JESUS, SENHOR DO MUNDO

    Jesus, mostrando ainda uma vez o quando era admirado por aqueles que tinham ouvido falar dele, foi objeto de especial atenção dos gentios, como eram chamados genericamente os gregos iniciados no judaísmo (Jo 12.20-35). Estes no templo só podiam ficar no átrio a eles reservado. Alguns deles, porém, queriam conversar com Jesus Pediram então a mediação de André e Felipe: “Queremos ver Jesus”. Eram, na verdade, pessoas que tinham vindo a Jerusalém por ocasião das festas e que tinham fome do Deus verdadeiro. O Mestre não respondeu diretamente, à solicitação, mas estabeleceu um princípio que bem contradiz o modo de pensar e de agir do mundo. Ele, Senhor deste mundo ia ser glorificado, mas a primeira condição, a fim de O encontrar, seria aceitar e compreender a sua paíxão, morte e elevação numa cruz como o Salvador enviado do Pai. À primeira vista, a resposta de Jesus pode parecer enigmática, mas tem uma expressão chave a ser aprofundada: “Chegou a hora em que o Filho do Homem deve ser glorificado”. Tudo focalizado na “sua” hora. A hora de Jesus para São João, não era somente um momento principal, a fase decisiva da redenção da humanidade, a passagem solene que fez Jesus ir até o Pai em nosso nome, o momento no qual o Filho do Homem devia ser aclamado, mas isto passando pelo vale tenebroso da morte. Neste texto joanino, portanto, a hora de Jesus engloba a entrada no sofrimento, toda a sua paixão, toda sua morte e ressurreição, glorificação junto do Pai e, até mesmo, o dom do Espírito Santo aos Apóstolos. Deste modo, portanto, se pode entender como foi a resposta de Jesus aos gregos: “Vós me procurais? Pois bem, sabei, porém, que por vós, os Gregos, como para os Judeus, eu serei um Messias crucificado”. No dizer de São Paulo, escândalo para os Judeus, loucura para os pagãos! Conforme seu costume, Jesus ilustra tudo isto com uma parábola “Se o grãó de trigo lançado na terra não morrer, fica só, ou seja um simples grão, bem seco, intacto, porém estéril, mas, se morrer, produz abundante fruto”. Nesta parábola se destaquem dois aspectos. Um deles mostra que a morte de Jesus seria fecunda e permitiria o acolhimento dos Gregos   juntamente com os Judeus em sua barca salvadora, numa só comunidade, numa só igreja A outra concerne diretamente aos seus seguidores, ou seja, quem ama sua vida, quem endeusa sua existência, está prestes a se destruir, caso venha a desprezar a vida eterna. A postura do cristão neste caso é decisiva e Jesus dirá claramente que ninguém pode amar a dois senhores. Trata-se de uma questão de coerência. Não se trata de uma atitude psicológica, masoquista ou depressiva, mas simplesmente de amar a vida de Deus e de viver aqui na terra conforme a vontade divina para poder estar eternamente com Ele. O cristão, testemunha de Jesus, não deve cessar de viver e de construir comunitariamente com todos os irmãos, e dado que não vive mais para si mesmo, um Outro vive nele, o qual  é, aliás, proprietário de todas as suas alegrias, de todas as suas forças, de todos os seus desejos e este Outro é Aquele que morreu na terra como primeiro grão de trigo, aquele que o amou e se sacrificou por ele. Deste modo, o cristão não deve se prender à própria vida, não pode se destruir, suicidar-se, matar em si as riquezas da inteligência ou do coração, da alma e do corpo.  Precisa, isso sim, é começar a viver em função de Jesus, em função unicamente de Deus. Cumpre é entregar, desde agora, sua vida a Jesus para que ela se torne origem e fruto, após ter se desabrochado numa existência de serviço aos outros. Tal a orientação Jesus: “Se alguém quer me servir, que ele me siga e lá onde eu estiver, lá também estará meu servidor”. Tudo confluindo numa comunidade, cujo destino é Jesus, que amplifica, unifica, vivifica todas as ações humanas. É que com Jesus é que devemos fazer tudo conforme os desígnios divinos. Podemos, desta forma, compreender em plenitude o que Cristo afirmou “Eu quando for levantado da terra, atrairei todos a mim”. Presente na Eucaristia, Ele vem recebendo através dos séculos as mais sinceras homenagens de milhares de fiéis, Ele o eterno conviva de Emaus, ao longos dos dias, Ressuscitado, Ele conduz aqueles que Lhe são leais. Um dia no Cenáculo Ele tomaria o pão e o consagraria e olhos humanos passariam, pela fé, a crer na sua admirável presença, chama iluminada na qual nosso coração percebe a verdadeira felicidade. Estrela da derradeira manhã, despertaria nos corações, através de seu imenso amor, a grandiosa esperança de seu retorno um dia para julgar os vivos e os mortos. Ele o Messias vencedor, rei e sumo sacerdote, Deus ressuscitado dos mortos, possuidor de uma glória eterna, pois o Pai deu-lhe um cetro de força invencível e Ele domina todas as forças do mal, Ele que é o Senhor repleto de poder e majestade.

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