Nas pegadas de Santo Antônio

    Como ocorre os sábados, também hoje, dia de Santo Antônio celebramos a eucaristia pelas mídias o “Rio Celebra”. Depois das intenções várias e saudar ao Brasil que de modo diferente vai aos poucos retomando as celebrações presenciais em alguns locais pudemos vivenciar esse momento solene do sábado de manhã.

    Celebramos a memória de Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa, que nasceu no finalzinho do século XII, e viveu no século XIII, durante seus 35, 36 anos de vida. Foi umas das mais rápidas canonizações da história. Em menos de um ano, estava canonizado. E celebramos também os 800 anos dos Mártires de Marrocos, e o jubileu dos 800 anos do início da vida franciscana de Santo Antônio depois de ter sido do educado e ter feito seus estudos de Teologia na Ordem de Santa Cruz, que segue a regra Agostiniana. De Lisboa o nosso santo concluiu seus estudos em Coimbra e em 1220 ali chegaram os Mártires de Marrocos, franciscanos que o fundador, Francisco de Assis tinha enviado em missão no norte da África. Foi com esse testemunho que o nosso santo quis tornar-se franciscano para ir como missionário na África.

    Hoje, para a maioria do nosso povo brasileiro, é uma grande festa popular: Santo Antônio. Um dos santos juninos que, em outros tempos sempre acontecera com os folguedos junino e com grande concurso de povo. É uma tradição bonita, tanto celebrativa como a trezena ou novena de Santo Antônio e com as festas folclóricas do povo brasileiro. Neste ano, devido às várias circunstâncias, como nós sabemos, a nossa celebração é solene porque é um grande homem de Deus, mas não conta com os festejos externos e nem tampouco com a presença do nosso povo em nossas igrejas, que normalmente lota nossos templos nesse dia, porém, agora estão lotando as igrejas virtuais, que se reúnem como Igreja doméstica, que está em cada casa. Nós nos reunimos para agradecer a Deus pelo grande dom do exemplo de Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa. Como nós temos na Igreja tantos homens e mulheres de Deus, que nos deixam belos exemplos, belíssimos exemplos.

    A Leitura Primeira de hoje (cf. 1Rs 19,19-21) ressalta-se Elias, que faz um gesto, que é um gesto da vocação de Eliseu, quando joga o seu manto nas costas de Eliseu significando que ele seria o seu sucessor na missão profética. E Eliseu, depois de se despedir da sua família, como sinal de um novo começa, queima tudo aquilo que era o seu trabalho, da junta de bois, e inclusive faz com isso festa de despedida, deixando para trás tudo aquilo que era sua vida anterior, para dedicar-se sua vida de profeta, despojado de tudo aquilo que era seu sustento, para entregar-se totalmente ao Senhor, sucedendo a Elias. Havia poucos profetas naquela época. Havia muito mais falsos profetas de falsos deuses. A firmeza e fortaleza de Elias já era a ação do Espírito Santo ia conduzindo toda a história do povo eleito, do povo de Deus.

    A Palavra de Deus hoje no Evangelho (cf. Mt 5,33-37) nos fala que aqueles que são chamados para o serviço do Reino dos Profetas de hoje, os anunciadores do Evangelho de hoje, são chamados a também a ter uma sinceridade muito clara na sua vida.

    Estamos no Sermão da Montanha, que fala ao homem novo, do caminhar para ser o homem novo, daquilo que o Espírito Santo quer construir na vida dos cristãos e que fala que o “sim” deve ser “sim” e o “não” deve ser “não”, não precisa jurar nem por Deus, nem pelos seus próprios cabelos. Mas essa sinceridade para dizer o “sim” ou dizer o “não”, como faz parte pouco da vida do profeta, como de cada Cristão, também.

    Em um mundo de tantas “fakes news” que temos hoje, tantas falsidades ao nosso redor, tantas manobras e manipulações, até mesmo as notícias que chegam até nós, notícias das mais variadas até sobre o remédio, questão de números, tantas coisas mais que vão acontecendo, as pessoas hoje não sabem aonde está a verdade, de tantas situações que existem.

    E nós, quantas vezes nós somos manipulados pelas pessoas ao nosso redor. Por isso mesmo a Palavra de Deus hoje nos coloca sobre essa sinceridade de coração. O homem novo é aquele que é transparente, que diz “sim” quando é “sim” e “não” quando é “não”. E, ao mesmo tempo, não faz isso com rancor, nem ódio no coração, mas com a sinceridade do coração como aquele que recebeu justamente a missão profética de levar adiante o seu trabalho de anunciar ao Reino.

    Santo Antônio foi um homem assim. Ele teve que combater umas heresias, mas, ao mesmo tempo, foi alguém que procurou em tudo evangelizar, foi chamado Doutor do Evangelho, porque tanto pregou o Evangelho, e alguém que se colocou na humildade.

    Vemos em Santo Antônio o grande missionário, que longe de ficar com medo de ver os mártires chegando em Coimbra, onde estava ainda como padre, ele sentiu seu impulso de ir como missionária lá onde tinham sido martirizados esses franciscanos.

    Quis a circunstância que não acontecesse devido a doença. E, ao retornar para a Europa, acaba aportando na Itália e faz sua caminhada até Assis, onde se encontra com São Francisco de Assis. Durante muito tempo, passa a ser um franciscano, fazendo seu trabalho de cada dia. Até que um belo dia, por necessidade, ninguém tinha preparado um sermão para uma ordenação, o chamam e ele faz uma belíssima pregação e essa pregação, de tal maneira, mostra a Teologia que já havia aprendido, a Bíblia, patrística, enquanto estava em Coimbra e em Lisboa, Portugal, e dali para frente passa a ser não só grande pregador, mas também o instrutor dos franciscanos que estava nascendo, orientando nesse aprofundamento do conhecimento da fé.

    E isso o faz com toda humildade, enquanto não foi chamado a viver humildemente sua vida como um bom franciscano; quando foi chamado, exerceu sua missão de pregador a tal ponto que as multidões acorriam para ouvi-lo, mas também havia aqueles que não queriam escutar, e sabia como ninguém falar da verdadeira fé nas pessoas.

    Nesse ponto há muitos episódios da sua vida que ilustram um pouco essa fama de grande pregador do Evangelho, o Sermão aos Peixes a questão do animal que se ajoelha diante da Eucaristia, tendo fome e não vai a ração. A questão de tantas situações que ele passa, combatendo as heresias e tantas coisas que se contam que ilustram um pouco essa sua vida. Com apenas 35 para 36 anos, ele volta para casa do pai. Morre em Pádua e ali vai ficar justamente seus restos mortais. E depois, quando faz exumação do seu corpo, irão ver que a língua continua intacta mostrando que quem prega o Evangelho é um sinal de grande pregador.

    Foi uma das beatificações e canonizações mais rápidas da história da Igreja. Menos de onze meses já estava canonizado, pois o povo também já o tinha canonizado. Hoje seria impossível isso porque, para começar o processo de beatificação, precisa cumprir um tempo de cinco anos após a morte.

    Admirável é Deus nos seus santos! Desde os 15 anos começou toda a sua trajetória na vida religiosa e sacerdotal E, já com 25 anos, praticamente, já tinha começado sua caminhada para a vida franciscana, para inclusive para ir para o martírio. Morre relativamente jovem com 36 anos. Admirável em sua vida missionária, com conhecimento bíblico, patrístico, teológico além das línguas faladas na região – um belo entusiasmo de um coração jovem e cheio de fé, vivenciando a Palavra de Deus.

    Assim como Eliseu, ele recebeu esse manto da vocação e colocou-o sobre seus ombros e viveu intensamente, deixando tudo para trás, toda a sua vida de família de posses e de bem-estar para viver pobremente na vida franciscana a serviço do Reino de Deus. Viveu com humildade, não se vangloriando dos seus títulos, enquanto não foi chamado a servir como pregado e professor. Até hoje a sua fama continua marcando as nossas vidas.

    Pensamos também que ele, como sempre foi muito positivo no seu “sim” e no seu “não”, no anúncio do Evangelho que nos inspira, também a cada um de nós, no caminho da Santidade que é o caminho que todos nós vamos. Não importa ser beatificado ou canonizado: o importante é que nós somos chamados Santidade, e esse é o caminho de todos nós, e que Santo Antônio nos aponta e nos mostra como chegar.

    Ao concluir esta celebração, olhamos com carinho um pouco para nossa Arquidiocese e dizer que nós estamos muito unidos a todas as paróquias de Santo Antônio. Nós bispos e os demais auxiliares tínhamos marcado celebrações durante esses dias, da trezena, novena, dia da festa nas paróquias dedicadas a Santo Antônio. A Igreja, no entanto, mesmo com a limitações hodiernas, com a sua criatividade, encontra novos caminhos para evangelização, mesmo quando há obstáculos e dificuldades para aquilo que sempre fizeram como é preparação para festa de um padroeiro. Saudamos também as paróquias do Brasil que levam o nome de Santo Antônio, para que sejam momentos importantes na própria vida.

    Nossa saudação aos que celebram o onomástico hoje e todas as pessoas que têm sua devoção ou são paroquianas de alguma paróquia de Santo Antônio, o nosso abraço – que possam ver em Santo Antônio um grande exemplo de cristão, de homem de Deus, de pessoa que nos ajuda a viver também a nossa vida de cristão, nos dias de hoje, nos tempos atuais, que é a vivência da santidade, porque ela ultrapassa os séculos, ultrapassa os tempos para ser cada vez mais o sinal do presente, daqueles que são chamados a viver e a colocar em prática o evangelho; a sermos missionários evangelizadores que, com alegria, anunciam Jesus Cristo porque O encontraram. E, por tê-lO encontrado, não tem outro jeito de viver a não ser como bom cristão.

    E, por fim, nós queremos cumprimentar a Rede Vida de Televisão: no próximo sábado, dia 20, ela completa 25 anos que começou a sua programação. O primeiro programa que foi ao ar, no dia primeiro de maio, há 25 anos, foi a missa. A missa feita especialmente para televisão, como era na época a ideia de se colocar uma missa, onde não existia o povo porque o povo era todo espalhado por todos os cantos do Brasil. 1º de Maio, a primeira missa que foi ao ar, depois de um tempo de preparação, com a estrela da Rede Vida, aguardando o seu lugar no satélite na época. E, dia 20 de junho, foi quando entrou a programação no ar. Que sejamos sempre animados evangelizadores como Santo Antônio que hoje celebramos.

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