Jesus ensina com autoridade e expulsa os demônios!

    A liturgia do 4.º Domingo do Tempo Comum reafirma a irreversível decisão de Deus de oferecer aos homens, em cada passo do caminho que percorrem na história, a Vida e a salvação. Os textos bíblicos que neste domingo nos são servidos mostram algumas das estratégias de que Deus se socorre para vir ao encontro dos homens e para lhes apresentar os seus desafios e propostas.

    A primeira leitura – Dt 18,15-20 – propõe-nos – a partir da figura de Moisés – uma reflexão sobre a missão profética. O profeta é alguém que Deus escolhe, chama e envia para ser a sua “palavra” viva no meio dos homens. Através dos profetas, Deus apresenta-nos, em linguagem que entendemos, as suas indicações e propostas. O profeta é visto como o mediador entre o Senhor e o povo e como alguém capaz de ler o presente com um olhar iluminado pela luz divina. Por isso, ele deve falar em nome de Deus, acolhendo as palavras que dele recebe. Em nossos dias, como fazem falta autênticos profetas comprometidos com o projeto de Jesus.

    O Evangelho – Mc 1,21-28 – mostra como Jesus, o Filho de Deus, com a autoridade que lhe vem do Pai, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte. Jesus, no Evangelho de hoje, vai ao coração físico e espiritual da religião judaica: Sinagoga, lugar sagrado; no sábado, dia sagrado. Ali, como Profeta poderoso, em obras e palavras, ensinava com autoridade, causando admiração e espanto entre os ouvintes. Há um contraste apresentado pelo Evangelista: Jesus ensinava como o Profeta, em autoridade, e não como os mestres da Lei, os entendidos da Lei Mosaica. Estes últimos tinham a autoridade para ensinar na Sinagoga os preceitos da Lei, no caso, a Lei do Sábado! Mas, é justamente ali, naquele lugar sagrado que o espírito imundo (um demônio) está sob posse de uma pessoa. Não parece uma contradição? No entanto, Jesus, o Messias, Profeta maior que Moisés, além de seu ensinamento, exerce pela primeira vez, no Evangelho de Marcos, a expulsão do maligno. O espírito mau reconhece o poder e a autoridade de Jesus e, acima de tudo, a sua identidade. Os espíritos maus, à diferença das personagens humanas, sabem desde o início que Jesus é o Messias, Filho de Deus. O segredo de “quem é Jesus” e o mistério do Cristo Servo será revelado lentamente ao longo da narrativa evangélica até atingir o cume na declaração de Pedro e do Centurião, para que o leitor o acolha em seu aspecto divino, mas também naquele de sua humanidade, de seu sofrimento e morte. O eixo condutor deste episódio é o da “autoridade” de Jesus, que se apresenta em seu ensinamento e, sobretudo, em sua força divina e misteriosa de libertar quem está “aprisionado” pelo mal.

    A segunda leitura – 1Cor 7,32-35 – convida os batizados a repensar as suas prioridades e a não deixar que as realidades transitórias sejam impeditivas de um verdadeiro compromisso com as realidades perenes, nomeadamente o serviço de Deus e dos irmãos. Paulo procura mostrar que cada pessoa precisa se preocupar com aquilo que escolheu. As duas opções – pela consagração ao serviço do Evangelho e pela vocação à vida familiar – têm seu valor. O apóstolo não impõe nada a ninguém, limita-se apenas a dar um conselho. Suas palavras ensinam que, seja qual foro estado escolhido, a pessoa não deve ser descuidar do interesse por Deus.

    Jesus veio para revelar o projeto de Deus: todo ser humano deve ser libertado das amarras do inimigo, o qual por vezes se mostra conhecedor de quem é Jesus, na tentativa de manter as pessoas sob controle, alienando-as e escravizando-as. Jesus revela o absoluto de Deus no mundo. O mal não tem vez. Poderoso só há um Deus. Seu Filho veio devolver à humanidade a vida e a liberdade perdidas! Jesus continua ensinando com autoridade e expulsando os demônios!

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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