Não se lembrem de Deus só nas dificuldades, exorta o Papa

Christ Asleep in his Boat (Le Christ endormi dans sa barque) (oil on canvas) by Meynier, Jules Joseph (1826-p.1903); Musee Municipal, Cambrai, France (Photo by leemage / Leemage via AFP)

“Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para despertá-lo só no momento da necessidade!”

Não se lembrem de Deus só nas dificuldades, exortou o Papa Francisco neste domingo, dia 20, em sua tradicional alocução do Ângelus de meio-dia.

Confira algumas das principais reflexões do pontífice, baseadas na passagem do Evangelho em que Jesus, a bordo de um barco junto com os discípulos, acalma a tempestade enquanto eles demonstram medo:

Jesus dorme

“O barco no qual os discípulos atravessavam o lago foi assaltado pelo vento e pelas ondas e eles ficaram com medo de naufragar. Jesus estava com eles no barco, mas ficou na popa, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos, cheios de medo, gritaram-lhe: ‘Mestre, não te importa que pereçamos?’. Muitas vezes, também nós, assaltados pelas provações da vida, gritamos ao Senhor: ‘Por que ficas em silêncio e não fazes nada por mim?’. Principalmente quando parece que afundamos”.

Jesus espera que O chamemos

“Apesar de estar dormindo, Jesus está lá e compartilha com os discípulos tudo o que está acontecendo. Seu sono, se por um lado nos surpreende, por outro nos põe à prova. O Senhor está lá, atento. Ele espera que nós O chamemos para participar, que supliquemos a Ele, que O coloquemos no centro das nossas vivências. Seu sono nos convida a acordar. Porque, para ser discípulos de Jesus, não basta acreditar que Deus está presente, que Ele existe, mas é preciso relacionar-se com Ele. Também é necessário levantar com Ele a nossa voz: gritar a Ele”.

“A oração muitas vezes é um grito: ‘Senhor, salva-me!’”.

Jesus acalma a tempestade

“Os discípulos se aproximaram de Jesus, O despertaram e falaram com Ele. Este é o começo da nossa fé: reconhecer que, sozinhos, não somos capazes de permanecer à tona; que precisamos de Jesus, como os marinheiros precisam das estrelas para encontrar a rota. A fé começa com a crença de que não somos suficientes para nós mesmos, com o sentimento de necessidade de Deus. Quando superamos a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, quando superamos a falsa religiosidade que não quer perturbar a Deus, quando clamamos a Ele, então Ele pode fazer maravilhas em nós. É o poder suave e extraordinário da oração, que realiza milagres”.

“Jesus acalma o vento e as ondas e propõe aos discípulos uma pergunta que também repercute em nós: por que tendes medo? Ainda não tendes fé? Os discípulos tinham se deixado levar pelo medo, porque ficaram olhando para as ondas em vez de olhar para Jesus”.

Não se lembrem de Deus só nas dificuldades, exorta o Papa

“O medo nos leva a ver apenas as dificuldades, os problemas complicados, e não olhar para Jesus, que muitas vezes dorme. Também é assim conosco: quantas vezes ficamos olhando para os problemas em vez de ir até o Senhor e confiar as nossas preocupações a Ele! Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para despertá-lo só no momento da necessidade!”.

Francisco finalizou a reflexão exortando os fiéis a pedirem uma fé “que não se canse de bater à porta do Coração do Senhor”.

Vale recordar que esta mesma passagem do Evangelho, tão impactante e emblemática, também inspirou a belíssima mensagem do Papa Francisco na histórica bênção Urbi et Orbi de 27 de março de 2020, quando a pandemia de covid-19 começava a crescer no planeta de modo assustador. É a célebre bênção em que Francisco cruzou sozinho a imensidão da Praça de São Pedro vazia, sob a chuva, ao entardecer.

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