Igreja no Brasil deve fortalecer apoio evangelizador em projeto de solidariedade na Guiné Bissau

O trabalho de apoio à ação evangelizadora na Igreja em Guiné Bissau deve continuar no âmbito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Após visita do assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Missionária e a Cooperação Intereclesial da entidade, padre Antônio Niemiec, ao país africano, foram apresentadas algumas demandas, como o pedido de livros de Filosofia e Teologia, os quais devem auxiliar na formação dos padres daquela região, dentro do “Projeto de Solidariedade entre as Igrejas do Brasil e da Guiné Bissau”, firmado em 2006.

Padre Antônio Niemiec, à esquerda | Foto: CNBB/Daniel Flores

Padre Antônio Niemiec esteve por 45 dias na Guiné Bissau, entre os meses de dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. Na oportunidade, encontrou-se com os três bispos do país e tratou das propostas sugeridas no Brasil para apoio e escutou as demandas locais.

O pedido que foi feito dos bispos da Guiné foi o seguinte: ficaram muito satisfeitos com a propostas da PUC Rio da possibilidade de oferecer mestrado e doutorado futuramente.

Os bispos da Guiné Bissau agradeceram o apoio já oferecido desde 2006, quando professores do Brasil começaram a se disponibilizar para ministrarem disciplinas no seminário durante as férias no Brasil. Também manifestaram gratidão pela oferta de apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) para cursos de mestrado e doutorado, o que não deverá ser efetivado neste momento, por conta de outras urgências.

Como pedidos mais concretos, considerado as necessidades mais latentes, foi solicitada a criação da faculdade de Filosofia no país, o que deve ser realizado até setembro de 220; a ampliação do tempo de permanência dos professores de cinco a seis semanas para dois meses a um semestre; a colaboração continuada dos professores em atividades de formação para o clero e cursos para os leigos; e a contribuição com livros de Filosofia e Teologia, uma vez que é escassa ou quase inexistente a produção editorial no país.

Dom Pedro Zilli, bispo de Bafatá, na Guiné Bissau, se encontro com seminaristas de Santa Catarina | Foto: reprodução/Facebook

“Dom Pedro Zilli [bispo brasileiro à frente da diocese de Bafatá, na Guiné Bissau] vai fazer um pedido para que a Igreja no Brasil os ajude na questão dos livros de Filosofia e Teologia, pois praticamente eles não têm nada no seminário. Nós levamos algumas apostilas para poder ajudar um pouco os seminaristas e na área de Filosofia e Teologia. Há uma carência de tudo. Os livros que eles conseguem são trazidos de Portugal e há a questão do preço”, partilhou padre Antônio.

O presidente da Comissão para a Cooperação Intereclesial da CNBB, dom Esmeraldo Barreto de Farias, adiantou que será feita uma lista da bibliografia básica dos cursos de Filosofia e Teologia para arrecadar o material nos regionais e dioceses para e enviar ao país africano.

O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, citou como possibilidade o que pode ser oferecido pela Edições CNBB e pela própria CNBB por meio do conteúdo do seu acervo. O presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom Jaime Spengler, citou o acervo do antigo seminário de Viamão, cuja parte que não foi doada para seminários da Amazônia poderia ser aproveitada para envio ao seminário da Guiné Bissau.

Visita e doação
Padre Antônio Niemiec pôde conhecer várias realidades e se reunir com as comunidades e membros de serviços eclesiais na Guiné Bissau, além das missionárias e missionários brasileiros que atuam no país. A atividade principal, porém, estava dentro das atividades do “Projeto de Solidariedade entre as Igrejas do Brasil e da Guiné Bissau”, firmado em 2006. A iniciativa, explica o padre, “contempla o envio anual de professores de filosofia e teologia para a Guiné Bissau, dada a carência de professores neste país. Até o presente momento, foram enviados 17 professores do Brasil, nos meses janeiro-fevereiro, que ajudaram na formação de 28 padres da Igreja da Guiné”.

Além da formação acadêmica, no Seminário Maior, os professores assumem também diversos outros serviços, durante a estadia deles no país africano: celebrações no Seminário e nas paróquias, encontros e cursos de formação para leigos, retiros, conforme as solicitações recebidas. “É uma alegria poder contribuir um pouco nesse projeto de cooperação missionária”, compartilhou nas redes sociais.

No Seminário Maior Interdiocesano, o único na Guiné Bissau, padre Antônio ministrou aulas da Sagrada Escritura (Cartas Católicas e Carta aos Hebreus) e da Teologia Espiritual. “É um curso intensivo, por isso, as aulas acontecem todos os dias da semana. No Seminário, além dos seminaristas das duas dioceses da Guiné (Bissau e Bafatá), estudam também os seminaristas religiosos e irmãs religiosas. O quadro numérico de alunos (diocesanos e religiosos/as) se apresenta da seguinte maneira: Propedêutico – 18; Filosofia – 14; Teologia – 24”, contou.

Iniciação cristã
Num país com forte presença muçulmana, mas com grande carência da presença da Igreja Católica, até a pedido de membros de religiões tradicionais, chamou atenção do assessor da Comissão para a Ação Missionária da CNBB uma paroquia no centro da capital que tem 2500 catecúmenos, pessoas em preparação para o Batismo. Ali, de acordo com padre Niemiec, são somente 98 catequistas. “Vale a pena a gente colaborar neste projeto para uma Igreja que depende totalmente dos outros”, disse.

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