Na liturgia do 6º. Domingo da Páscoa sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
Estamos nos aproximando do auge do Tempo Pascal, com as celebrações da Ascensão de Jesus e de Pentecostes, a doação do Divino Espírito Santo e da Paz sobre aqueles que pertencem ao Senhor.
No Evangelho(Jo 14,23-29), Jesus diz aos discípulos como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo. A liturgia hodierna concentra-se na meditação das promessas de Jesus, concretizadas em Pentecostes. O Senhor, às vésperas de sua morte e Ressurreição, exorta à obediência da sua Palavra, sinal de amor à sua Pessoa e ao Pai. Jesus promete, relembrado o que já havia dito: “quem guardar sua palavra” será amado pelo Pai e será morada tanto do Pai quanto do Filho. Além disso, o Pai enviará o Espírito Santo Defensor para recordar – trazer de novo ao coração – aos discípulos todos os ensinamentos do Mestre. Jesus deixa e dá, desde já, a sua paz, a verdadeira paz, diferente da Pax Romana – paz forçada pelas armas. Os discípulos podem se alegrar, a Paixão e a Morte não serão o fim. A morte violenta não exterminará a paz oferecida por Jesus. Ele “foi”, mas voltará para os plenificar na paz e na alegria, preenchendo-os da vida divina quando se manifestar ressuscitado e insuflar-lhes o Espírito Santo(Jo 20,19-23). Não esqueçamos que, hoje, os discípulos somos nós. Recebamos com fé os dons da paz, da alegria e do Espírito que o Senhor nos concede permanentemente.
A primeira leitura(At 15,1-2.22.29) apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios dos novos tempos. Alguns membros da comunidade de Jerusalém queriam impor aos cristãos gregos de Antioquia as mesmas normas dos judeus da comunidade mãe. Isso provocou divergências, que foram solucionadas com o chamado Concílio de Jerusalém, que foi uma reunião com alguns membros de cada comunidade. Resolveram o problema com diálogo, que é fundamental, nas famílias e nas comunidades cristãs, para a superação dos conflitos. Animados pelo Espírito, os batizados aprendem a discernir o essencial do acessório e atualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.
Na segunda leitura(Ap 21,10-14.22-23), apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total. A “Jerusalém celeste” é descrita, nesse trecho, com imagens ricas de significado. Ela desce do céu, é dom de Deus; tem doze portas, está aberta para acolher os povos dos quatro cantos da terra; sua muralha é símbolo de proteção; não tem templo, nela já não há necessidade de mediações para chegar a Deus, que ali está plenamente presente e é o sol que brilha para todos. O sonho dessa “cidade” pode tornar-se realidade na medida em que o projeto de Jesus seja presença plena nas comunidades eclesiais.
No Espírito Santo somos convidados a viver no amor e na paz de Cristo! Por isso, o amor e a Palavra de Deus andam de mãos dadas. Jesus parte, mas nos garante a presença do Espírito Santo, o Defensor, que nos ajudará a entender as propostas do Mestre de Nazaré. As comunidades e cada fiel são morada do próprio Deus. Para isso exige-se a vivência do amor e a acolhida da paz que Ele mesmo oferece.