ESTEJAM PREPARADOS

                Desde que a humanidade tomou consciência de sua fragilidade física e vida transitória, uma nova perspectiva assomou-se em seus projetos: estender ao máximo sua passagem por esse mundo! Assim, viver tornou-se uma constante batalha contra a morte. Não mais restando possibilidades de perpetuar-se em vida, eis que surge a possibilidade de perpetuar-se ao menos espiritualmente. Essa foi sua grande descoberta: a eternidade do espírito!

                Diante dessa tomada de consciência espiritual nasce a esperança de vida nova, condicionada às promessas e mandamentos divinos, que ao longo dos séculos foram reveladas por profetas e patriarcas do povo. O sofrimento, a escravidão e os abusos contra a integridade física dos mais fracos reforçaram a fé num Deus-libertador, o messias que esperaram durante séculos, aquele que derrotaria os pecados e as maledicências humanas, conduzindo seu povo para uma nova nação, um reino de paz, justiça e bonança até então sem igual neste mundo.

                No entanto, Aquele que veio adiou ainda mais esse momento: “Meu Reino não é desse mundo”. O discurso escatológico de Jesus foi como um balde de água fria sobre o sonho de muitos. Quando se dará esse dia, Senhor? Até quando suportaremos tanta dor, tanto sofrimento, tanta injustiça, desamor, ódio, desavenças? Quando virá salvar o seu povo? “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé”, foi sua enigmática resposta. Ou seja, antes, deverá vir um novo dilúvio, uma derrocada geral sobre aqueles que ainda zombam de Deus e ignoram seus mandamentos, seus ensinamentos. Será preciso sufocar a arrogância e o ceticismo de grande maioria, para só então emergir das desgraças humanas a bandeira branca de nova vida sobre a face da terra. O ramo novo da vida renovada, trazida pela pomba branca da paz, será o selo definitivo do novo pacto de aliança entre Deus e os homens, cujo depositário fiel ainda é a nova arca da Aliança, sua Igreja, sua nova barca a navegar sobre as águas do dilúvio de imoralidades que afoga a fé de muitos.

                Não percam as esperanças. O aparente naufrágio que se abate sobre a espiritualidade humana, nos dias atuais, não foi diferente dos dias em que o Senhor “habitou entre nós” através do Cristo que se fez homem. Continua igual. Talvez por isso o tempo de Advento que nos propõe a Igreja seja esse momento santo de se renovar as esperanças por um mundo melhor. Um novo tempo! Ouçamos os clarins desse tempo, que ecoa nos corações contritos: “Dias melhores virão”!

                “Por isso, também vós ficai preparados!” (Mt 24,44). Ou seja: estejam atentos! Compreendam os sinais. Vigiem como sentinelas responsáveis, guardiões incansáveis, soldados em alerta… Orem, clamem aos céus pela misericórdia do Pai, sustentem os braços dos novos profetas que hoje bradam aos céus e gritam ao povo por mais rigor e coerência, mais virtudes e sensatez na vida de fé que dizem seguir. Não perca a esperança, povo de Deus! “Porque, na hora que menos pensais, o Filho do Homem virá”. Então, será Natal novamente. Então gritaremos “Hosanas”. Hosanas nas alturas, bendito é Aquele que vem! Hosanas ao Senhor!

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