Jesus nos dá a vida autêntica!

A liturgia do quinto Domingo da Páscoa fala-nos de Jesus como a fonte da Vida autêntica. Os discípulos de Jesus, unidos a Ele, bebem d’Ele essa Vida e testemunham-na em gestos concretos de amor. É assim que a proposta de Vida nova de Deus alcança o mundo e a vida dos homens. Jesus se revela como “a videira verdadeira”, chamando-nos a permanecer no seu amor. Somos os ramos que, pela sua força vital, podemos produzir frutos.

No Evangelho – Jo 15,1-8 – Jesus, em contexto de despedida, apresenta-se aos discípulos como “a verdadeira videira” e convida-os a permanecerem ligados a Ele para receberem d’Ele Vida. Jesus (a videira) e os discípulos (os ramos) produzirão frutos bons, os frutos que Deus espera. Enquanto se mantiverem unidos a Jesus, os discípulos serão testemunhas verdadeiras, no meio dos homens, da Vida nova de Deus. Na alegoria da videira, de maneira bem profunda, sobre a origem de nossa fé e a fonte de nossa vida cristã. Enquanto cristãos, estamos enxertados em Cristo, videira verdadeira, fonte de vida e alimento da fé. Como os ramos são prolongamentos e frutos da própria videira, devemos, cada vez mais, assemelhar-nos a Cristo, razão de nossa fé. Entre outros aspectos, o texto de hoje, então, nos desperta a um compromisso: a fé celebrada deve ir lapidando nosso modo de ser no mundo e de nos relacionar com as pessoas.

A primeira leitura – At 9,26-31 –, a pretexto de nos contar a inserção de Paulo de Tarso na comunidade cristã de Jerusalém, lembra-nos que a experiência cristã é um caminho feito em comunidade: é no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa fé nasce, cresce e amadurece. A comunidade cristã deve ser uma casa de portas abertas, onde todos têm lugar e onde todos podem fazer, de mãos dadas com os outros irmãos, uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado. Por causa de sua vida pregressa de perseguidor, Paulo encontra resistência para se integrar ao grupo dos discípulos. Graças à solidariedade de Barnabé, ele é apresentado aos apóstolos e estes são informados sobre a mudança de vida ocorrida no caminho de Damasco. As almas generosas presentes nas comunidades são capazes de evitar a exclusão de pessoas de boa vontade, pois o preconceito, muitas vezes, pode provocar sua marginalização. Uma comunidade iluminada pelo Espírito tende a ser comprometida com as causas do Reino de Deus.

A segunda leitura – 1Jo 3,18-24 – lembra que na base da vida cristã autêntica está o “acreditar em Jesus” e o amar os irmãos “como Ele mandou”. São esses os “frutos” que Deus espera de todos aqueles que estão unidos a Cristo. Se testemunharmos em gestos concretos o amor de Jesus, estamos unidos a Jesus e a vida de Jesus circula em nós. São João sintetiza para nós o mandamento de Deus: “que creiamos no nome do Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu”. Com a Ressurreição de Jesus, o amor passa a ser o distintivo do cristão. Por isso, é necessário amar “não só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade”. O amor, na Escritura, é operativo: realiza e transforma a realidade e a vida das pessoas. O amor nos distingue enquanto cristãos e sua prática nos leva à proximidade de vida com Jesus.

Jesus é a Videira da qual recebemos a seiva do Espírito que nutre a nossa vida cristã. Vivendo em Cristo, tornamo-nos ramos sadios e aptos para produzir frutos.  Somos chamados a dar bons e abundantes frutos, à semelhança do Mestre de Nazaré. Quando isso não acontece, ela precisa passar pela poda, para eliminar tudo o que impede uma autêntica vida cristã. Nosso Pai será glorificado à medida que nos tornamos videiras viçosas que produzem frutos de amor e de solidariedade. Só o amor fraterno, unido a Cristo como ramos nos faz assemelhar à Videira do Ressuscitado!

+ Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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