Filipinas: Cristãos são reféns de terroristas islâmicos

A cidade de Marawi é devastada por grupo terrorista islâmico com ligação ao chamado EI. A cidade de Marawi é devastada por grupo terrorista islâmico com ligação ao chamado EI.

“Espero que o governo atue com sabedoria e prudência para evitar um derramamento de sangue”, palavras do padre missionário do PIME, Sebastiano D’Ambra. Ele se refere ao sequestro do padre Teresito Soganub e de outros 15 cristãos, nos últimos dias na cidade de Marawi, na ilha de Mindanao, no sul das Filipinas. Apenas uma semana atrás, no dia 23 de maio de 2017, extremistas jihadistas islâmicos, do chamado grupo Maute, tomaram o controle da cidade. Os trágicos confrontos entre rebeldes islâmicos e o exército filipino já causaram a morte de cerca de cem pessoas. Fontes locais falam de decapitações e assassinatos bárbaros cometidos pelo grupo islâmico.
Marawi é atacada
Ataque na cidade de Marawi

Por telefone, o Padre D’Ambra desde Zamboanga, outra cidade de Mindanao, explicou à ACN – Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre – como os terroristas islâmicos capturaram os referidos cristãos e atearam fogo na catedral. “Provavelmente, a intenção deles era usá-los como peças de barganha para persuadir o exército a desistir”, disse ele.

O Maute é filiado ao grupo autodenominado Estado Islâmico (EI), ao qual declarou lealdade há algum tempo. Essa é a razão de estar surgindo bandeiras negras do EI por toda Marawi, cuja maioria esmagadora da população é muçulmana (98% das pessoas são muçulmanas e 2% cristãs). Inclusive, está cada vez mais claro que membros do grupo terrorista islâmico Abu Sayyaf estão também envolvidos neste último ataque. O missionário italiano segue explicando que, nos últimos anos, influências islâmicas internacionais têm se infiltrado nas Filipinas progressivamente. Eles conseguiram atrair “sangue novo”, em parte através da ideologia pregada, mas também pelas generosas recompensas oferecidas pelos terroristas aos jovens recrutas. “Sem falar nos interesses internacionais em desestabilizar essa região. Parece haver um plano apontado para uma mesma direção. Essa situação em Marawi não continuará por muito tempo, mas o terrorismo não vai parar”, apontou o padre.

O terrorismo islâmico radical possui longa história em Mindanao. Na década de 90, o grupo Abu Sayyaf já estava plenamente em ação. Desde então, a radicalização proceguiu com a proliferação de movimentos islâmicos de inspiração wahhabi, apoiados pela Arábia Saudita. Ao passo que, há uma década, há uma forte presença do grupo islâmico Jemaah Islamiah, que se originou na Indonésia. Assim, nos últimos três anos, o EI encontrou crescente apoio em Mindanao.

Crianças na Casa de Missão de Amgachhi
O grupo Maute hasteou bandeiras negras pela cidade e pichou vários estabelecimentos com mensagem de apoio ao EI.

Bem como o ocorrido na cidade de Zamboanga, na ponta oeste de Mindanao, onde em 2013 o grupo paramilitar terrorista islâmico, Moro Islamic Liberation Front (MILF), destruiu metade da cidade, o governo mais uma vez decretou a Lei Marcial¹. “As autoridades nos pedem para permanecermos vigilantes. Entre outros agravantes, a cidade é litorânea, com quilômetros de costa, e possui numerosas ilhas ao seu redor onde os terroristas podem facilmente se esconder”.

Padre D’Ambra vive há 40 anos nas Filipinas e é o fundador do movimento Silsilah, que tem se esforçado desde 1984 em promover o diálogo inter-religioso. Parte da comunidade muçulmana local está envolvida no movimento. “Incidentes como o ocorrido em Marawi podem agravar ainda mais uma situação que já é bastante complicada e dificultar a promoção do diálogo entre as religiões”, disse ele à ACN.

 

Fonte: ACN

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