Essas são as três “mártires da castidade” brasileiras

Albertina Berkenbrock, Benigna Cardoso e Isabel Cristina. Créditos: www.beataalbertina.com / Facebook Paróquia Senhora Sant’Ana – Santana do Cariri /Arquidiocese de Mariana

No último dia 28 de outubro, foi publicado o decreto da Congregação para as Causas dos Santos que reconheceu o martírio de Isabel Cristina Mrad Campos, uma jovem que ao lado de outras duas brasileiras se torna mais uma “mártir da castidade” do Brasil.

“Isabel Cristina soube ser católica e defender os valores da Igreja, que ela sempre anunciou e morreu por causa disso”, disse o Arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos durante Missa em ação de graças pelo reconhecimento do martírio de Isabel Cristina, no último dia 31 de outubro.

Ao agradecer ao Papa Francisco, o Prelado indicou que agora esperam “com muita alegria e esperança o dia que ela será beatificada”.

Além de Isabel Cristina, outras duas brasileiras foram martirizadas para defender sua castidade e são modelos para a juventude do país, a já Bem-aventurada Albertina Berkenbrock e Benigna Cardoso da Silva, cuja data de beatificação também é aguardada.

A seguir, confira a biografia dessas brasileiras “mártires da castidade”:

Bem-aventurada Albertina Berkenbrock

Albertina nasceu em 11 de abril de 1919, em Imaruí (SC). Filha de agricultores, recebeu desde cedo uma formação católica. Participava da vida religiosa de sua comunidade, confessava-se com frequência e sempre participava da Eucaristia. Cultivou especial devoção a Nossa Senhora e ao padroeiro de sua comunidade, São Luís.

Em 15 de junho de 1931, quando tinha 12 anos, Albertina obedeceu a um pedido de seu pai e foi procurar um animal que estava perdido. No caminho, encontrou seu malfeitor, apelidado “Maneco Palhoça”.

A jovem perguntou a ele se sabia onde estava o animal que procurava e o homem lhe indicou uma pista falsa, enviando a menina para o local onde tentou violentá-la. Albertina não se deixou subjugar. Resistiu bravamente e não cedeu. Então, Maneco cravou um canivete em seu pescoço, degolando-a.

O homem escondeu o canivete e foi avisar aos familiares da menina que ela tinha sido assassinada, mas desviou-se de possíveis acusações.

Jurando inocência, um homem chamado João Cândido chegou a ser preso, acusado injustamente. Entretanto, Maneco não conseguiu esconder por muito tempo seu crime. Segundo consta, o assassino não parava de ir e vir na sala do velório e, ao aproximar-se do caixão, a ferida no pescoço de Albertina começou a sangrar novamente.

Foi então que o prefeito da cidade mandou soltar João Cândido e, com ele, pegou um crucifixo na capela. Os dois seguiram até o velório e a cruz foi colocada sobre o peito da menina morta. Ali, João se ajoelhou e, com as mãos no crucifixo, jurou ser inocente. Conforme relatos, naquele momento a ferida parou de sangrar.

A essa altura, Maneco Palhoça havia fugido, mas foi preso posteriormente. Ele confessou o crime e deixou claro que Albertina não cedeu à sua intenção de manter relações sexuais com ela porque não queria pecar.

Albertina Berkenbrock foi proclamada Bem-Aventurada em 20 de outubro de 2007 pelo Papa Bento XVI.

Benigna Cardoso da Silva

Também conhecida como “heroína da castidade”, Benigna nasceu em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri (CE). Em 24 de outubro de 1941, aos 13 anos, foi assassinada, após se recusar a ter relações sexuais com um adolescente.

Conforme relata o site da Diocese de Crato, amenina Benigna “era muito religiosa e temente a Deus”. A jovem era assediada por um colega de escola, mas rejeitou as propostas dele.

Então, em uma tarde de sexta-feira, o rapaz, Raul Alves, sabendo que a menina costumava buscar água próximo de casa, escondeu-se atrás do mato e a abordou, tentando abusar da menina.

Como Benigna resistiu e dizia “não” com veemência, o rapaz a golpeou com um facão , assassinado a meninda.

Na época do assassinato, conforme conta Vatican News, Pe. Cristiano Coelho Rodrigues, que fora mentor espiritual da jovem, escreveu a seguinte nota ao lado do registro de batismo de Benigna: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.

Desde então, vem aumentando a devoção à menina. Em 2004, teve início a Romaria da Menina Benigna, que acontece de 15 a 24 de outubro e entrou para o calendário oficial do Estado do Ceará em junho de 2019.

O Papa Francisco autorizou a beatificação da menina Benigna em outubro de 2019 e, inicialmente, a data estava marcada para 21 de outubro deste ano. Porém, precisou ser adiada devido à pandemia de coronavírus.

Embora ainda não haja uma data prevista para a beatificação da jovem mártir, esta deverá ocorrer apenas em 2021.

Isabel Cristina Mrad Campos

Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena (MG), em uma família católica, filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos. De acordo com informações da Arquidiocese de Mariana, era “sensível, sobretudo com os mais pobres, idosos e crianças, o que certamente aprendeu na família, que era vicentina”.

Desde a adolescência, fez parte da Associação de voluntariado das Conferências de São Vicente e seu pai foi presidente do Conselho Central de Barbacena. Participava frequentemente da Missa e dos Sacramentos.

Em 1982, mudou-se para Juiz de Fora (MG) a fim de frequentar um curso pré-vestibular para ingressar na faculdade de medicina, pois sonhava em ser pediatra para ajudar crianças carentes.

Desde o início, indica o site postulazionecausesanti.it, “achou na nova cidade um lugar para poder estudar, mas acima de tudo para rezar na Igreja do Cenáculo, onde era exposto o Santíssimo Sacramento”.

Naquele mesmo ano, a jovem preparava um pequeno apartamento para onde havia se mudado com seu irmão, Paulo Roberto. No dia 1º de setembro, um homem que foi para montar um guarda-roupa tentou violentá-la, mas Isabel resistiu para manter sua castidade.

Diante da resistência da jovem, o homem lhe deu uma cadeirada na cabeça, amarrou a moça, amordaçou e rasgou suas roupas. Como a jovem não cedeu, o agressor lhe deu 15 facadas, matando-a.

Devido ao modo como morreu e, sobretudo, pela forma como viveu – indica a Arquidiocese mineira – “algumas pessoas tiveram a iniciativa de entrar com o pedido de um processo para sua beatificação” e o processo foi instalado em 2001.

Como Isabel Cristina foi batizada e recebeu a primeira comunhão na Matriz da Piedade, em Barbacena, e também pela ligação afetiva de seus pais com a paróquia, decidiu-se que seus restos mortais deveriam ficar no Santuário da Piedade.

Após o reconhecimento de seu martírio, no último dia 28 de outubro, agora se aguarda a data de sua beatificação.

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