Férias e vivência com Deus

     

    Estamos ao final do tempo de férias escolares. Nestes tempos de tantas situações complexas é oportuno recordar a necessidade e o direito de um tempo de descanso, que sempre deve ser feito “no Senhor”. Neste mês de julho, as crianças não estão na escola, os professores não estão nas salas de aula, os jovens encerram suas atividades acadêmicas, as famílias se organizam para as tradicionais viagens e muitos podem interromper suas atividades normais, tirando suas merecidas férias. Porém, além deste tempo escolar, também durante o ano temos oportunidade, conforme a profissão de cada um, de gozar um tempo de descanso. Apesar dos apertos atuais sempre é bom lembrar a necessidade da humanização que esse tempo nos proporciona. O tempo de férias é importante e abençoado. Não é por nada que a Bíblia conclui o seu impressionante relato da criação, colocando o descanso como o sétimo dia, iniciando a tradição do ano sabático e também do ano do jubileu.

    O relato da criação é tido, agora, como umas das páginas mais famosas da literatura mundial. Superados os preconceitos do tempo do cientificismo, em que a Bíblia foi tida, açodadamente, como superada, pelo equívoco de não se entender o caráter simbólico de suas páginas iniciais, agora se percebe o vigor de sua expressão, que aponta para verdades bonitas e encantadoras. Os documentos do magistério profeticamente nos ajudam a valorizar esse tempo.

    Uma delas é, exatamente, a respeito do valor do descanso. Ficou lugar comum achar que o final da obra de Deus, segundo o simbolismo da “semana da criação”, era o homem e a mulher, que aparecem no sexto dia.

    Como ponto de conclusão, a Bíblia coloca o descanso, que de maneira alguma é tido como vazio ou sem sentido. Ao contrário, o descanso expressa o retorno à condição divina, de serenidade e de paz, de plenitude e de harmonia, de gozo e de comunhão.

    Assim, a própria Bíblia insinua o ponto de chegada de toda o projeto de Deus: o descanso permanente, junto a Ele, na plenitude da eternidade. Desta maneira, as férias se tornam símbolo da plena gratuidade, a que Deus nos chama, como desfecho de toda a nossa existência terrena. Mesmo Jesus chama seus discípulos para descansarem “com Ele”. As férias são, assim, sacramento da graça de Deus.

    Daí a importância de vivê-las de acordo com esta finalidade, que as caracteriza e lhe dá sentido. “É na oração e no descanso que encontrareis vossa força”, diz a Palavra de Deus. Durante as férias podemos melhor experimentar esta verdade. Viver os dias na gratuidade, percebendo a ligação que eles possuem com Deus, que é a fonte de toda gratuidade.

    Bom seria que todos pudessem ter os seus dias de férias. Este é um direito, que deve decorrer da maneira como todo o sistema econômico deveria estar estruturado. Não só para reservar dias de descanso, mas para que o trabalho possa ser feito com dignidade e com alegria.

    Esse período, além de ser um tempo oportuno para renovar o corpo e a mente, é um bom momento para renovar a vida espiritual, pois acredito que essa pausa no ritmo de trabalho e/ou de estudo pode contribuir para um rendimento espiritual.

    Sempre reclamamos que temos tão pouco tempo para rezar, para as coisas de Deus, então, este é o momento oportuno para reabastecer e qualificar esse tempo e, de certa forma, definir passos concretos.

    A grande orientação que deixo é buscar uma meta. Se alguém quiser se aprofundar nas pegadas de Cristo, saber quem Ele é, por exemplo, pode traçar um caminho lendo os Evangelhos buscando responder esse questionamento.

    Outro conselho que deixo é aproveitar esse período para ir à Missa diária, rezar o terço, fazer momentos de oração e adoração mais intensos. Cristo deve viver em nós nas atitudes do dia a dia, nos relacionamentos familiares e profissionais.

    As férias nos ensinam a realizar as nossas atividades com prontidão de espírito, fazendo delas um motivo de alegria, que nos levam ao merecido repouso de cada noite. Que cada ano, e cada dia, nos ajudem a perceber o amor gratuito de Deus, e a vivê-lo com alegria e intensidade.

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