Michele Raviart – Cidade do Vaticano
“Manter a presença das comunidades cristãs, em particular naquelas áreas onde não fazem parte dos grupos majoritários, é uma questão muito mais do que simbólica: é um forte testemunho de fé e uma demonstração de que a pacífica coexistência entre uma pluralidade de religiões é possível, quando a dignidade de cada pessoa é respeitada”.
Foi o que disse o subsecretário para as Relações com os Estados, Dom Antoine Camilleri, ao se pronunciar na última terça-feira, 15, na Basílica de São Bartolomeu, em Roma, no lançamento de um Relatório sobre as perseguições contra os cristãos. Também estava presente, entre outros, o cardeal Louis Raphael I Sako, patriarca da Igreja Caldeia.
Dom Camilleri recebeu o relatório financiado pelo governo britânico das mãos do Embaixador do Reino Unido junto à Santa Sé, Sally Axworthy.
Genocídio causado por indiferença
As perseguições são uma “realidade alarmante” que o Papa definiu como “uma espécie de genocídio causado pela indiferença geral e coletiva” em que, recorda Dom Camilleri, “a presença dos cristãos é sistematicamente expulsa das sociedades e das culturas, mesmo nas áreas onde se originou”.
Nenhum respeito para aqueles que acreditam
“A injusta discriminação, a violência e a perseguição de qualquer ser humano, especialmente com base na religião e na crença, são moralmente inaceitáveis e reprováveis”, enfatiza o subsecretário para as Relações com os Estados.
“Nos últimos anos temos testemunhado ataques contra grupos e indivíduos em vários contextos religiosos, por parte de terroristas, grupos extremistas e fanáticos religiosos, que não têm nenhum respeito pelas vidas daqueles que têm um credo diferente do seu”, num fenômeno que envolve muitas comunidades religiosas em todo o mundo.
Maior compromisso por parte dos governos
Como ressaltado pelo Papa Francisco na declaração de Abu Dhabi de 4 de fevereiro passado, há o risco de uma “manipulação política das religiões”, que diz respeito não apenas a atores não estatais, como terroristas ou extremistas religiosos. Também “os governos”, explica Dom Camilleri, “devem se perguntar até que ponto estão comprometidos em defender a liberdade religiosa e em combater as perseguições”.
Muitas vezes, por um lado, não justificam ou condenam esses gestos, enquanto por outro, “colaboram” política, econômica, militar, comercialmente ou de alguma outra forma, e simplesmente fecham os olhos para aqueles que violam essa liberdade fundamental de maneira tão evidente”.