No começa do ano passado, a crise surpreendeu. No começo deste ano, a crise assusta. Ela vem se mostrando muito mais arraigada do que parecia. Ela tem dimensões mundiais, mas tem incidências bem específicas no Brasil.
O sintoma mais evidente de que o mundo passa hoje por uma crise profunda, são as massas impressionantes de refugiados, migrantes e outras vítimas dos numerosos conflitos regionais, que persistem também como sinal da inoperância e esgotamento dos organismos supra nacionais, a começar pela ONU, incapazes de imprimir um mínimo de eficácia nas suas tentativas de intervir nas situações que mais necessitariam de mediação adequada para resolver problemas.
Tudo isto nos dá a triste impressão da inexorabilidade de conflitos fratricidas, expostos às mais terríveis práticas de violência, como são por exemplo os atentados terroristas planejados e executados pelo Estado Islâmico.
Esta situação traz à tona conflitos antigos, como os existentes em toda a região do Oriente Médio, com suas históricas desavenças de ordem geográfica, cultural, política e religiosa.
As manobras políticas, traduzidas facilmente em componentes econômicos, dada a grande riqueza de petróleo existente naqueles países, mas também pelas novas descobertas de abundantes jazidas de gás, tudo isto alimenta conflitos, que acabam tendo repercussões mundiais, sobretudo quando se faz da riqueza do petróleo o instrumento de manobra de interesses particulares. E´ evidente, por exemplo, que a surpreendente queda dos preços do petróleo, em grande parte, é fruto do conflito entre a Arábia Saudita e o Irã. Esta política desarranja a estratégia da Petrobras, acrescentando assim mais um componente à crise econômica do Brasil.
A complexidade da situação no Oriente Médio pode ser auferida pela coincidência dos recentes tratados entre o Irã e as nações detentoras de armamento atômico, simultaneamente com o agravamento das relações entre o Irã e a Arábia Saudita. Melhora de um lado, piora de outro. E as tensões permanecem.
Bem continua advertindo o Papa Francisco, alertando que a terceira guerra mundial já pode estar começando, localizada por enquanto, mas dotada de perigosos ingredientes de propagação.
Quanto ao Brasil, a interrogação maior é sobre a persistência da crise econômica, e sua perspectiva de aprofundamento. Não há dúvida que a crise econômica da China pode se agravar, e ter conseqüências muito mais profundas.
Mas independente das conseqüências de ordem mundial, cada país precisará fazer ajustes muito amplos. O que só poderá acontecer como fruto de consensos políticos bem claros e comprometidos.
Temos pela frente, indiscutivelmente, a perspectiva de uma crise muito profunda e perigosa. Neste contexto, a questão a conferir é ver se a crise econômica vai levar a um entendimento político, ou vou agravar ainda mais a crise política, comprometendo ainda mais a situação econômica do país.
Já teríamos motivos mais do que suficientes, para deixar de lado as intrigas políticas, e partirmos para uma postura mais responsável e mais comprometida de todos, em primeiro lugar dos responsáveis pela administração pública.
Do jeito como caminham as coisas, o Brasil não sustentará mais a crise econômica, junto com a irresponsabilidade política.
Com toda a certeza, neste ano de 2016 o Brasil precisará reencontrar o caminho da superação dos seus problemas. A hora é agora, antes que seja tarde!