Nesse tempo difícil em que nos encontramos atravessando uma epidemia e que nos é recomendado ficar em casa e, inclusive, e, para evitar aglomeração e contaminação, não irmos nem na Igreja para participar da celebração da Santa Eucaristia, somos convidados a rezar de casa mesmo, somos convidados a aproveitar bem o tempo disponível em nossa igreja doméstica.
Existem diversas orações que podemos fazer para estarmos mais perto de Deus, como a oração do terço ou do rosário, acompanhar a Missa pela Televisão (e que a nossa atitude durante a santa missa televisionada deve ser de como estivéssemos no templo, na Igreja, ou seja, vamos rezar como rezaríamos como estivéssemos participando dentro de uma Igreja) e a leitura orante da Palavra de Deus ou seja a Lectio Divina. Essa leitura orante ou pode ser feita você sozinho ou reunir a sua família em casa para fazer, como por exemplo, o círculo bíblico.
Para fazer a Lectio Divina é bom estar num lugar em silêncio, pedir a Luz do Divino Espírito Santo para entender aquilo que será meditado, ter uma postura corporal confortável. Abrir a Sagrada Escritura no trecho a ser meditado, ler uma primeira vez e guardar silêncio para que aquele texto possa penetrar na sua mente e entrar no seu coração. Depois ler o texto uma segunda vez, fazer novamente uma pausa e em seguida pegar as frases que mais lhe chamaram a atenção no texto e repeti-las ou escrever num papel, se estiver em grupo cada um fale a frase que mais lhe chamou a atenção. E por fim, leia o texto mais uma vez, a fim de que aquelas palavras que mais lhe chamaram a atenção na meditação possam ser melhor compreendidas na terceira leitura. Depois da leitura vem a meditação que deve chegar à oração em torno do tema que nos levará à contemplação ou nova visão de vida.
A Lectio Divina não deve ser feita correndo ou de maneira rápida, mas deve durar ao menos trinta minutos.
A Lectio Divina é um exercício de escuta pessoal da Palavra de Deus. Funciona como uma escada de quatro degraus espirituais: Leitura, Meditação, Oração, Contemplação. Sendo que os degraus são mais para a compreensão, pois o Senhor, na liberdade do seu Espírito, pode elevar à oração e à contemplação no momento que lhe aprouver. É preciso, portanto, estar aberto à ação do Espírito Santo.
Como podemos observar a Lectio Divina deve ser acompanhada da Oração, através dela deixar o Divino Espírito Santo agir, para podermos entender e compreender o texto que temos diante dos olhos. A partir da meditação e compreensão da Palavra de Deus começa a nossa “Missão”, de anunciar aos outros aquilo que eu li e compreendi da Palavra de Deus, muitos que se encontram triste e desanimados, ainda mais nesses tempos difíceis em que estamos passando podem se animar, e ter novamente uma esperança de dias melhores. É claro que devemos fazer essa missão de acordo com as orientações de hoje, como por exemplo, pelas mídias digitais, mensagens e telefonemas para quem não está na mesma casa em afastamento social.
Diante do momento atual, temos que dispor dos diversos meios que podemos usar para comunicar a Palavra de Deus para aqueles que mais necessitam, seja pelo telefone ou pela internet. Devemos usar esses meios para melhorar a nossa vida e, também, daqueles que precisam.
A Lectio Divina é uma oração antiga na Igreja, vem desde os tempos dos apóstolos. Na Missa (e em todos os sacramentos), sempre encontramos a mesa da Palavra, que é o Senhor nos falando ao coração quando nós ouvimos as leituras que nos foram propostas e depois acolhendo a reflexão sobre as mesmas na homília do presbítero.
O próprio Jesus quando se encontra com os discípulos de Emaús, faz uma Lectio Divina com eles, primeiro explica para eles toda a Escritura Sagrada e o que estava escrito a respeito dele e em seguida parte o pão para eles e o coração deles se abrem e compreendem tudo aquilo que deveria ter acontecido com Jesus, que ele deveria ressuscitar dos mortos.
Poderíamos, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2020, usar a Parábola do Bom Samaritano (texto de Lucas 10,25-37) como Lectio Divina. “Um samaritano que passava, ao ver o homem, sentiu compaixão. Essa compaixão nasceu do seu modo diferente de olhar, do seu modo diferente de perceber aquela realidade. Essa compaixão o levou a se aproximar do homem, gastar tempo, modificar parcialmente sua viagem, tudo para não ser indiferente com aquele que sofria diante dele. Os cuidados práticos descritos na parábola são emergenciais: desinfeta as feridas com vinho e alivia a dor com óleo, costumes daquele tempo; transporta o homem até a hospedaria e paga as despesas de sua estada. A postura inesperada do samaritano contém o centro do ensinamento de Jesus: o próximo não é apenas alguém com quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos aproximamos. É todo aquele que sofre diante de nós. Não é a lei que estabelece prioridades, mas a compaixão que impulsiona a fazer pelo outro aquilo que é possível, rompendo, dessa forma, com a indiferença. A fé leva necessariamente à ação, à fraternidade e à caridade. A vida nos traz oportunidade de concretizar a fé em atitudes bem específicas. Para perceber os outros, principalmente em suas necessidades, não bastam os conceitos, mas, sim, a compaixão e a proximidade. Não se deve questionar quem é o destinatário do amor. Importa identificar quem deve amar e não tanto quem deve ser amado, pois todos devem ser amados, sem distinção. Não importa quem é o próximo. Importa quem, por compaixão, se torna próximo do outro”(Lc 10,36)(Texto Base da Campanha da Fraternidade números 7,8 e 9).
Vamos estar em sintonia com a Igreja no Brasil, neste tempo de retiro e de “quarentena”, e não cansar de refletir sobre o valor da vida humana e da sua preservação desde a concepção até o termo natural. Valorizar a nossa vida, nos resguardando dos momentos difíceis em que vivemos, é uma adesão ao projeto de Cristo: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância!” (cf. Jo 10,10)
Façamos neste tempo a leitura orante da Palavra de Deus, para que por meio da ação do Divino Espírito Santo compreendamos ainda mias o amor de Deus em meio a esse momento de Crise. Em consonância com o que pede a Campanha da Fraternidade 2020 que tem como Tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. E como Lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”(Lc 10,33-34). Vamos manter a Igreja “viva”, mesmo que seja das nossas casas, autênticas e verdadeiras “Igrejas Domésticas”. “Deus é bom o tempo todo, todo tempo Deus é Bom. ”