Graças e louvores se deem ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

    Celebramos mais uma Solenidade de Corpus Christi em nossa vida! É tempo de adorar o Senhor Ressuscitado presente na Eucaristia! É oportuno participar da procissão do Santíssimo Sacramento quando Jesus passará pelas ruas de nossas cidades abençoando nossas casas, comércios e todo o povo santo de Deus. Por isso cantamos: Graças e louvores sejam dadas a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

    A fé da Igreja na presença do seu Senhor ressuscitado no mistério da Eucaristia remonta à origem da comunidade cristã. São Paulo transmite o que recebeu da tradição, cerca de 25 anos depois da morte de Jesus. É a narração mais antiga da Eucaristia. A Igreja nunca abandonou esta centralidade. Também o Evangelho de Marcos nos dá hoje um relato semelhante da instituição da Eucaristia.

    A Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo foi instituída em meados do século XIII, numa época em que se comungava muito pouco e onde se levantavam dúvidas sobre a «presença real» de Jesus na hóstia consagrada depois da celebração da Eucaristia. A Igreja respondeu, não com longos discursos, mas com um ato: sim, Jesus está verdadeiramente presente mesmo depois do fim da missa. E para provar esta fé, criou-se o hábito de organizar procissões com a hóstia consagrada pelas ruas, fora das igrejas.
    Hoje, não é raro encontrar católicos que põem em dúvida esta permanência da presença Jesus no pão Eucarístico. As palavras de Jesus esclarecem-nos: “Este é o meu Corpo… Este cálice é a nova Aliança no meu sangue”. Estas afirmações de Jesus, na noite de quinta-feira santa, não dependiam nem da fé nem da compreensão dos apóstolos. É Jesus que se compromete, que dá o pão como sendo o seu corpo, o cálice de vinho como sendo o cálice da nova Aliança no seu sangue. Só Ele pode ter influência neste pão e neste vinho.
    Hoje, é o sacerdote ordenado que pronuncia as palavras de Jesus, mas não é ele que lhes dá sentido e realidade. É sempre Jesus ressuscitado que se compromete, exatamente como na noite de quinta-feira santa. O sacerdote e toda a comunidade com ele são convidados a aderir na fé a esta ação de Jesus. Mas não têm o poder de retirar a eficácia das palavras que não lhes pertencem. A Igreja tem razão em celebrar esta permanência da presença de Jesus. Que esta seja para nós fonte de maravilhamento e de ação de graças!

    Na primeira leitura – Ex 24,3-8 – descreve a conclusão da aliança entre Deus e o povo no Sinai. Moisés transmite as palavras e as decisões da aliança ao povo, o qual assume o compromisso de observar tudo o que o Senhor disse. Para confirmar a aliança, Moisés asperge o povo com o sangue dos sacrifícios. Esse gesto une Deus e o povo com um vínculo forte e duradouro. Em toda celebração Eucarística, renova-se a mais sublime e permanente aliança de Deus com o povo. Deus e o povo celebram o rito da Aliança no Sinai. O grande sinal dessa Aliança é o sangue de uma única vítima.

    Na segunda leitura – Hb 9,11-15 – ensina que já não o sangue de vítimas animais, mas o sangue do próprio Cristo, oferecido uma única vez, vem selar aliança de Deus com a humanidade. Cristo ressuscitado é o novo sumo sacerdote e mediador da humanidade com Deus. Seu sangue derramado nos purifica de todo o pecado. A leitura da Carta aos Hebreus atualiza o texto do Livro do Êxodo, pois apresenta o sacrifício de Cristo, nosso único e eterno sumo sacerdote. Ele inaugura, para nós, o tempo da Nova e eterna Aliança, selada com seu sangue.

    No Evangelho – Mc 14,12-16.22-26 – Jesus realiza, junto com os discípulos, sua última ceia pascal, antes de ser julgado e condenado. Durante a ceia, ele dá novo sentido aos gestos rituais e oferece o pão como “seu corpo” e o vinho “como o seu sangue” simbolizando a vítima, o sacrifício da aliança. Com seu gesto, Jesus une o memorial da libertação do Egito com o memorial de sua morte salvadora. Os comensais da Eucaristia alimentam-se do corpo e sangue de Cristo, que se oferece como alimento para a vida nova e definitiva. Jesus partilhou com o povo do pão, a vida e a fidelidade ao projeto do Pai; agora partilha seu corpo e seu sangue derramado em favor de muitos! O texto retoma os elementos antigos da Aliança e sacrifício e atualiza-os a partir de um novo conceito, o da Eucaristia – ação de graças.

    Por meio do Santíssimo Sacramento Jesus nos deixou a memória de sua Paixão, para que, participando deste grande mistério de fé, possamos colher continuamente os frutos de redenção A Solenidade de Corpus Christi é a manifestação pública de nossa fé na presença real de Jesus Cristo, o Filho de Deus, nas espécies consagradas do Pão e do Vinho: “Isto é o meu Corpo (…) é o meu Sangue”! Esta solenidade reforça em nós a certeza de que Jesus está vivo no meio de nós pela nossa reunião, pela Palavra de Deus proclamada e, sobretudo, pelo Pão e Vinho consagrados. A presença viva de Cristo na Eucaristia é celebrada e adorada pela Igreja, que é sinal de unidade tão desejada por Jesus!

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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