Celebramos nesta segunda-feira a festa litúrgica da Natividade de Nossa Senhora. Do mesmo modo que celebramos a Natividade de Jesus em 25 de dezembro, também celebramos a de sua Mãe no dia 8 de setembro.
Desde o seu nascimento, Nossa Senhora foi predestinada e escolhida por Deus para, no tempo oportuno, ser a Mãe de Jesus. Esse nascimento tem um profundo significado: foi um verdadeiro milagre do Senhor, pois tanto sua mãe, Sant’Ana, como seu pai, São Joaquim, já eram de idade avançada. Por isso mesmo, ensinaram à filha os preceitos da religião judaica, educando-a no amor e no temor ao Senhor, e ajudando-a a viver longe do pecado.
Nossa Senhora foi concebida sem a mancha do pecado original; por isso é chamada Imaculada Conceição, ou seja, preservada da mácula do pecado desde o primeiro instante de sua existência. Dessa forma, foi escolhida por Deus para, no tempo oportuno, ser a Mãe do Salvador. Entre tantas jovens de seu tempo, Maria foi a que encontrou graça diante do Senhor e gerou em seu seio o Filho de Deus.
Não temos relatos na Sagrada Escritura sobre a infância de Nossa Senhora, nem imagens de Maria ainda menina. A tradição apenas conserva que, por volta dos seus quinze anos, ela recebeu o anúncio do Anjo Gabriel e concebeu Jesus. A festa da Natividade de Nossa Senhora é celebrada três meses antes da Imaculada Conceição, fortalecendo a nossa fé na proclamação: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.”
A festa da Natividade de Maria é uma das mais antigas celebrações marianas do calendário cristão. Sua origem pode estar ligada à dedicação de uma igreja construída em Jerusalém, no século IV, sobre o local onde, segundo a tradição, teria sido a casa de Joaquim e Ana, pais da Virgem. Essa basílica é conhecida como Sant’Ana, onde teria nascido Nossa Senhora. Em Roma, a festa passou a ser celebrada no século VIII, durante o pontificado do Papa Sérgio I (+701).
Os Evangelhos não relatam detalhes sobre o nascimento de Maria, nem falam diretamente de seus pais. Como vimos, eles começam a mencioná-la a partir da Anunciação do Anjo Gabriel. Contudo, Nossa Senhora está presente em momentos centrais da vida e do ministério de Jesus e, portanto, da história da salvação: na Encarnação, nas Bodas de Caná, na cruz, no nascimento da Igreja com a vinda do Espírito Santo, entre outros.
Sobre a infância de Maria, encontramos relatos no Protoevangelho de Tiago, um escrito apócrifo do século II. Esses evangelhos apócrifos não foram aceitos canonicamente pela Igreja por conterem elementos fantasiosos e imprecisos do ponto de vista histórico. Contudo, eles testemunham a devoção antiga à Mãe de Jesus. O acontecimento central de sua vida, para a nossa fé, continua sendo a Anunciação, quando Maria, com seu “Sim”, acolheu o plano de Deus.
Celebrar a Natividade de Nossa Senhora é celebrar o impacto que seu nascimento trouxe para a história da salvação. Foi a partir desse nascimento e, depois, de sua resposta ao anúncio do anjo, que Deus cumpriu plenamente o seu plano de amor. Pela morte de Cristo na cruz, selou-se de uma vez por todas a nova e eterna aliança. Com o nascimento de Maria abre-se um novo tempo, por isso esta festa sempre foi celebrada com grande alegria e louvor por muitos Santos Padres.
Maria é modelo para todos nós em suas virtudes, sobretudo na confiança absoluta em Deus. Mesmo diante do momento mais doloroso de sua vida — a morte de seu Filho na cruz —, ela não se desesperou, mas permaneceu firme na fé. Sem medo, disse “Sim” ao projeto divino. Que também nós, sem temor, saibamos dizer o nosso “Sim” a Deus, confiando nos seus planos para a nossa vida.
Nossa Senhora é Mãe de Deus e também discípula. Esteve junto aos apóstolos, especialmente após a ressurreição do Senhor. Foi exemplo de vida cristã: obediente, fiel, caridosa com a prima Isabel, intercessora nas Bodas de Caná. Assim também nós podemos ser obedientes à vontade de Deus, manter viva a fé, praticar a caridade com o próximo e interceder por quem sofre.
A devoção popular invoca Nossa Senhora da Natividade como padroeira das costureiras, assim como de cozinheiros, destiladores, fabricantes de alfinetes, panos e hospedarias. Hoje, ao celebrarmos sua festa, peçamos a proteção da Virgem Menina por todas as crianças, sobretudo pelas recém-nascidas e pelas que sofrem abandono dos pais. Que sejam amparadas pelo Senhor e que todas, a exemplo de Jesus e de Maria, cresçam em estatura, sabedoria e graça.
Celebremos com alegria e fé a memória litúrgica da Natividade de Nossa Senhora. Que, a exemplo de Maria, confiemos totalmente em Deus e aceitemos os seus planos para a nossa vida. Desde o nascimento, cada um de nós tem uma missão: viver plenamente a vontade de Deus.