JANEIRO BRANCO, A SUTILEZA DO OLHAR.

O fervilhar das multidões nos centros das grandes metrópoles nos mostra um cenário assombroso, no vai-vem frenético dos carros e pessoas. Tudo isso, toda essa multidão inquieta, cada um na busca da realização de seus objetivos,  nos põe a pensar: Qual será o sentido da vida? Seríamos nós seres humanos, uma raça terráquea ou seres androides?  Somos  “gente” ou seres robóticos, revestidos de peles sintéticas imitando o “homo sapiens”?.

Existe um prazo de validade para os humanos. Sua composição genética – que é um milagre da existência – exige um grau de consciência e maturidade, revelando o lado da fragilidade e da vulnerabilidade na sua formação e na constituição de sua estrutura.  A cultura do corpo não está dissociada da integração e interação da alma no aparelho bio-social-psíquico e espiritual do ser humano. Se, ao analisarmos  a criatura humana,  não levarmos em conta o desempenho de sua escultura artística, a análise deixará a desejar… O destaque ficará no aparente, nos critérios do “belo e fascinante”, no aspecto  externo, que esconde  a vulgaridade animalesca e brutal que, extravasada, escancaradamente deixa à mostra as paixões perversas, reino  dos demônios atrozes, que habitam nos porões da psique.

Janeiro Branco é um movimento para o despertar da alma, encerrada e acorrentada nas crendices e superstições, conceitos punitivos implantados  pelos ancestrais. Heranças pessimistas e ideologias perversas que mantêm mentes e corações subjugados, à mercê de promessas apocalípticas, ansiosamente clamando por libertação. .

Esse aprisionamento da alma no cárcere do corpo acorrentada (A alma é a forma do corpo), gera um turbilhão de emoções e pensamentos, que ensejam  o surgimento de uma infinidade de enfermidades psicossomáticas, que vêm, desse modo, alterar  o sentido da vocação do homem e da mulher neste mundo. O ser humano é criado para a Glória de Deus, e traz dentro de si o DNA do Deus Amor, do Deus da Vida, a semente da imortalidade e da plenitude.

Quando o amor é confundido e corrompido pelas paixões desordenadas, os sentimentos e as emoções, agora desfigurados, perdem na sua essência a razão de ser.  O sofrimento age então como elemento desintegrador,  alterando toda a razão e valor da existência. É de se concluir que, quando se ignora o valor da espiritualidade na sua estrutura biopsíquica social e religiosa, a pessoa passa do nível do viver para o  vegetar, da alegria para a tristeza, da fé para a incredulidade, do ânimo para a letargia. Enfim, da vida para a morte.

Vivemos numa sociedade indiferente. aos reais valores, anestesiada pelo materialismo e consumismo. Convive com uma infinidade assombrosa de informações e narrativas, tornando-a refém e antenada aos valores do mundo que, sem trégua, martelam em sua mente, essa sua tirana ideologia.

O ideal de vida, longe dessa influência maléfica é vivermos hábitos saudáveis, relaxados, em perfeita harmonia no contato com a fauna, a flora e as belezas da natureza, num relacionamento enriquecido da compaixão, do respeito, da satisfação. O pecado (leia-se desequilíbrio comportamental). porquanto tudo escraviza é a causa das doenças e das enfermidades do corpo e da alma e, em última análise, da destruição perversa da dignidade do “sêr pessoa”.

Hoje um grande contingente da sociedade se encontra enfermo e seduzido  pelos remédios, terapias e lazares paliativos. A lei é descansar para produzir e consumir.  Aproveitar enquanto se é jovem e se tem saúde. Depois, sei lá!. Cuidar da vida: esse é o primeiro e fundamental dever que cada pessoa tem para consigo mesmo. A alma humana, uma vez entristecida e desanimada, altera o processo biológico e faz o corpo enfraquecer e adoecer.  O Espirito Divino que nos foi dado e habita em nós, nos move para sempre seguirmos em frente, nos encorajando e nos ensinando a superar os desafios e intempéries que surgem ao longo do caminho. Nos inspira a prosseguir com esperança, determinação, no exercício contínuo e intransigente do Bem.

Janeiro Branco é um sinal de alerta para chamar nossa atenção para o valor da vida, para a importância da saúde mental. Todos somos responsáveis na construção da Cultura da Vida. Quanto mais um país e seu povo assumem a responsabilidade de lutar por melhores condições de vida em todos os sentidos, tendo a norteá-los os princípios e direitos fundamentais da pessoa humana, mais esse pais e povo caminharão para a perfeita realização de uma sociedade saudável e feliz.

Essa tarefa é de todos nós, cidadãos, mas, ainda mais e principalmente, dos políticos e governantes, homens e mulheres que detêm o poder de decisão.  A Máquina Pública deve, através de projetos de leis e politicas públicas, promover ações concretas e eficazes que garantam ao povo uma ideal qualidade de vida, assistida desde a gestação à idade senil.

Janeiro Branco é o inicio de um novo ano e de uma nova etapa no ciclo da vida, fazendo-nos lembrar que a Vida é um dom. Um presente que nos é oferecido, e que, portanto, cabe a nós deixarmo-nos docilmente ser tocados     pela máxima de Jesus, o maior Encantador da Vida:  ”Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. .

Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio

Arquidiocese de Campinas–SP

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