Fogueira acesa

    Nada de se preocupar nem se importar com as cinzas, sem levar em conta a importância grandiosa que se dá à fogueira, com o ardor e o calor de suas chamas, enormes e intensas. Como se fosse uma fogueira, a celebração da vida está unida ao sacrifício de Cristo como verdadeira súplica e perfeito louvor, tudo a partir do cordeiro redentor, que, na obediência à vontade divina, encontrou seu ponto mais elevado na morte de cruz, ao nos indicar seu supremo gesto, último e definitivo, mas na alegre ventura e êxito em favor da criatura humana, no seu fim, de determinante satisfação.

    Nas labaredas da vida, com suas veredas, contamos Jesus de Nazaré, nascido dos homens e nascido de Deus, tendo sua origem humana na providencial intervenção divina. A celebração de sua vida, no pão e no vinho, é sustento espiritual e nela são encontrados os dons da unidade, no mais seguro discernimento. Todos somos responsáveis pela confiança no testamento de seu amor, que nos assegura a garantia da vida na sua integralidade, na busca da casa comum para todos, que é obra das mãos de Deus, afastando-nos das angústias do mundo e de todo e qualquer ocaso.

    Nele Deus encaminha as pessoas à felicidade, no espírito das bem-aventuranças, da plenitude divina, no envolvimento transformador, na mística libertadora que transfigura as criaturas humanas, dilata e sensibiliza corações. Sendo de Deus fruto esplendoroso e magnífico da mais pura fecundidade divina, ele é um presente para o ser humano e para o mundo. Pela fé, temos a segurança de que aquele que “nasceu da Virgem Maria”, bem do seio da humanidade, dele depende toda a fecundidade humana, na irrefutável afirmação divina, a de que “nele tudo foi criado; não nasceu do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus” (João 1, 13).

    Pensemos, pois, na fogueira acesa, que inflama com suas chamas, absorvida nas labaredas da vida, sem nos esquecer das cinzas, transparecendo-as no relativo e no provisório, voltando-nos para a bem-aventurança eterna, identificados com o Cristo servidor, perseguido, odiado, insultado, ultrajado e excluído. Ele é visível naqueles que se dispõem a abraçar – na doação, na renúncia e na generosidade – sua causa: o projeto de amor. Assim seja!

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