Leiga missionária: “sou mais humana e mais digna depois da missão em Alto Solimões”

A leiga missionária Izalene Tiene foi enviada pelo Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo), em 2012, para a missão em Alto Solimões (AM). Atualmente ela se encontra em Manaus, na secretaria da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), na articulação dos Seminários de Formação sobre a Laudato Si`, programados para os regionais da CNBB e os nove estados da Amazônia Legal, durante 2016-17.

Izalene explicou que hoje, depois de viver na Amazônia, ela se considera mais humana e mais digna.

“Quando em 1º de fevereiro 2012, fui enviada em missão para a diocese de Alto Solimões (AM), na Tríplice Fronteira do Brasil, Colômbia e Peru, manifestei meu desejo de viver no meio do povo amazonense buscando uma inculturação, um aprender na convivência e na inserção numa Igreja que considero profética. Quem envia também recebe, e quem recebe também deve dar, portanto, ao ser enviada, acredito ter fortalecido as Comunidades Eclesiais de Base, a paróquia Divino Salvador e a Igreja de Campinas (SP), que me enviou em missão.

Depois de quatro anos, no final do mês de janeiro 2016, terminando o período da missão, embarquei no Recreio, deixando Tabatinga, passando por Benjamin Constant, olhando Islândia, no Peru e mirando Atalaia do Norte, na Calha do Rio Javari, ficaram muitas lembranças. Retomando o Rio Solimões, passei pelas comunidades ribeirinhas, indígenas e dos povos tradicionais, onde convivemos, onde fui acolhida e fortalecida na fé. Este povo que acredita e vive em comunidades, que festeja seus padroeiros/as, que luta para viver com dignidade, me cativou.

Foram três dias e três noites descendo o rio, e despedindo-me com saudades do tempo de compartilha em Belém do Solimões, São Paulo de Olivença, Amatura, Santo Antônio do Iça e Tonantins. Estas são as paróquias dos municípios que fazem parte da diocese por onde estive, convivi e muito aprendi. O barco continuou passando por outros lugares até chegar em Manaus e eu olhando, me distanciando, mas com muita vontade de ficar.

A experiência missionária no Alto Solimões tornou-me mais humana e mais digna. A dignidade exige que sejamos nós mesmos na relação com o outro/a. E o outro/a na relação conosco. E pensa que é fácil? Viver e conviver com pessoas e situações tão diferentes!? Mas se a dignidade é um olhar, é reconhecimento e respeito do que somos e do que o outro é; nas ‘pontes’ que passei e ajudei a construir, encontrei muito respeito nas relações, nas diferentes realidades e múltiplas culturas.

‘Você vai realizar na missão o bem viver’, falou a irmã Genô, no meu envio. E hoje posso confirmar que participar e colaborar nas comunidades ribeirinhas, nos Kokamas (Comunidade Luis Ferreira), na equipe de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira, no Conselho Municipal da Criança e Adolescente, Pastoral Carcerária, na Proteção Ambiental, foi ajudar a construir pontes para um mundo onde haja lugar para todos/as, que ao mesmo tempo que acontece, ainda é um caminho a percorrer.

Agradeço a todas as pessoas do Projeto da CNBB Igrejas Norte 1 e Sul 1 e a Igreja do Alto Solimões, pela acolhida e apoio. Minha gratidão aos que me acompanharam e ainda participam comigo nesta caminhada missionária. Continuarei em missão na Igreja Amazônica, agora colaborando na Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), no Comitê Nacional Brasil”.

Com informações do Regional Sul 1 da CNBB

 

Fonte: POM

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