Jesus, o pão da vida, nos dá a vida plena!

    A liturgia do 19.º Domingo do Tempo Comum reitera a eterna preocupação de Deus em oferecer aos seus filhos, de forma gratuita, Vida abundante e verdadeira. Esse “dom” da Vida, concretizado em cada passo da história da salvação, atinge o seu momento culminante quando Jesus incarnou na nossa história e nos ofereceu o “pão” de Deus.

    A primeira leitura – 1Rs 19,4-8 – mostra como Deus fica ao lado do profeta Elias, perseguido pela rainha Jezabel por causa da sua fidelidade e do seu testemunho. Ao oferecer ao profeta “pão cozido sobre pedras quentes” e uma “bilha de água”, Deus mostra a sua solicitude, o seu cuidado, a sua bondade, o seu amor nunca desmentido. O alimento que Deus oferece reconforta o profeta, restaura-lhe as forças, fá-lo voltar, com entusiasmo e ardor renovado, ao caminho e à missão. Todos sabemos que as grandes personagens bíblicas também tiveram fraquezas e desânimos. Elias – que já não via sentido em viver – é uma delas. Perseguido e ameaçado de morte pelo poder, o profeta tem que fugir para o deserto, onde é alimentado pelo anjo e, com isso, adquire forças para continuar seu caminho e missão. Elias como que refaz a experiência de Israel pelo deserto: em meio ao desânimo e ao murmúrio, Deus o alimenta para seguir em frente. O Senhor dá força e ânimo a quem se propõe ser seu parceiro da vida.

    O Evangelho – Jo 6,41-51 – apresenta Jesus como o “pão” vivo que desceu do céu para trazer Vida a todos os filhos e filhas de Deus. Para que esse “pão” seja, para nós, fonte de Vida eterna, temos de “acreditar” em Jesus. “Acreditar” é aderir a Jesus, acolher as suas propostas, abraçar o seu projeto, assumir o seu estilo de vida, segui-l’O no “sim” a Deus e no amor aos irmãos. Os adversários não se conformam que Jesus, mortal como eles, seja a encarnação de Deus, por isso murmuram, da mesma forma que Israel murmurou no caminho do deserto rumo à conquista da liberdade. A murmuração indica incredulidade e incapacidade de descobrir a ação divina na história. O Mestre tenta convencê-los de que é o “pão vivo descido do céu” e quem o comer terá a vida eterna, plena, autêntica. Seus adversários, porém, não conseguem entender que suas palavras comunicam a avida nem ver nele a ação do Pai. Somos convidados pelo Evangelho a fazer a experiência profunda de Deus, desejo de todo verdadeiro cristão.

    A segunda leitura – Ef 4,30-5,2 – mostra-nos as consequências da adesão a Jesus, o “pão” da vida. Quem acredita em Jesus e adere à proposta que Ele faz, torna-se Homem Novo. Renuncia à vida velha do egoísmo e do pecado e passa a viver no amor, a exemplo de Cristo. Somos chamados a abrir espaço para que o Espírito Santo em nós. Ele se manifesta em gestos de bondade, compaixão e perdão. Ajuda-nos a eliminar em nós tudo o que nos impede de viver como fiéis seguidores do Mestre. Sufocamos o Espírito Santo quando damos a liberdade aos vícios, que atrapalham a vivência comunitária. Como discípulos de Jesus, cabe-nos atender ao chamado para viver como ele viveu: fazendo o bem, amando e perdoando.

    Para chegar até Jesus, é preciso deixar-se guiar pelo Pai do céu. Se os judeus se recusam a fazer isso, não têm como acreditar na origem divina de Jesus. Ele é o autêntico intérprete de Deus, superando os profetas do passado. A expressão “Jesus, pão da vida”, mais do que ressaltar o aspecto da duração, aponta para a qualidade da vida. Jesus torna-se pão vivo para animar e fortalecer a caminhada da comunidade e das pessoas que acreditam nele.

    Alimentar-se do pão da vida é algo que se iniciada com a comunhão do pão consagrado na missa, mas não se reduz nem se esgota no ato de comungar. Comungar a hóstia é disposição de entrar em comunhão não apenas com Deus, mas também com a comunidade e com os irmãos e irmãs que comungam o mesmo corpo. Sempre solidário conosco, Jesus se revela como o pão indispensável para a manutenção do que é essencial em nossa vida cristã. A Eucaristia tem a força de formar em nós um coração de filhos e filhas dispostos a viver no amor!

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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