O amor é compromisso indissolúvel

    A primeira leitura do vigésimo sétimo domingo do Tempo Comum nos recorda como foi o princípio de tudo. Conta-nos, de maneira romanceada. Talvez não tenha sido exatamente assim, mas, o mais importante está nessa história: um homem e uma mulher se encontraram e reconheceram um ao outro. O olhar não se deteve nos olhos. Chegou ao coração. Começou ai uma história que chegou até nossos dias. Ambos se sentiram chamados a formar uma só carne – não apenas em ordem à procriação – depois, a viverem unidos no amor e, assim, converter-se em sinal do amor com que Deus nos ama.
    Mas, na prática, não tem sido sempre assim ao longo da história. A realidade é que o homem tem tratado mal a mulher, muitas vezes. Durante séculos, o homem não considerou a mulher como sua igual. No máximo, uma companheira de cama, mas não alguém com dignidade para que estivesse no seu mesmo nível e com ele pudesse dialogar. O homem se tem sentido como dominador e considerado a mulher como mais um de seus pertences, mas um dos objetos à sua disposição. Em nossos dias, existem muitos homens ainda, que tratam as mulheres como objetos de prazer ou como escravas que devem manter a casa limpa e a comida pronta, mas às quais não é permitido decidir sobre nada, nem pensar, nem tomar decisões por si mesmas. Isso acontece em muitos países, mas também no nosso. Os maus tratos, os abusos, as violações são sinais dessa realidade. Há muito sofrimento, às vezes calado e em silêncio, entre as mulheres de muitas famílias.
    Jesus nos convida a voltar à criação para que percebamos que, no início, não foi assim. Deus criou homens e mulheres como iguais, são carne da mesma carne. Por isso, a mulher não pode ser mais uma propriedade do homem, da mesma forma que alguém tem um carro ou uma casa. Na primeira leitura, vimos como Deus encarrega o homem de por nome nos animais. E o homem o faz, mas se dá conta de que não estão no seu nível. São animais, não pessoas. É ao se encontrar com a mulher, criada a partir dele próprio, que ele diz: ”Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne de minha carne!” Na mulher, o homem se reconhece e, no homem, a mulher se reconhece. Ambos necessitam um do outro para gerar filhos, mas também para ser felizes, para viver na plenitude do amor para a qual Deus nos chamou.
    Hoje que há tantos divórcios, que a família parece em crise, Jesus nos convida a voltar ao princípio, a redescobrir a vontade original de Deus e a tentar torná-la realidade em cada uma de nossas famílias. Desta forma, cada matrimônio, cada família se converterá num sinal do amor com que Deus nos ama a todos. Assim entenderemos que, na família, a vida se recria diariamente no amor.

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