ENVIAI OPERÁRIOS À MESSE

    Após a grande solenidade de Pentecostes, celebrada no Domingo retrasado, voltamos àquele que é chamado o Tempo Comum dentro da Liturgia. É chamado de comum não num sentido que evoque descaso, mas sim que a cada dia, em especial aos domingos, seremos chamados a celebrar todo o mistério de Cristo, não somente aspectos específicos conforme temos nos tempos fortes da Liturgia. Por isso, a Igreja enquanto caminha na história, tem no ritmo proposto pelo tempo litúrgico um instrumento eficaz de orientação e animação de sua vida de fé.

    Retomamos o tempo comum celebrando na semana passada a solenidade do mistério de Deus, a solenidade da Santíssima Trindade: Deus Uno na Trindade e Trino na Unidade, grande marca da vida da Igreja enquanto mistério de comunhão.

    Na quinta passada, tivemos a oportunidade de celebrar a solenidade de Corpus Christi, de uma forma diferenciada devido às atuais circunstâncias. Mas tivemos a oportunidade de revalorizar a presença de Jesus em cada Sacrário do mundo. Agora que estamos confinados em casa, é sempre bom lembrarmos do sacrário que temos mais próximo de nossa casa e lembrar de que ali está a presença Viva do Senhor que vela por nós.

    Não podemos nos esquecer de todas as riquezas espirituais que temos dirigidas a nós neste mês de junho: além das já citadas, temos também a solenidade do sagrado Coração de Jesus e a memória do Imaculado Coração de Maria e as importantes celebrações dos santos juninos: Santo Antônio no dia 13, São João no dia 24 e São Pedro e São Paulo no dia 29. A santidade é o rosto da Igreja. A oportunidade de celebrar esses santos tão queridos da devoção popular são uma oportunidade de mostrar como o Reino de Deus é uma realidade desejada por si mesma e que corresponde aos desejos mais profundos existentes no coração do ser humano.

    A volta das celebrações próprias do tempo comum acontece em circunstâncias bastante penosas para todos nós. Que não deixemos de passar por este tempo a partir da fé, deixando que a s circunstâncias, mesmo as mais adversas, sejam uma eficaz oportunidade de nos aproximar de Deus e renovar nossa vida de fé.

    O evangelho deste domingo (Mt 9,36-10,8), mostra Jesus que sente compaixão pela multidão que anda cansada e abatida como ovelhas que não tem pastor, fala da importância de clamar ao Senhor da Messe para que mande operários e temos o episódio da escolha dos 12, com o envio a continuarem a missão de Jesus. Muitos são os momentos que nos levam a estar cansados e abatidos. Nesse ano em especial, estes não nos faltam. Quantas são as vezes que experimentamos nossas fragilidades ou ainda somos participantes da fragilidade dos outros.

    Mesmo nessa situação de cansaço e abatimento, Cristo não se distancia do seu povo. Aliás, se aproxima ainda mais. Assim também a Igreja fez e faz ao longo do tempo: por mais que as situações sejam contrárias, a Igreja não se afasta de seu povo, buscando as mais variadas formas, até mesmo usando as mídias digitais, para estar próxima e ser presença viva de Cristo em meio ao povo. Podemos dizer que esta atitude de estar próxima e cuidar está na origem da vida da própria Igreja, tendo ela a missão de ter o coração como o de Jesus, manso, humilde e misericordioso.

    Quando aqui o Evangelho faz referência a pedir ao Senhor que mande operários, costumamos nos referir às vocações sacerdotais. Mas gostaria de fazer referência à vocação missionária da Igreja, onde todos somos chamados a ser esses operários da messe em nossas pastorais, movimentos e dia a dia de nossas comunidades. No chamado dos 12, as recomendações dadas aos apóstolos, dá a missão de recuperar as ovelhas perdidas do povo de Deus e posteriormente vai enviar aos homens de toda a terra (Ide pelo mundo inteiro…). São chamados para anunciar a presença de Deus e comunicar a boa nova. Ainda hoje, quantos são os batizados e crismados que temos pelo mundo e que precisam ser novamente evangelizados, conforme nos recordou S. João Paulo II, a evangelização dos batizados, a nova Evangelização. Assim como os que vivem ativamente a vida da Igreja, as ovelhas desgarradas são chamadas a reacender a chama do primeiro amor e deixar que a chama viva da fé ilumine suas vidas e seus caminhos.

    É nesse aspecto da Igreja que é chamada a anunciar a Boa Nova em meio a uma sociedade marcada pelo cansaço e abatimento que a primeira leitura, tirada do livro do Êxodo (Êx 19,2-6ª) vai mostrar Deus que chama Moisés ao Monte Sinai, pede para que recorde ao povo as maravilhas realizadas na libertação do Egito e na caminhada pelo deserto, e pede a fidelidade para que possam ser constituídos uma nação santa. Chamados a ser constituídos povo de Deus, como o salmo de resposta (Sl 99) vai dizer: Nós somos o povo e o rebanho do Senhor. A consciência de sermos escolhidos pelo Senhor deve alegrar a nossa existência, não porque somos melhores, mas sim chamados para ser aqueles que servem os irmãos.

    A segunda Leitura, da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,6-11), Paulo vai explicitar as maravilhas do amor de Deus por nós, fazendo referência ao sacrifício da cruz, quando éramos ainda pecadores. O Senhor nos escolhe para sermos um povo de santidade e de servidores, não por mérito nosso, mas por pura liberalidade Divina, não porque somos bons, mas porque Deus é bom. Somos chamados a ser aqueles que fazem a experiência da misericórdia de Deus.

    Portanto, que com entusiasmo vivamos nossa vocação e o nosso chamado. Que todo cristão católico possa redescobrir a sua missão de servidor dos homens a exemplo de Jesus. Que possamos prosseguir nosso caminho de fidelidade a Cristo sabendo que não somos mais do que ninguém, mas sempre lembrando o que seria de nós se não fôssemos resgatados pelas maravilhas da Graça. Que Deus abençoe e guarde a todos.

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