Ir às fontes de uma missão que não é obra nossa

Com sua Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, o Papa adverte contra certas patologias que correm o risco de distorcer a atividade missionária, obscurecendo a ação da graça.

ANDREA TORNIELLI

A mensagem do Papa Francisco às Pontifícias Obras Missionárias é um texto forte, concreto em suas indicações, que indica a única fonte real da ação missionária da Igreja e ao mesmo tempo quer evitar, chamando-as pelo nome, algumas patologias que correm o risco de distorcer a própria missão.

A missão, explica Francisco, não é fruto da aplicação de “sistemas e lógicas mundanas de militância ou da competência técnico-profissional”, mas nasce da “alegria transbordante” que “o Senhor nos dá” e que é fruto do Espírito Santo. É uma graça, essa alegria que ninguém se pode dar sozinho. Ser missionário significa reverberar o grande e imerecido dom recebido, isto é, refletir a luz de Outro, como a lua faz com o sol.

“As testemunhas”, escreve o Papa, “em toda situação humana, são aquelas que atestam o que é feito por outra pessoa. Neste sentido e somente neste sentido podemos ser testemunhas de Cristo e do Seu Espírito”. É aquele mysterium lunae caro aos Padres da Igreja dos primeiros séculos, que haviam deixado claro que a Igreja vive instante após instante da graça de Cristo. Como a lua, também a Igreja não brilha com sua própria luz e quando ela olha demais para si mesma ou confia em suas próprias capacidades, ela acaba sendo autorreferencial e não dá mais luz a ninguém.

A origem desta mensagem é o conteúdo da exortação Evangelii gaudium, o texto que traçou o caminho do atual pontificado. Francisco recorda que o anúncio do Evangelho e a confissão da fé cristã são algo diferente de qualquer proselitismo político, cultural, psicológico ou religioso. A Igreja cresce no mundo por atração e “se você segue Jesus feliz por ser atraído por Ele, outros notarão isso. E eles podem se surpreender”.

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