Epifania: vamos adorar o Senhor!

    A liturgia deste primeiro domingo de 2020, e a festa da Epifania, em que a Mãe Igreja celebra a manifestação de Jesus a todos os homens. Ele é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz” incarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.

    A festa de Epifania – do grego epifanein – “manifestação” – , que a Igreja celebra o mistério multiforme, o de Cristo Luz do mundo. De fato, todas as celebrações do Tempo do Natal giram ao redor da manifestação luminosa de Jesus. Ele se manifesta primeiramente ao encarnar-se no seio de Maria, depois ao aparecer aos pastores(Natal, Missa da Aurora), aos reis magos(Epifania), ao ser batizado no Jordão(Batismo do Senhor e 2º. Domingo do Tempo Comum A e B) e, finalmente, em Caná da Galiléia(2º. Domingo do Tempo Comum C) iniciando com seu primeiro milagre a manifestação de seu ministério público, que culminará na Páscoa, suma manifestação do Salvador.

    A primeira leitura(cf. Is 60,1-6) anuncia a chegada da luz salvadora de Deus, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.

    No Evangelho(cf. Mt 2,1-12), vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra. Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem excepção.

    Muitas vezes tenho repetido que só adoramos a Deus. Na Epifania adoramos o Menino que nasceu para ser a luz do mundo. Adoração vai além de qualquer compreensão humana! Nem os discípulos puderam entender quando aquela mulher derramou o precioso unguento sobre a cabeça de Jesus (cf. Mt 26,7-8). Puderam avaliar o preço do unguento, puderam sentir o seu olor, mas não puderam compreender um coração que adora. Contudo o problema daqueles discípulos, pelo menos nesta ocasião, era que eles não estavam contemplando Aquele que estava diante deles como deveriam. O tamanho da nossa adoração é relativo ao valor que damos ao Alvo da nossa adoração. Como um Judas poderia entender aquela mulher se o “Mestre” só lhe valia 30 moedas de prata? Quanto valia Cristo para os outros discípulos? Quanto vale o Senhor Jesus Cristo para nós? Quanto estamos dispostos a deixar por Ele? Para os magos não era meramente um Menino que eles estavam adorando, mas Deus mesmo. Atrás daquela aparência frágil de um Menino se podia ver o Rei dos Judeus. Suas ofertas falam muito da contemplação e entendimento que eles tiveram: ouro, falando da Sua realeza; incenso, do Seu sacerdócio, e mirra da Sua missão de Profeta. Além disso essas dádivas falam de outros aspectos da Sua maravilhosa Pessoa, vida e obra. O ouro é o material que simboliza a divindade (no Tabernáculo, o lugar onde a presença de Deus estava, tudo era revestido de ouro) — aquele Menino era Deus manifesto em carne. O incenso nos fala da Sua vida humana, mas perfeita, que viveu sempre de modo que agradou o Pai. E a mirra nos fala de Seus sofrimentos vicários, pelos quais Ele cumpriria aquela grande obra da nossa salvação.

    A segunda leitura(cf. Ef 3,2-3a.5-6) apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus.

    Nestas três epifanias celebradas no tempo de Natal, isto é, três manifestações de Jesus: seu nascimento na carne(Natal), sua revelação aos povos pagãos(Epifania) e o Batismo de Jesus. Ou seja, conforme o tempo ia passando, após o seu nascimento, Jesus ia se manifestando  mais e mais pessoas, sua salvação se tornava cada vez mais ampla. Mas em nossa vida, de discípulos de Cristo, nós percebemos estas epifanias acontecendo em ordem inversa: primeiramente, somos batizados( muito de nós, logo após o nascimento); depois, pregamos com o nosso testemunho aos outros acerca da pessoa de Jesus, e, finalmente, descobrimos – por experiência pessoal ou pelo testemunho alheio – que Cristo “se encarnou” em nós, e que para nós “viver é Cristo, e morrer, um lucro”(cf. Fl 1,21). 

    A vocação de cada discípulo é ser uma manifestação de Jesus ao mundo. É para isto que somos batizados e esta deve ser toda a nossa alegria: ser um outro para Jesus para os nossos irmãos e irmãs. Que esta seja a nossa alegria e que esta alegria seja plena de frutos(cf. Jo 15,11).

    Neste dia, celebrando a manifestação de Jesus, como luz para todos os povos, nos juntamos aos magos do Oriente que foram adorá-lo. Vemos a glória do Senhor que se manifesta em todas as pessoas que o buscam de coração sincero e misericordioso. Por isso, vamos adorar o Senhor nascido para nos salvar!

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