Tóquio (RV) – “Através da não-violência, o amor supera a violência”: é o que escreve a Conferência Episcopal Japonesa numa mensagem difundida por ocasião da iniciativa “Dez dias pela paz”, evento anual promovido pelos bispos nipônicos em recordação das vítimas dos bombardeios atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki. A iniciativa realiza-se de 6 a 15 de agosto.
No documento episcopal, assinado pelo arcebispo de Nagasaki e presidente dos bispos japoneses, Dom Joseph Mitsuaki Takami, reitera-se “o apoio da Igreja ao direito a uma existência pacífica, garantida pela Constituição adotada 70 anos atrás”.
Não responder militarmente às ameaças
“A paz não pode ser construída com o poder militar. Por isso, recorro ao governo japonês e às pessoas de boa vontade a fim de que pratiquem um diálogo sincero e duradouro para instaurar a paz na Ásia e no mundo, sem responder militarmente às ameaças de países confinantes ou do terrorismo”, escreve Dom Takami.
Em seguida, a Igreja nipônica recorda os 500 anos da Reforma luterana: um evento que será celebrado em 23 de novembro próximo na Catedral Urakami de Nagasaki. Efetivamente, o lugar de culto acolherá um fórum de diálogo organizado conjuntamente pelos bispos católicos e pela Igreja evangélica luterana do Japão.
Oferecer ao mundo modelo de pacificação
“Nagasaki experimentou a perseguição ao cristianismo e a tragédia atômica do Séc. XX – recorda Dom Takami. Não seria maravilhoso se agora, acolhendo um encontro de oração e de diálogo entre os cristãos, oferecesse também um modelo de pacificação no mundo?”
Ademais, os prelados do País do Sol Nascente olham com preocupação para a lei recentemente aprovada pelo parlamento de Tóquio que pune a conspiração no planejamento de atos terroristas e outros delitos. A nova disposição dá à polícia mandato para prender e monitorar qualquer um, suspeito de estar preparando um crime.
Perigo de sociedade sob vigilância
“Essa lei cria o perigo de uma sociedade sob vigilância que limita os direitos dos cidadãos. No passado, quando o poder estatal violou a liberdade de palavras, de ideias e de credo, o Japão chegou à guerra”, afirmam os bispos.
“É nosso dever deixar a nossos filhos e nossos netos uma sociedade em que os direitos humanos fundamentais, inclusos a liberdade de fé e a dignidade humana, sejam maximamente respeitados, sem se chegar à guerra.”
Prioridade de nações a seus interesses em detrimento da cooperação internacional
“O terrorismo se verifica frequentemente em várias partes do mundo. Mas como as nações dão prioridade a seus interesses, a preocupação é que os países não cooperem para resolver os problemas globais, como o aumento dos refugiados, o tráfico de seres humanos, os abusos e a destruição da Criação”, com graves consequências para as categorias mais vulneráveis, como “as crianças, as mulheres e os anciãos”, reiteram os bispos.
A mensagem conclui-se com o convite à oração e à ação “por uma sociedade justa e pacífica”.
Fonte: Rádio Vaticano