No dia do Mar, 9 de julho, o Vaticano denunciou situações de exploração em navios

No Motu Próprio “Stella Maris” assinado por São João Paulo II e publicado em 31 de janeiro de 1997, o chamado “Apostolado do Mar” está definido do seguinte modo: “A Obra do Apostolado do Mar, embora não constitua uma entidade canônica autônoma com própria personalidade jurídica, é a organização que promove o cuidado pastoral da gente do mar e visa sustentar o empenho dos fiéis, chamados a dar testemunho neste ambiente com a sua vida cristã”.

No domingo passado, 9 de julho, Papa Francisco, em homenagem ao Dia do Mar, celebrado naquela data, fez uma saudação no seu perfil no Twitter às pessoas que de algum modo tem atividades relacionadas ao contato com o mar, como marinheiros e pescadores, que hoje, segundo a Rádio Vaticano, são mais de um milhão e meio por todo o mundo. O Papa lembrou o Motu Próprio de seu predecessor: “Confio os marítimos, os pescadores e todos aqueles que estão em dificuldades e longe de casa à materna proteção de Maria, Estrela do Mar”.

O Apostolado do Mar tem por objetivo oferecer ajuda e apoio com assistência social, jurídica e religiosa aos trabalhadores marítimos. Além disso, o trabalho também acompanha e apoia as famílias tornando-se uma espécie de mediador entre elas e os seus que estão no mar. Pelo mundo afora, em regiões litorâneas, há casas de acolhimento nas quais oferecem, além do serviço religioso através de celebrações e aconselhamento, transporte, alimentação, telefonia e internet.

No Brasil, segundo o site “O estrangeiro” o cuidado pastoral com os trabalhadores do mar é feito desde a década de 1970, em Santos, quando dom Davi Picão, com a ajuda dos Missionários Scalabrinianos: Depois dessa iniciativa, o trabalho se expandiu: “em 1998, um Centro Stella Maris foi criado no Rio de Janeiro e em 2010 no Rio Grande do Sul […] Somando um total de sete casas de apoio junto a Fortaleza, Pernambuco e Vitória”.

O Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, Card. Peter Turkson, valoriza e agradece esta força de trabalho e “o seu contributo para a economia global”. E exorta os capelães e voluntários do apostolado do Mar a fazerem “todo o possível para que esta profissão nunca perca a merecida dignidade”.

A Mensagem do Cardeal Turkson, segundo matéria publicada na Agência acidigital, recorda como é difícil para os marinheiros permanecer vários meses longe de suas famílias, “continua sendo um sacrifício enorme que muitas vezes prejudica a vida familiar”. Por isso, o Cardeal pediu aos sacerdotes e Bispos que dediquem uma maior atenção às famílias dos marinheiros: “É importante que em nosso ministério pastoral prestemos uma atenção especial aos familiares dos marinheiros, criando e apoiando a criação de grupos de apoio para as esposas dos marinheiros a fim de prestar assistência e cuidado recíproco”.

Também assinalou, segundo a acidigital, como um perigo para os marinheiros “a crescente ameaça que é o terrorismo em todo o mundo” que, além disso, “exige novas medidas de segurança que limitam ainda mais, em alguns portos, a possibilidade de que os marinheiros possam descer do navio a e às vezes, inclusive, que os assistentes sociais possam ter acesso ao navio”. Neste sentido, pediu que não aproveitem estas medidas de segurança para discriminar as pessoas. “Devemos garantir que ninguém seja vítima de discriminação ou que não possa desembarcar por motivo de nacionalidade, raça ou religião”.

Do mesmo modo, denunciou os abusos que, em algumas ocasiões, são cometidos contra as tripulações dos navios. Embora se tenha valorizado positivamente o estabelecimento de padrões internacionais mínimos dos direitos humanos e do trabalho dos marinheiros, “continuam sendo numerosos os casos de tripulações que foram enganadas em relação aos seus salários, que são exploradas e abusadas no seu local de trabalho, criminalizadas injustamente por acidentes marítimos e abandonadas em portos estrangeiros”. Ao terminar, também se referiu ao XXIV Congresso Mundial a ser realizado em Kaohsiung, Taiwan, no próximo mês de outubro, e cujo tema será sobre os pescadores e a pesca.

Fonte: CNBB

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