Meu irmão Down, um cromossomo a mais de alegria e dinossauros

A história de Gio, que tem treze anos e um sorriso maior que os olhos. Ele rouba o boné de um mendigo e sai correndo, ama dinossauros e a cor vermelha…

 

Clique aqui para assistir o vídeo:

 

Giacomo é um jovem italiano de 20 anos. Um dia ele resolveu fazer um vídeo de cinco minutos intitulado The Simple Interview; o protagonista é seu irmão Giovanni (Gio), de 13 anos, que nasceu com síndrome de Down.

Os irmãos Mazzariol, que apenas queriam se divertir, se tornaram famosos nas redes sociais. Então Giacomo escreve um livro sobre Gio e anuncia que fará um filme.

Ironia, ternura e fantasia no universo paralelo de Gio, contado por seu irmão mais velho. Uma história transmitida por grandes jornais e sites como: Il Corriere della Sera, La Repubblica, Huffington Post, entre outros.

“Desde então, os jornalistas têm nos procurado, e nasceu a ideia de fazer um filme no próximo ano”, afirmou.

Entrevistado por Aleteia, Giacomo recorre ao seu desejo de se expressar. “Eu fiz o vídeo não para falar de pessoas com Down, mas para falar sobre meu irmão Gio”.

“É como falar de pessoas com cabelo preto. Ou seja, de algo que pode caracterizar uma pessoa, mas não é o que determina uma pessoa”.

Giacomo minimiza o dado do número de visualizações de seu vídeo (são milhares e milhares). Para ele é suficiente que cada vez mais pessoas afirmem que apreciam seu trabalho sem pretensões.

“Meu irmão persegue dinossauros” (Mio fratello riconrre i dinosauri, EINAUDI, 2016) é um livro honesto; Giacomo descreve em forma de diário suas crises de adolescente, não aceitação de si e até mesmo chega a esconder de seus amigos e da menina que gosta que tem um irmão Down.

“Eu não me aceitava. Este foi o período da adolescência”. “Então decidi olhar para Gio, para o que ele é e não para que eu esperava que ele fosse”. “Como fazer para conviver com a fragilidade do meu irmão?”, ele se questiona no texto.

“Todo mundo é um gênio. Mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele viverá o resto da vida acreditando que é estúpido” – é a citação de Albert Einstein que abre o livro.

Este jovem, que mede suas palavras ao falar, explica: “devemos apreciar cada pessoa pelo que ela é. Gio é Gio, minha irmã é minha irmã, meu pai é meu pai”.

Eu perguntei se ele acredita em Deus, se talvez este carinho por seu irmão seja questão de fé, mas, em vez disso, me surpreendeu ao colocar seu sentimento por Gio em um plano concreto e não abstrato.

“Meus pais são crentes e nos deram muitos valores… eu estou buscando. Este ano estou lendo vários filósofos. Meus pais creem na família unida. Nós nos amamos muito. Eles nos transmitem valores de fraternidade, aceitação e amor incondicional”, diz.

Na verdade, ele sugere, “não podemos escolher tudo na vida, não podemos escolher a quem amar. Devemos escolher amar e pronto!”, Giacomo cita sua mãe, que é dona de casa e deixou o emprego para dedicar-se à família. Seu pai é diretor de escola e suas três irmãs completam o quadro familiar.

“Quero que este livro seja considerado como uma história, não como um manifesto sobre a deficiência.”

“Não é somente para famílias com filhos com síndrome de Down. Há pessoas que me escrevem que têm um irmão como Gio ou que não têm irmãos, dizendo: obrigado por me fazer entender que a vida é muito curta para ser influenciada pelo julgamento dos outros e sobre como as pessoas julgam sua vida”.

Em suma, ele acrescenta, é a história “da vida de dois irmãos. Eu não falo de teorias. Eu falo sobre minha vida com Gio”. “Acredito no poder do bem. E se há uma coisa na vida pela qual se é feliz, acredito que essa seja a coisa mais importante e pela qual vale a pena viver”.

Despeço-me, no dia da entrevista, de Giacomo Mazzariol, desejando-lhe o melhor para seu exame final do ensino médio. É curioso que em italiano esse exame se chame ‘maturitá’, uma palavra que em português significa amadurecimento. Tal palavra expressa bem este jovem de vinte anos que é capaz de imaginar e apreciar os dinossauros coloridos de Gio e fazer, ao mesmo tempo, que outras pessoas se apaixonem por este “universo paralelo”.

Aqui está uma amostra desse universo:

“É a história de Gio. Giovanni, que tem treze anos e um sorriso maior que os olhos. Que rouba o boné de um mendigo e sai correndo; que ama dinossauros e a cor vermelha; que vai ao cinema com uma amiga e ao voltar para casa anuncia a todos: ‘me casei’.

Giovanni, que dança em plena praça sozinho, ao ritmo da música de um artista de rua, e, um após outro, os transeuntes começam a relaxar e começam a imitá-lo. Giovanni é aquele que faz as praças dançarem”.

“Giovanni, que todo o tempo do mundo está concentrado em vinte minutos, não mais do que vinte minutos: se sai de férias por um mês, foram apenas vinte minutos.

Giovanni, que sabe ser cansativo, desgastante, que a cada dia vai ao jardim e traz uma flor para minhas irmãs. E se é inverno e não as encontra, traz folhas secas.

Giovanni é meu irmão. E esta é a minha história. Eu tenho 19 anos, meu nome é Giacomo”…

 

Fonte: Aleteia

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