Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida

    Encontramos uma terra maravilhosa, é assim Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, se expressa ao Rei de Portugal, no dia 1º de maio de 1500. Descreve detalhadamente os indígenas, a flora, a fauna e as águas que tinha diante dos olhos. No final da carta diz: “águas são muitas; infinitas. Em tal maneira graciosa (a terra) que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!” As posteriores descobertas, do imenso Brasil, confirmaram a impressão inicial. O sentimento de maravilhar-se da beleza e da diversidade da natureza sensibiliza para o cuidado.
    O IBGE, em Mapa de Biomas e de Vegetação, define o bioma como “um conjunto de vida (animal e vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria”.
    Se cada bioma tem uma estrutura de vida tão rica, maior ainda se torna esta riqueza quando somamos os seis biomas brasileiros (Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa). Ainda temos que considerar que nem todas as espécies estão catalogadas. Se cada brasileiro fizer um pouco de esforço para conhecer melhor o bioma em que vive e algo dos outros biomas certamente ficará mais maravilhado que Pero Vaz de Caminha. Temos aí um dos objetivos específicos da Campanha da Fraternidade, isto conhecer os biomas.
    Cada bioma, além da sua beleza, tem as suas fragilidades e as suas potencialidades. O lema da Campanha da Fraternidade “Cultivar e guardar a criação” (Gênesis 2,15) constitui-se um convite para usar adequadamente as potencialidades de cada bioma, como também respeitar as suas fragilidades. 
    O tema ambiental volta porque interessa a todas as pessoas e a todos os seres vivos. Vivemos numa casa comum. A Igreja católica propõe o tema aos seus fiéis e convida a todos os que quiserem se associar. No dia 24 de maio de 2015 o Papa Francisco publicou a Carta Encíclica Laudato Sí: sobre o cuidado da casa comum. A Campanha da Fraternidade deste ano está inspirada nesta orientação papal procurando aproximá-lo da realidade brasileira.
    Os desafios e os problemas ecológicos são muitos, a tal ponto de falar-se em crise ecológica. Existem muitas tensões, especialmente entre economia e ecologia. Constantemente os estudiosos tem chamado a atenção sobre o uso inadequado e exploratório dos recursos naturais e os consequentes desequilíbrios daí decorrentes. Ainda tem um longo caminho a ser percorrido para minimizar os impactos. Afirma o texto base da Campanha da Fraternidade que “é da sua equação harmônica que depende o futuro da humanidade e de todos os seres vivos que habitam a terra”. Isto é responsabilidade de cada um e de todos.

     

    Dom Rodolfo Luís Weber
    Arcebispo de Passo Fundo
    10 de março de 2017

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