Neste dia 22 de agosto celebramos a memória litúrgica de Nossa Senhora Rainha. O mês de agosto é especial para a Igreja, pois é o mês vocacional e nele recordamos festas de grande importância, como a Transfiguração do Senhor, a Assunção de Nossa Senhora e, por fim, a festa de Maria Rainha.
O título de Rainha atribuído a Maria não nasceu de uma aparição particular, mas da tradição viva do povo cristão que, desde cedo, aprendeu a invocá-la assim. Na oração da Salve Rainha, proclamamos Maria como nossa Rainha, pois sendo Mãe de Jesus, Rei do Universo, participa de sua realeza. Trata-se, portanto, de um título espiritual, e não de um privilégio terreno: como o Filho é Rei, a Mãe é Rainha.
Maria é nossa advogada e intercessora junto a Deus. Por isso, na ladainha, a invocamos como Rainha dos Apóstolos, dos Patriarcas, dos Profetas, e sob tantos outros títulos que expressam sua presença única na história da salvação. Foi a escolhida por Deus para ser a “cheia de graça”, a primeira discípula e aquela que permaneceu unida aos Apóstolos em Pentecostes.
Invocá-la como Rainha não significa colocá-la em um trono de poder humano, mas reconhecê-la como a humilde serva do Senhor, cuja realeza é marcada pelo amor, pelo serviço e pela maternidade espiritual. Maria nos educa e nos guia sempre para Cristo, mostrando-nos o caminho da obediência e da humildade.
A memória litúrgica de Nossa Senhora Rainha é celebrada oito dias após a Assunção de Maria, justamente para sublinhar a relação entre as duas festas: a Virgem elevada ao céu é coroada como Rainha ao lado de seu Filho. A festa foi instituída por Pio XII, em 1954, através da encíclica Ad Caeli Reginam, e inicialmente celebrada em 31 de maio, como encerramento do mês mariano. Mais tarde, com a reforma litúrgica, foi transferida para o mês de agosto.
Mesmo antes da instituição oficial, o povo cristão já venerava Maria como Rainha do Céu e da Terra, como testemunham orações e hinos antiquíssimos. Pio XII apenas confirmou, com autoridade magisterial, aquilo que já fazia parte da fé viva do povo de Deus.
Maria é coroada com o duplo diadema da virgindade e da maternidade divina. É Mãe de Deus, mas também nossa Mãe espiritual, à qual recorremos como filhos e súditos confiantes, certos de que estamos sob sua proteção.
Celebrar Nossa Senhora Rainha é reconhecer que sua missão materna continua: ela intercede por nós, protege a Igreja e guia os povos no caminho da paz. Essa devoção se intensificou no século XX, especialmente após os Congressos Marianos e a proclamação da festa de Cristo Rei, instituída por Pio XI em 1925. A realeza de Maria, portanto, deriva da realeza de seu Filho.
Em 1954, Pio XII coroou solenemente a imagem de Maria Salus Populi Romani, recordando a intercessão da Virgem durante a Segunda Guerra Mundial, quando Roma foi preservada de tragédias ainda maiores. Essa tradição de invocá-la como Rainha permanece viva na piedade dos Papas e do povo cristão até hoje.
Invocar Maria como Rainha da Paz é de uma atualidade impressionante. Diante das guerras, violências e conflitos que marcam o nosso tempo — na Terra Santa, na Ucrânia e em tantas outras regiões —, recorremos a Maria para que interceda junto de seu Filho, o Príncipe da Paz.
Foi neste espírito que o Papa Leão XIV, em sua audiência de 20 de agosto de 2025, convidou-nos a viver o próximo dia 22 de agosto, memória de Nossa Senhora Rainha, como dia de jejum e oração pela paz. Suas palavras são claras e proféticas:
“Maria é invocada como Rainha da Paz, enquanto nossa terra continua a ser ferida pelas guerras. Convido todos os fiéis a viverem o dia 22 de agosto em jejum e oração, suplicando ao Senhor que nos conceda paz e justiça, e que enxugue as lágrimas daqueles que sofrem por causa dos conflitos armados em curso. Maria, Rainha da Paz, interceda para que os povos encontrem o caminho da paz.”
Diante desse apelo, irmãos e irmãs, somos chamados a transformar esta festa em ato de fé e de compromisso. Que cada família, paróquia e comunidade organize momentos de oração, vigílias, recitação do terço e adoração. Que em cada lar ecoe a súplica da Igreja: “Nossa Senhora, Rainha da Paz, rogai por nós!”
Façamos do jejum e da oração armas espirituais contra a violência e a indiferença. Sigamos o exemplo de Maria, Rainha humilde, que jamais se coloca acima dos homens, mas caminha conosco como Mãe e Mestra.
Que ela continue a proteger a humanidade inteira, guardando-nos na paz e conduzindo-nos sempre a Jesus Cristo, o Rei do Universo.