tal forma que cada um se aproxime cada vez mais do lugar onde Ele está à direita de Deus Pai. O papel do cristão é então caminhar na rota certa. Ele é ao mesmo tempo o caminho para a casa do Pai, o caminho que guia e o caminho que garante uma salvação eterna. Ao mesmo tempo Ele, de fato, é o caminho que orienta, o caminho que fortifica o viajante, porque Ele , é no mistério de sua Pessoa, toda a verdade e toda vida. Por Ele, com Ele e nele está o penhor seguro da chegada na outra margem da vida bem-aventurada. É de se notar que esta trajetória do cristão tem a garantia da presença de Deus dentro de si mesmo, pois Jesus afirmou: “Se alguém me ama guardará a minha palavra, meu Pai o amará, viremos a Ele e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23). Portanto, o cristão não caminha sozinho rumo à eternidade. Este novo mundo de tão sublimes relações só é accessível aos humildes que confiam inteiramente no seu Senhor.

    Apenas assim se tem uma abertura para o outro mundo do qual Jesus nos acena. Trata-se, portanto, de uma caminhada não para o desconhecido, pois Jesus projetou para os fiéis um maravilhoso destino e na sua pessoa nós podemos inteiramente confiar. O cristão tem todos os motivos para esperar e poder se projetar para uma felicidade perene.

    Será o momento arrebatador do encontro com a Trindade Santa. Aquele que crê caminha não rumo às trevas, mas para uma ventura sem fim. Afim de que isto se dê é preciso experimentar, já aqui na terra, a presença dinâmica do Deus três vezes santo, seu júbilo, sua consolação, levando de vencida todas as amarguras inerentes a um exílio terreno. Então os obstáculos desaparecem e a cada dia novas maneiras de ser aparecem fruto da comunicação com Aquele que é o oceano infinito de paz e luminosidade. Todas as ações do cristão tomam tal consistência que nada o pode demover de suas convicções alicerçadas na vontade divina.

    A vida do seguidor de Cristo se torna um diálogo constante com a divindade. Os santos experimentaram tudo isto e daí tudo de grandioso que se deu nas suas existências. Donde o testemunho de São Paulo: “É por isso que trabalhamos e lutamos, porque temos posta a nossa esperança no Deus vivo, que é Salvador de todos os homens, máxime dos fiéis” (I Tim 4,10). Donde o sábio conselho de Santo Inácio de Loyola:

    “Julguemos todas as coisas não pelo bem ou pelo mal que delas nos provêm na vida presente, mas pelas vantagens que elas nos causam à vida da eternidade”. O que alivia, realmente, o trabalho, o que o santifica, o que torna o homem forte, bom, justo e ao mesmo tempo humilde e grande é ter sempre  a perpétua visão de um mundo melhor além-morte, resplandecendo além das noites dessa vida. Eis porque aquele que acredita em Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida, deverá se preocupar menos com o modo como há de morrer do que com o modo como vive neste Caminho, sob a luz desta Verdade e desta Vida. Tenhamos os olhos fixos em Jesus, agindo como Ele e não nos desviaremos do verdadeiro Caminho. Recordemo-nos sempre das palavras de Cristo e as pratiquemos, pois Ele é a Verdade. Sejamos assíduos à Mesa Eucarística, pois Jesus é o Pão que alimenta e vivifica para a vida eterna.

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