Ganhar a vida

                Está se aproximando o final do ano civil e litúrgico. O Ano Litúrgico termina com a Solenidade de Cristo Rei, no próximo domingo. A Palavra de Deus, que a liturgia nos oferece, faz refletir sobre o fim das realidades terrestres e ao mesmo tempo aponta para as realidades celestes. A ciência teológica que trata deste tema é denominada de escatologia. Ela trata dos temas do juízo divino, céu, inferno, purgatório, vida eterna. O ensinamento de Jesus orienta como viver estas realidades (Lucas 21,5-19).

                A história da humanidade é marcada por avanços em todas as áreas da vida humana. Porém, a humanidade convive com fatos catastróficos causados pela maldade humana, como as guerras, discriminações, perseguições religiosas, violências de qualquer natureza. Também, acontecem os fenômenos naturais como tempestades, terremotos. Jesus cita estes fatos e que hoje se repetem. A atitude que Jesus recomenda neste contexto é “não fiqueis apavorados”.

                O ensinamento de Jesus é uma resposta à pergunta sobre quando “os fatos vão acontecer”. Ele não responde para satisfazer a curiosidade e nem define a data. O mais importante é como preparar-se e viver neste mundo. Os tempos de crises e calamidades na humanidade geram desorientação. Os ideais perdem a força, os pontos de referência e os fins ficam nebulosos e se perde a capacidade de pensar e decidir com autonomia. Por outro lado, é um contexto fértil para o aparecimento de guias com respostas prontas e fáceis. Também alerta que em situações difíceis aparecem pessoas interpretando mal os fatos e induzindo as pessoas ao erro. Diz Jesus: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome dizendo: Sou eu! e ainda: ‘o tempo está próximo’. Não sigais esta gente!”

                Jesus não minimiza os fatos assustadores e nem ilude as pessoas sobre os sofrimentos decorrentes deles. Quer que seus seguidores escutem o que Ele diz, pois, se perderem o contato com ele perderão o rumo. Diz aos discípulos que “esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”. É uma atitude propositiva em um ambiente nebuloso. É um precioso serviço que os cristãos prestam ao mundo, não minimizando uma realidade difícil e nem deixar as pessoas numa espera incerta. Os cristãos apontam para Cristo, para a sua presença e o fim que Ele propõe.

                A segunda carta de São Paulo aos Tessalonicenses 3,7-12 oferece alguns critérios para os cristãos daquela cidade que se haviam acomodado com a expectativa do fim dos tempos, deixando até de trabalhar. “Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a estas pessoas que, que trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão”. A vida do cristão é caracterizada pelo empenho assíduo e constante. A esperança na vida eterna se constrói com uma sábia utilização e empenho no tempo presente e nas coisas que passam.

                Jesus conclui o ensinamento afirmando que “é permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Mantendo o contato constante com Cristo o cristão não perde a vida. A voz dele é a mais autorizada neste mundo onde sempre surgem novas situações perturbadoras. Jesus é realista por não esconder a dramaticidade da condição humana e nem aumenta o tamanho dos problemas existentes. É otimista porque confia que os seres humanos, bem conduzidos, mudam a história por aceitarem o caminho do amor, da fraternidade, do perdão, da partilha, da paz. Os cristãos vivem neste mundo que passa e mantém a esperança na vida eterna que não passa.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here