Famílias que educam

    Ao concluirmos a Semana Nacional da Família que teve como tema “Família, uma luz para vida em sociedade” e, no momento em que nossa Arquidiocese, em resposta ao documento do Papa Francisco sobre a Família (Amoris Laetitia), vive, junto com o Ano Mariano Nacional, o Ano da Família, agora é o tempo de colher alguns frutos e fixar alguns passos diante das dificuldades que o atual momento ideológico impõe sobre a família.

    O ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família e especialmente do sentido da missão que os esposos cristãos têm, destinados a viver a união conjugal como expressão do amor santificador de Cristo e a construir uma comunidade de vida no seio da Igreja.

    Acreditamos que a santidade do sacramento do matrimônio deve se manifestar na própria vida, no testemunho que os esposos cristãos dão com seu comportamento matrimonial e familiar. A fé dos cristãos na santidade do matrimônio e da família é a melhor garantia para que sua vida de matrimônio e de família responda, na prática, ao modelo cristão de matrimônio e de família desejado e abençoado por Deus. A mediação da fé não consiste em impor com normas exteriores esse modelo, mas em introduzi-lo no coração dos esposos fiéis, em fazer com que se encarne nos sentimentos e nas atitudes daqueles que desejam encontrar na união matrimonial e na tarefa familiar o meio para realizar e colocar em prática seus anseios de perfeição humana e cristã. A fé, madura e consciente da grandeza e da exigência do estado matrimonial, é o melhor instrumento para descobrir nos afãs e nas ilusões de cada dia a graça que santifica, aperfeiçoa e faz felizes os esposos.

    A grandeza da união conjugal e da solidariedade familiar, tal como se manifesta no fundo do coração humano e na experiência mesma da vida conjugal e familiar, contrasta de tal maneira com muitas realidade duras que vive a família que muitas vez podem alguns até se sentir tentado a pensar que o amor dos esposos e a união familiar são meras utopias, sustentadas por idealismos religiosos ou romantismos culturais, muito distantes dos comportamentos reais e até dos verdadeiros sentimentos humanos. Isso que muitas ideologias atuais tentam impor em nossa sociedade. Numa sociedade pragmática como a nossa, amiga das estatísticas e dependente das opiniões públicas, faz-se necessário determinar com nitidez o que é que deve ser considerado comportamento coerente e correto na convivência do casal e da família.

    O Concílio Ecumênico Vaticano II explica a sacramentalidade do matrimônio partindo da realidade natural do amor humano. “Cristo Senhor abençoou largamente esse amor multiforme originado da fonte da caridade divina e construído à imagem de sua própria união com a Igreja, e vem ao encontro dos cônjuges cristãos” (Gaudium et Spes, n.48). “O autêntico amor conjugal é assumido no amor guiado e enriquecido pelo poder redentor de Cristo e pela ação salvifíca da Igreja para que os esposos sejam conduzidos eficazmente a Deus e ajudados e confortados na sublime missão de pai e de mãe” (Gaudium et Spes, n.49).

    A dignidade do matrimônio e da família tem na doutrina da Igreja um fundamento eminentemente sagrado. Enquanto, sacramento, o matrimônio é imagem e participação do pacto de amor entre Cristo e a Igreja. A família cristã, que tem sua origem no sacramento do matrimônio, é chamada a manifestar, através da vida de todos os seus membros, o amor de Cristo e da Igreja. Nesse sentido, a família é como uma “pequena igreja” na qual Deus faz sua morada, objeto de amor do Pai, templo no qual Cristo habita e age com seu amor e sua graça e sobre o qual o Espírito Santo derrama os dons divinos (Gaudium et Spes, 48).

    A família cristã tem uma missão elevada na Igreja e no mundo no qual a Igreja deve anunciar, com a palavra e com o exemplo vivo de seus membros, a presença de Cristo e de sua graça. A família cristã vive o mistério do amor de Cristo à Igreja quando seus membros se expressam mutuamente o amor, a misericórdia, o serviço, a doação mútua, quando compartilham sua fé e se esforçam por viver de acordo com a vontade de Deus e com as exigências da caridade. Ao mesmo tempo que percebe em si mesma a ação da graça de Cristo e dá glória ao Pai com suas obras, a família cristã se transforma em testemunha da dignidade e da santidade da família dentro da sociedade.

    O Papa Francisco insiste, reiteradamente, que promover a família é trabalhar em prol de um desenvolvimento equânime e solidário. O Papa Francisco afirmou não ignorar o sofrimento de tantas famílias devido à falta de trabalho, conflitos internos, ou mesmo as dificuldades da experiência conjugal, e a todos expressou sua proximidade. Ele recordou o testemunho simples de tantas famílias “que vivem a experiência do matrimônio e do ser pais com alegria, sem medo de enfrentar também os momentos da cruz”. https://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/familia-e-uma-escola-privilegiada-de-generosidade-destaca-papa/, acessado pela última vez em 28 de julho de 2017.

    Contudo, a semelhança da Igreja, a família cristã é uma comunidade de amor, na qual os pais exercem, em nome de Deus Pai e como instrumentos seus, o ministério de gerar, alimentar, cuidar, guiar e servir amorosamente seus filhos, estes são chamados a descobrir, desenvolver e colocar a serviço dos demais suas qualidades, dons e carismas. É uma comunidade profética, diaconal e cultual, na qual seus membros se educam uns aos outros na fé, se reúnem na oração e se conservam unidos pelos laços do amor fraterno. É uma comunidade martirial, missionária e apostólica, destinada a confessar e anunciar o amor de Deus, que se encarna no amor conjugal dos esposos, no amor fraternal que os filhos manifestam entre si, no amor familiar que existe entre pais e filhos e que se estende à grande família humana.

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