Gaudium et Spes, a Carta Magna do diálogo entre a Igreja e o mundo

Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos tratar no programa de hoje, da Constituição Gaudium et Spes, a “Carta Magna” do diálogo entre a Igreja e o mundo.

 

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As transformações que ocorreram especialmente a partir do século XX, trouxeram muitos questionamentos a respeito da fé. Neste sentido, a Gaudium et Spes traça as linhas mestras de como deva se dar este diálogo entre a fé-doutrina da Igreja e um mundo em constante transformações que a circunda. Padre Gerson Schmidt:

“É a partir da Lumen Gentiun que entendemos a Constituição Apostólica Gaudium et Spes. A Gaudium et Spes não é uma Constitução dogmática, como as outras três importantes, mas de cunho pastoral.

A maioria dos teólogos são unânimes em considerar que a Gaudium et Spes representa a expressão particularmente significativa de uma atitude de abertura da Igreja, a partir do Concílio Vaticano II, em relação com o mundo contemporâneo.

A categoria do diálogo, fornece a chave para a elaboração e para a compreensão do texto da Gaudium et Spes. Ela é a Carta Magna do diálogo entre a Igreja e o Mundo, como afirmou o Cardeal Dom Aloísio Lorscheider, Bispo emérito de Aparecida: “A Constituição do diálogo com o mundo é a Gaudium et Spes. A Igreja dialoga dentro da própria Igreja, dialoga com as outras Igrejas cristãs, dialoga com as outras religiões, dialoga com o mundo, dialoga com o mundo marxista, com o mundo técnico-científico, com o mundo em desenvolvimento. Não há realidade verdadeiramente humana, que não encontre eco no coração da Igreja, conforme a Gaudium et Spes.

Paulo VI na Ecclesiam Suam, já havia aprofundado esta categoria do diálogo. Papa Paulo VI nesta Encíclica lançava a pergunta: “Quais as relações que a Igreja deve hoje estabelecer com o mundo que a circunda, em que vive e trabalha?”. Ele mesmo responde: “É o chamado problema do diálogo entre a Igreja e o mundo moderno, problema cuja apresentação na sua amplitude-complexidade, cabe ao Concílio, como também o esforço para o resolver da melhor maneira possível.

Ainda dizia Paulo VI: “Desta nossa consciência esclarecida e ativa – a consciência da identidade da Igreja – nasce o desejo espontâneo de comparar a imagem ideal da Igreja, qual Cristo a viu, que amou como sua Esposa, santa e imaculada, conforme Efésios 5,27, de a comparar, vemos com o rosto que a apresenta hoje. Este, pela graça divina é fiel, sem dúvida. Aos traços que seu divino fundador nela imprimiu, o Espírito Santo vivifivou, ampliou, aperfeiçoou no decurso dos séculos, tornando a Igreja mais fiel ao conceito inicial. Por outro lado, mais ajustada à índole da humanidade que ela ia evangelizando, incorporando a si.

Nunca, porém, o rosto da Igreja mostrará toda perfeição, beleza e santidade. Todo o brilho exigido pelo conceito divino que a modela.

Cabe aqui a pergunta sempre intrigante que já estamos fazendo ao longo deste nosso estudo radiofônico: O rosto atual da Igreja, é semelhante à imagem ideal da Igreja que Cristo conferiu, modelou, ao morrer por ela na cruz, conforme aponta a Carta aos Efésios, como Esposa sem mácula, ruga e sem mancha? Somos fieis a Cristo em nós na sua Paixão?

E o Papa Paulo VI mesmo responde um pouco isto, como lemos há pouco. Sendo que o Espírito Santo foi modelando esses traços do rosto da Igreja no decurso dos séculos. Mas, nunca mostrará toda a perfeição, beleza e santidade, todo o brilho deste rosto exigido  pelo conceito divino que a modela.

Amigo ouvinte, o Concílio Vaticano II propõe, sobretudo na Gaudium et Spes, uma Igreja dialogante. Igreja dialogante decorre do conceito de uma Igreja comunhão e participação, de uma Igreja servidora e solidária. A Igreja dialoga dentro de si mesma, com as outras Igrejas cristãs, com as outras religiões, com o mundo, com as ciências, com as ideologias, com a modernidade. Hoje também com a pós-modernidade, que se volta para o subjetivismo e individualismo muito grande. Nisso a Igreja não impõe a verdade que é Cristo, mas propõe, anunciando, evangelizando”.

 

Fonte: Rádio Vaticano

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