Jesus nos ensina a produzir bons frutos de paz e de justiça!

    A liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem da “vinha de Deus” para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.

    Na primeira leitura – Is 5,1-7 –, o profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua “vinha”. Esse amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de egoísmo e de injustiça… O Povo de Deus tem de deixar-se transformar pelo amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia – a justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança. O “cântico da vinha” denuncia que os governantes desonestos são como vinha que produz “uvas azedas” de injustiça, violência e exploração dos pobres. Trata-se de um hino que revela a justiça e a fidelidade de Deus para com seu povo, mesmo que este nem sempre corresponde com bons frutos. A leitura é uma denúncia contra a exploração dos mais fracos e um convite ao povo para que seja fiel a Deus.

    No Evangelho – Mt 21,33-43 –, Jesus retoma a imagem da “vinha”. Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.

    A primeira chave de leitura para a boa aproximação à parábola dos vinhateiros homicidas é localizá-la no contexto em que o Evangelista a inseriu. A parábola dos dois filhos – Mt 21,28-32 – do domingo passado – e a parábola do banquete de casamento – Mt 22,1-14 – do próximo domingo – antecedem e sucedem, respectivamente, a parábola que contemplamos hoje. Apresentando todo o itinerário da história da salvação, nestas parábolas, destaca-se a obstinada rejeição da redenção divina pelos líderes religiosos de Israel. Na primeira parábola, João Batista foi rejeitado e, na terceira, os discípulos missionários cristãos. Na passagem que ouvimos hoje, claramente, os líderes, não todo o Israel – a vinha do Senhor – rejeitam os profetas antigos e, agora, o Filho de Deus, Jesus. Uma segunda chave de leitura, encontramos na Primeira Leitura e no Salmo Responsorial. Ali está dito que a vinha do Senhor é a casa de Israel. Na parábola-alegoria, no entanto, não há, como na leitura, promessa de destruição da vinha. Ao contrário, a vinha será retirada daqueles vinhateiros maus – os líderes do povo – Mt 21,43.45) e entregue, pelo Filho Ressuscitado, a outros vinhateiros, que produzam frutos doces e dignos da vinha do Senhor, o Reino de Deus. Quem são estes outros vinhateiros que formarão um povo santo, produtor dos frutos do Reino? Trata-se da Igreja – enquanto “nação santa” (1Pd 2,9), composta tanto de judeus quanto de pagãos: a comunidade universal dos discípulos de Jesus, que o acolhe como a “pedra angular”, a sua “coluna de sustentação”!

    Na segunda leitura – Fl 4,6-9 – , São Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos – e todos os que fazem parte da “vinha de Deus” – a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua “vinha”. São Paulo escreve da prisão a uma comunidade que enfrenta adversidades, convidando-a à confiança no Senhor mediante a oração, momento privilegiado de experiência de Deus. A comunidade deve estar aberta para acolher também os valores humanos, que edificam a vida. A fidelidade ao Evangelho é como que o norte do(a) discípulo(a) missionário(a) de Jesus.

    Jesus nos ensina a produzir bons frutos de paz e de justiça. Em suma a liturgia deste domingo nos convida a produzir, por Cristo, com Cristo e em Cristo frutos bons! Jesus, com a parábola dos vinhateiros, deixa claro que o Reino de Deus não é propriedade e privilégio de um clube seleto. Ele é oferecido a todos os que estejam dispostos a cultivar um mundo novo. O céu começa quando não damos espaço ao ódio e sabemos dialogar e respeitar as diferenças. Jesus é nosso modelo a seguir. Em meio a uma realidade marcada por discórdias, ele nos fortaleça e nos ajude a produzir frutos de amor para a salvação do mundo!

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