Cidade do Vaticano
Durante um encontro do Movimento Contemplativo Missionário Charles De Foucauld na Itália, encontramos três religiosas que conhecem bem Madagascar. Irmã Lúcia, Irmã Lalla e Irmã Rinalda. Irmã Lúcia festeja nestes dias 60 anos de vida na Comunidade e fica com os olhos brilhando quando recorda os 25 anos passados em Madagascar.
Um povo acolhedor e generoso que espera o Papa
“Sei que já estão se preparando para receber o Papa, certamente será uma festa maravilhosa”, conta. “O povo malgaxe é muito acolhedor de alma caridosa. Recordo quando eu trabalhava no refeitório das crianças, elas eram muito apegadas a mim, de um modo especial. Abraçavam-me nas pernas e apertavam forte. Deram-me muito, sinto ter recebido muito mais do que dei. Tenho tantas saudades que gostaria de estar lá no meio deles quando o Papa chegar”.
Partilha na pobreza
Irmã Lalla é uma jovem consagrada malgaxe, orgulhosa do seu país. Faz parte do pequeno número de Irmãs do Movimento que em Madagascar continua a obra ao lado das missionárias italianas: “Em virtude da sua pobreza este povo tem em si, no seu DNA, o nosso carisma: partilha na pobreza”. Fala das suas origens, veio de uma família pobre e conta que gosta muito de continuar a viver uma vida simples na comunidade: “Desejo que o Papa leve muita esperança para meu povo, tanto na vida diária quanto no compromisso eclesial. Principalmente os jovens – e a nossa Igreja em Madagascar é formada por muitos jovens – que precisam de uma fortaleza que vem somente de Deus”.
Uma vida pelos pobres, encarcerados e leprosos
A missão em Madagascar nasceu em Anatihazo, um dos bairros mais pobres da capital. Eram os anos pós-colônia francesa. Entre os favelados, sem serviços essenciais, com muitas crianças que não frequentavam a escola. Ali nasceu uma pequena escola com refeitório, foi o início. A missão chegou até uma ilhota no Canal de Moçambique onde nasceu em 2002 a Fraternidade de Betânia para testemunhar o amor de Deus acompanhando o crescimento humano e espiritual dos jovens.
Tocar as chagas dos leprosos
Irmã Rinalda desde o início dos anos Setenta viveu no norte de Madagascar, onde o Movimento estava presente, principalmente para prestar serviço aos numerosos doentes abandonados e aos leprosos: “No início não foi fácil, mas com o tempo ficou muito belo. Quando cheguei lá havia muitos leprosos. Hoje existem mais curas. Nosso bispo alegrava-se da nossa presença no leprosário. Quando chegávamos na casa de alguém que estava passando mal, olhavam-nos como se fossemos o sol que iluminava seus corações. Mesmo fazendo pouco, para eles éramos a única presença que podiam esperar”.
Impressiona o olhar de ternura da irmã Rinalda recordando os malgaxes que, mesmo deficiências físicas e obrigados a enfrentar a pé quilômetros e quilômetros para buscar água, sabem oferecer muito: “Recordo que uma vez uma senhora muito pobre comprou dois frangos para fazer uma festa em casa. A nós deu o maior, apesar de ter que alimentar sua numerosa família. Quando se oferece algo deve-se oferecer o que se tem de melhor, dizia. O nosso fundador nos repetia para não darmos aos outros o supérfluo, mas aquilo que custa para nós. E eles são mestres nisso”.