Misericórdia, Fé e Perdão

    O II Domingo de Páscoa é o Domingo da Misericórdia, instituído pelo Papa São João Paulo II. O antigo domingo “in albis”, ligado à tradição batismal, agora está mais centrado na questão do perdão dos pecados, como bem anuncia o Evangelho: aparecendo aos Apóstolos reunidos no Cenáculo – no domingo da Ressurreição –, Jesus disse: “Recebei o Espírito Santo, àqueles a quem perdoardes os pecados, os pecados lhes serão perdoados; àqueles a quem não perdoardes os pecados, os pecados não serão perdoados”. (Jo 20,22)
    Esse domingo já nos coloca no ritmo dominical: a cada oitavo dia os discípulos de Jesus se reúnem, e Ele permanece no meio deles trazendo a paz. Aparece com clareza que Jesus Ressuscitado se manifesta na Assembleia dominical. Nestes dois primeiros domingos aparecem a alegria do perdão e a importância da fé.
    No Plano da Salvação, o Pai enviou o Filho para o perdão dos pecados; e o Filho enviou a Igreja. Ele quis que o perdão dos pecados fosse dado não de maneira vaga e abstrata, mas de maneira concreta, pelos ministros da Igreja, os sacerdotes do Senhor. Por isso, o sacerdote, ao perdoar nossos pecados, diz: “Pelo ministério da Igreja… eu te absolvo de todos os teus pecados”. Que alegria saber que o Sangue precioso do Senhor derramado na Paixão lava a nossa alma de todos os pecados. Não há misericórdia maior; não há amor mais profundo; não há certeza mais firme de perdão.
    Este II Domingo da Páscoa, conhecido como “Domingo In Albis”, isto é, “Domingo Branco” antigamente com a tradição batismal, atualmente muitas pessoas recordam o dia da sua Primeira Comunhão, ou da sua Comunhão Solene. Isso porque, anos atrás, era nesse dia que se celebrava, preferencialmente, a primeira comunhão das crianças. Era uma bonita forma de ligar a Eucaristia à Páscoa, completando, dessa maneira, a alegria pela ressurreição de Jesus.
    Atualmente no II Domingo da Páscoa, a Igreja celebra a Divina Misericórdia, convidando-nos a nos aproximar de Deus sem medo de sermos menosprezados ou rejeitados. É o grande anúncio destes tempos complexos e cheios de violentas vinganças. Deus enviou Seu Filho Amado, que deu a Sua vida por nós por amor.
    Essa Festa da Divina Misericórdia foi oficialmente instituída e estendida a toda a Igreja Católica no ano 2000, pelo Papa São João Paulo II. Esta Festa tem sua origem na proclamação da Divina Misericórdia por meio do gesto eloquente de Jesus na cruz, doando a Sua vida pela salvação da humanidade.
    No Evangelho deste domingo, aparece a figura de Tomé. Diz-nos o Evangelho: “oito dias depois, encontravam-se os Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: coloca aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima também a tua mão e coloca no meu lado; e não seja incrédulo, mas fiel”. (Jo 20,26-27)
    A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! São quatro palavras inesgotáveis. A fé do Apóstolo brota não tanto de uma evidência, mas da fé. Diz a Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor. Consumiu a vida a seu serviço.
    A virtude da fé é a que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e a que nos permite julgar retamente todas as coisas. “Somente com a luz da fé e a meditação da palavra divina é que é possível reconhecer Deus sempre e por toda a parte, esse Deus em quem vivemos e nos movemos e existimos”. (At 17,28)
    Se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela. É necessário que essa virtude teologal vá crescendo em nós de dia para dia, que aprendamos a olhar as pessoas e os acontecimentos como o Senhor os olha, que a nossa atuação no meio do mundo esteja vivificada pela doutrina de Jesus. Por vezes, reconhecemos que temos de crescer na fé, assim como o Apóstolo. Teremos então de crescer em confiança no Senhor, seja em face das dificuldades no apostolado, ou de acontecimentos que não sabemos interpretar do ponto de vista sobrenatural, ou de momentos de escuridão, que Deus permite para que se firmem em nós outras virtudes.
    Assim sendo, peçamos ao Senhor que nos dê a graça de aumentar a nossa fé. Que a nossa fé, mesmo passando muitas vezes na caminhada por certos turbilhões, seja profunda e autêntica. Ao celebrarmos esse Domingo da Misericórdia, que vivamos intensamente este dom em nossa família, no trabalho e na paróquia.

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