“Economia social” na acepção de Bergoglio, significa “uma economia que tem uma referência ao destinatário: uma economia que serve ao homem, à pessoa humana.
Vatican News
“Uma cultura de comunhão, baseada na fraternidade e na igualdade”. Era 11 de maio de 2019, quando o Papa Francisco marcou encontro com os jovens em Assis, lugar apropriado para inspirar uma nova economia, pois foi ali que Francisco se despojou de toda a mundanidade para escolher Deus como bússola da sua vida, tornando-se pobre com os pobres e irmão de todos.
Na carta convite dirigida a jovens interessados em cultivar sonho de um novo humanismo, que responda às expectativas dos homens e mulheres e ao projeto de Deus, o Papa também destacou que a salvaguarda do meio ambiente não pode ser dissociada da garantia da justiça para os pobres e que o exemplo notável do cuidado com os vulneráveis e uma ecologia integral é Francisco de Assis.
O Papa acredita nos jovens, pois sentem-se parte de uma cultura nova e corajosa, sem medo de enfrentar riscos e trabalhar para construir uma nova sociedade. “Universidades, empresas e organizações – diz o Santo Padre – são laboratórios de esperança para criar novas formas de compreender a economia e o progresso, combater a cultura do desperdício, dar voz a quem não tem nenhuma e propor novos estilos de vida”.
O evento “Economy of Francesco“, foi apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé na quarta-feira seguinte, 14 de maio, oportunidade em que o cardeal Peter Appiah Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral – que patrocinará o evento de Assis – frisou que “a economia que o Papa Francisco defende é uma economia social, circular, ética e inclusiva o que não deve ser confundido com uma economia socialista.”
“Economia social” na acepção de Bergoglio, significa “uma economia que tem uma referência ao destinatário: uma economia que serve ao homem, à pessoa humana, como escreve o Papa na Laudato si e na Evangelii gaudium. Uma economia inclusiva, que serve a todos os homens sem deixar ninguém”.
Pois esta proposta repercutiu e mexeu com muitos jovens e pessoas que sonham com um mundo diferente, tendo inspirado artigos científicos e teses de mestrado. Ao Vatican News foram encaminhados 3: “A Luz das Nações”, trabalho de pesquisa de Gerson Rodrigues Braga; “Economia de Francisco e Economia Ecológica, caminhos confluentes na construção de novos paradigmas”, de Luiz Vieira da Silva, escrito em parceria com o Prof. Samuel Carvalho De Benedicto, da PUC-Campinas e “Outra economia possível: interfaces entre Economia de Francisco e Agenda 2030”, de Mireni de Oliveira Costa Silva, da Universidade de Marília.
O artigo de Mireni foi escolhido para ser apresentado nesta segunda-feira, 10, no “Ciclo de Palestras e Debates” sobre temas contemporâneos e relevantes para Ciências Sociais jurídicas, promovido pela Escola da Magistratura do Mato Grosso. Ao preparar a exposição do tema, ela declarou ao Vatican News:
“Li trechos da Laudato Si quando estava escrevendo, mas essa semana, para a palestra, fiz uma leitura com mais calma, é simplesmente maravilhosa a Carta, todas as pessoas deveriam lê-la como leitura obrigatória.”
Mas tudo começou com o convênio entre Poder Judiciário, a Escola da Magistratura e a Universidade de Marília (SP), o que oportunizou a qualificação de alguns servidores do Poder Judiciário. Mireni foi aprovada para fazer o Mestrado em Direito Econômico. Em contato com o professor Jefferson, a Oficial de Justiça e Bacharel de Direito teve o primeiro contato com a proposta da economia de Francisco. A empatia pela proposta foi imediata:
Filha de pequeno agricultor, seu pai ficou viúvo aos 47 anos, com 12 filhos. Ela tinha apenas 1 ano quando sua mãe faleceu e seu pai sempre procurou mostrar para os filhos que o caminho do estudo é que poderia fazer com que alcançassem uma autonomia. “E foi a partir daí que nós começamos a investir mais no estudo, a investir na formação. Hoje eu sou Bacharel em Direito eu sou oficial de justiça no Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso”, contou Mireni.
O modelo econômico vigente em nível mundial, “tem agravado os problemas socioeconômicos e ambientais e promovido concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas – observa Mireni – e por outro lado produzido também de forma galopante a pobreza, a miséria e a degradação do meio ambiente”: