Guardar no coração

    Neste sábado, na missa pelos meios de comunicação, o Rio Celebra comemoramos o jubileu de prata de início da programação da Rede Vida, rezamos pelo Pe. Marcos Vinício no sétimo dia do seu falecimento, refletimos sobre a Semana do Migrante e do refugiado neste dia mundial do refugiado comemorando o Imaculado Coração de Maria e todo o trabalho social da igreja nestes tempos de necessidades.

    Celebrando o Imaculado Coração de Maria nós meditamos sobre todas essas intenções e comemorações. Temos duas celebrações muito unidas, ontem e hoje. Isso faz parte da reforma litúrgica do Concílio Ecumênico Vaticano II, que colocou as duas festas do Coração de Jesus e do Coração de Maria, uma depois da outra, lembrando a unidade entre Mãe e seu Filho Divino.

    De um lado, o Coração de Jesus, que é o impulsionador de todas as graças, que vai doar todo o sangue e vitalidade para o corpo inteiro, e do seu coração aberto nasce a Igreja. Desse coração jorra sangue e água, símbolos da eucaristia e batismo, mostrando para nós essa vida que é doada e as graças que jorram para todos, tudo vem simbolizado no ícone de Jesus misericordioso.

    De outro lado, tempos hoje é o dia do Imaculado Coração de Maria, que é aquele que acolhe, que guarda no seu coração os sinais de Deus. Justamente são dois aspectos muito importantes: olhar o Coração de Jesus como sinal do amor de Deus, ao mesmo tempo que impulsiona toda a Igreja, onde nasce a Igreja e onde jogam rios de água viva; ao lado do coração que recebe, que acolhe, que medita, que reflete sobre todas as questões que realmente existem no dia a dia à luz do Senhor.

    A palavra do Evangelho (cf. Lc 2,41-51) nos fazem meditar nisso pois quando a família de Nazaré volta para casa, depois de ter encontrado o Menino Jesus no templo, discutindo com os doutores, é bem assinalado que “Maria guardava todas essas coisas no seu coração”. Já Isaías (61, 9-11) na primeira leitura nos fala dessa exultação, desse regozijo, ou seja, da ação de graças já anunciando o mistério da encarnação. Que o dia de hoje, do Imaculado Coração de Maria, essa tradição que, de uma certa forma, já veio na Igreja desde início, mas que foi impulsionada nos últimos séculos, nos ajude no hoje de nossas vidas, pois, sem dúvida, é uma necessidade do nosso tempo, de refletir e de guardar no coração os sinais do Senhor, que vive a nossa vida.

    Realmente, está é uma oportunidade de nos preocupamos e de vermos a nossa própria vida. O que é que nós guardamos em nosso coração? Mágoas, ressentimentos, ódios e rancores. Guardamos, muitas vezes, certas situações que nos levam à dispersão, à divisão e à maldade de uns para com os outros, e não justamente o amor e a caridade. Por isso mesmo, meus irmãos e irmãs, nós somos chamados a olhar a nossa própria vida e descobrir como é que nós podemos, olhando para o Coração de Maria – aquele guarda todas as coisas no seu coração – descobrir como que também, hoje, em vez de guardar tantas situações maldosas, tanta mágoa, tanto sofrimento, possamos guardar os sinais de Deus na nossa história, aquele que Deus também atua e age e perceber como o Senhor vem atuando em nossa vida e nossa existência.

    Portanto, celebrar o Coração de Maria é meditar sobre a recepção que nós fazemos de Deus na nossa própria vida. Aquele que vai atuando em nossa própria existência e, ao mesmo tempo, atuando para que possamos fazer o bem, para mandar cada vez mais para as pessoas as coisas boas que nos ajuda a perceber a história que Deus faz conosco. Assim, de um lado, nós acolhemos todo impulso do Coração de Jesus e, com Maria, queremos guardar no coração seus valores. Sabemos que Maria nasce sem o Pecado Original, ela é concebida sem o Pecado Original e seu Coração Imaculado, guardava e meditava os acontecimentos. Nós também fomos, pelo batismo, lavados de nosso pecado das origens e, pela confissão, somos lavados dos nossos pecados atuais, para podermos ter o coração aberto aos sinais e assim podermos também dar graças.

    Nesse sentido, meus irmãos e irmãs, que, olhando para Maria – que Guarda no coração os sinais de Deus e da história – nós somos chamados pelo batismo, pela confissão, pela vida de oração a guardar no coração esses valores e sinais que Deus proporciona na nossa vida. Nós estamos vendo vários sinais durante esse dia de hoje, sinal do acolhimento do migrante e do refugiado.

    A Igreja, apesar de toda a perseguição que Ela sofre – em alguns países é até proibida de fazer suas celebrações, de ter seus templos –, em todo o lugar a Igreja procura ser aquela que proporciona acolhida: nós somos irmãos uns dos outros! Somos chamados à fraternidade, que também é o tema da Semana Nacional do Migrante e do Refugiado no nosso País. Que possamos ver o sinal importante de acolher aqueles que chegam como irmãos e irmãs.

    Rio das Pedras (Paróquia do Pe. Marcos Vinício) é um belo exemplo: vindos de tantas outras cidades e regiões do Brasil, especialmente do Nordeste, formam uma bela família. E quem proporciona essa variedade de situações em uma família é a Igreja, onde todos têm seu lugar, onde todos têm a sua vida, onde todos têm a sua família maior, a Igreja. E esta é a nossa missão. O já saudoso e sempre presente Padre Marcos Vinício procurou fazer isso, justamente, dando acolhimento a todos e sendo presença com as capelas sendo construídas, na catequese, nos círculos bíblicos, no trabalho social fazendo sentir na pela beleza de viver na Paróquia, a família maior, onde todos se sintam entre irmãos e irmãs uns dos outros. Além de seu trabalho com o meio ambiente como vigário episcopal adjunto para a caridade social e também como coordenador da Cultura Religiosa (CRE) de nossa universidade católica.

    Guardar no coração para poder vivenciar cada vez mais a fraternidade e a vemos como isso é possível. E que nós também saibamos viver pelo batismo e pela confissão da fraternidade de acolhimento com os outros.

    Depois nós vemos, também, meus irmãos e irmãs, que se guardar no coração as coisas que vem na abertura da disponibilidade na graça de Deus, como são os 25 anos da Rede Vida de Televisão, que seja a inspiração de uma TV de inspiração católica a e intervenção de tantos outros atores que vão fazendo acontecer até hoje. Nós temos os resultados com a multiplicação das redes de TVs e mesmo com a Pastoral de Comunicação e de tantas situações que hoje estão acontecendo. Notamos como a comunicação cresceu em nosso País: seja através das Redes Nacionais, ou através das celebrações transmitidas pelas paróquias. E isso já foi sinalizado providencialmente quando o Decreto Inter Mirifica foi um dos dois primeiros do Concílio Ecumênico Vaticano II. Esse decreto é sobre a comunicação. A importância da comunicação que a Igreja é chamada a comunicar uma verdade, uma boa notícia a todos, seja pelo testemunho, principalmente, é claro, seja pela pregação do dia a dia, comunicar às nossas comunidades utilizando também pelos meios antigos, pelos novos e modernos, e também com os futuros meios comunicação social.

    Somos chamados a guardar no coração o belo trabalho que desde a década de 60 a nossa arquidiocese exerce com os refugiados políticos, migrantes e refugiados. A nossa Caritas Arquidiocesana tem levado adiante essa bela e importante missão. E ao viver a Semana do migrante a beleza de podermos contar com todos os migrantes de ontem e de hoje na composição do tecido de nossas paróquias onde todos podem se encontrar como irmãos e irmãs.

    Somos chamados a guardar no coração todos esses sinais que nós vemos da Igreja presente no mundo inteiro, como a vida e missão do Santo Padre, das Dioceses, de toda a Igreja no Brasil, sobretudo de seu trabalho social nesse tempo de pandemia: as dificuldades que aumentam com a fome e a necessidade de alimentação, tanto para quem não tem teto, como para quem também tem, mas não tem às vezes que o comer. Como têm sido os cristãos católicos, que têm partilhado da distribuição! Guardar no coração esses sinais. São coisas para guardar no coração, esses sinais de Deus. E, muitas vezes, nós vemos como é que acontece isso, a não ser por uma graça de Deus no coração das pessoas, de poder perceber a mão de Deus na história das pessoas, tanto da pessoa de cada dia, com seu óbolo da viúva, que ajuda o trabalho em nome da Igreja, no qual a Igreja vai sendo essa ponte de distribuição para as pessoas necessitadas. E isso o faz, não para ser prestigiada, não faz apenas para os ligados à sua fé, mas o faz indistintamente para todos que necessitam e os que buscam cada vez mais, de ter o que colocar à mesa para os seus filhos. São sinais, caríssimos irmãos e irmãos, para guardar nosso coração.

    As outras coisas que nós presenciamos, muitas vezes, de pessoas que nos machucam, falam mal da gente, que falam mal da Igreja, que nos perseguem, isso deve ser colocado em outro patamar, no perdão, na reconciliação e não deixar com que isso nos faça desanimar do nosso trabalho e guardar os sinais de Deus em nosso coração. E mesmo quando somos insultados e quando somos assim, muitas vezes, colocados de lado, não considerados, que nós procuramos ver a maneira como Deus nos chama à conversão e à mudança.

    É todo um olhar para Maria Imaculada, do Coração de Maria, que guardava tudo no coração e exulta de alegria pois viu os sinais de Deus, como já lembrava Isaías. Nós somos chamados hoje a perceber essa ação do Senhor em nossa história, nossa vida, na vida da Igreja, na vida da Arquidiocese, na vida da Paróquia São João Batista, na vida de trabalho com refugiados e imigrantes, na vida da comunicação. Guardar no coração o Imaculado Coração de Maria, possa ser para nós uma inspiração de receber os sinais de Deus e poder, cada vez, comentar isso, de uma vida cada vez mais renovada.

    Do Coração de Jesus jorram rios de água viva e, para nós, enquanto aqueles que celebram hoje o Coração de Maria, queremos vivenciar cada vez melhor essa alegria de pedir ao Senhor Deus que possa guardar no coração os sinais. Que nós guardemos no coração os sinais de trabalhos que nos dão possibilidade de partilhar o pão de cada dia com tantas pessoas. Olhemos com os olhos de Deus, como os olhos de Maria, os acontecimentos e, como Maria, guardemos o coração tantos dons e tantas graças para podermos enxergar de madeira nova, a nossa sociedade. Amém.

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