Heresias e a Verdade

    A História comprova que o ser humano tem sedução por heresias, cismas e seitas. Boa parte da humanidade tem aderido doutrinas excêntricas. A nossa era é a pior de todas na aceitabilidade de movimentos sedutores, fundamentalistas e divisionistas. Tudo isso tem causado conflitos familiares e tragédias sociais. O ser humano tem fascinação por temas relacionados a um cristianismo alternativo. Isso se revela quando é publicado um texto do evangelho tradicional mesclado com ideias extravagantes ou quando alguma obra de ficção é publicada e desafia os fundamentos da Igreja. Através da história da religião, Alister McGrath expõe em seu maravilhoso livro Heresia: uma história em defesa da verdade a surpreendente trajetória da heresia ao longo do tempo. Explica, também, porque as heresias nunca foram erradicadas. Por outro lado, o autor apresenta uma ortodoxia poderosa, que equipará a Igreja para que possa enfrentar as heresias atuais (1).
    A Igreja no século XX foi marcada pelas seguintes influências seculares: Industrialização, Neocolonialismo, Aviação, Automóvel, Primeira Guerra Mundial, EUA e suas guerras, Crise de 1929, Comunismo, Fascismo, Nazismo, Segunda Guerra Mundial, Bomba Atômica, URSS, Guerra Fria, Ditadura, Movimento Hippies, Punkes, Anticoncepcional, sexo e libertinagem, Vietnã, China, divisão da Coréia, Cuba, Queda do muro de Berlim, Aquecimento Global, Neoliberalismo, Avanço Científico e Tecnológico etc. Em relação às influências espirituais eclesiais podemos enumerar: missão transcultural, pentecostalismo, movimento carismático, cruzadas evangelísticas, pregação no rádio e TV, Congresso Internacional sobre Evangelização Mundial, Movimento de Lausanne, Concílio Vaticano II, teologia da libertação e da prosperidade, denominações neopentecostais, movimentos apostólicos, G12, megaigrejas, desigrejados, ecumenismo, pluralismo religioso e eclesiológico etc.

    DEUS ESTÁ NO CONTROLE

    Na passagem de 2 Tessalonicenses vemos que o apóstolo Paulo recebeu uma revelação bem interessante: “E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruíra pela manifestação de sua vinda” (2 Ts 2,6-8). Podemos tentar entender e definir “o que” ou “aquele” que ainda detém o Anticristo, mas uma coisa é bem certa: no final, é o próprio Deus quem precisa dar a luz verde para o desencadeamento dos juízos que se abaterão sobre a terra. Ele é o Senhor do Universo! Ele tem a última palavra! Não são os Iluminatti, os maçons ou os Bilderberger, muito menos os políticos ou a indústria farmacêutica ou o sistema financeiro global os que decidem as coisas. Por isso, é importante que nós, cristãos, sejamos cuidadosos com tanta coisa que aparece na internet como teoria da conspiração. Não é um chip implantado sob a pele que levará alguém ao inferno. Apenas a marca da besta (o que quer que isso venha a ser), somado à adoração da sua imagem é que selará o futuro dessas pessoas. Elas não apenas demostrarão sua lealdade ao governador mundial, mas estarão se entregando a ele de corpo e alma. Venderão sua alma ao Diabo – literalmente!

    CUIDADO COM OS ENGANOS

    Mesmo que o texto de 2 Tessalonicenses 2,3-4 diga respeito ao tempo que sucederá o aparecimento do filho da perdição e não diga respeito diretamente a nós, que vivemos no tempo da graça, fazemos bem em ficarmos atentos porque igualmente corremos o risco de sermos enganados e seduzidos.
    O Senhor Jesus não falou em vão acerca de falsos mestres e falsos profetas.
    Ele sabia do que estava falando – para todos os crentes de todas as épocas.
    Por isso, levemos muito a sério o que está escrito em Colossenses 2,8-9:
    “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme as tradições dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade”. Aqui temos a proteção que precisamos nestes tempos escuros e sombrios e nestes dias maus. Estamos vivendo numa época em que os eventos futuros já se delineiam no horizonte. Precisamos de Jesus no centro da nossa vida, da nossa mente e do nosso coração! Precisamos de Jesus e Sua Palavra. Todo o resto é secundário e duvidoso. Em Jesus temos tudo o que precisamos. Em Jesus habita toda a plenitude de Deus. Olhemos para Ele, concentremos nossa atenção n’Ele, concedamos cada vez mais espaço a Ele no nosso dia-a-dia e sirvamos cada vez mais ao Senhor! (2)
    Nós também precisamos enaltecer esse amor incondicional pela verdade nos dias de hoje. As posições cristãs estão cada vez menos nítidas nas questões éticas, por exemplo, na área do homossexualismo, do aborto, do casamento e do divórcio, do sexo fora do matrimônio, etc. Mas penso também no ecumenismo, ou seja, numa comunhão falaciosa e na onda tão popular do politicamente correto. Tudo isso está diretamente relacionado com o questionamento da Bíblia como Palavra de Deus (relato da Criação, etc), com a dúvida acerca da divindade de Cristo e com a rejeição da verdade básica de que existe salvação somente em Jesus Cristo. Diante destes desafios, nosso recurso é aceitar o amor pela verdade e nadar contra a correnteza da maioria, inclusive em relação aos temas acaloradamente discutidos que são Israel e os judeus como povo escolhido e seus direitos à terra prometida por Deus.
    A verdade do Evangelho de Cristo, nunca foi tão urgente a sua proclamação, como nos dias atuais. O nosso tempo é marcado por uma intensa heterodoxia. É missão fundamental da Santa Igreja de Deus ser fiel à dogmática cristã e anunciar com ardor as doutrinas confiadas a ela.

    Pe. Inácio José do Vale
    Professor de História da Igreja
    Instituto Teológico Bento XVI
    Sociólogo em Ciência da Religião
    Doutor em História do Cristianismo
    E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com

    Notas:

    (1) McGrath, Alister. Heresia: Uma História em Defesa da Verdade. São Paulo: Hagnos, 2014.
    (2) Reinhold Federolf. Chamado da Meia-Noite, Agosto de 2014, p.19.