O Setor Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza, nesta semana, um encontro com ex-assessores de campanhas, responsáveis por articular os processos de produção e animação das Campanhas da Fraternidade. A abertura da reunião, na tarde de segunda-feira, 28 de novembro, teve a participação do secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.
Durante a reunião, que segue até quarta-feira, dia 30, os convidados desenvolvem partilhas a partir de três objetivos: recordar a história dos 60 anos da CF em âmbito nacional; refletir sobre o caminho percorrido, os obstáculos encontrados e superados; e planejar a celebração dos 60 anos, buscando ‘reencantar’ a CF.
Iniciada em 1962, na cidade de Nísia Floresta, na arquidiocese de Natal (RN), a Campanha da Fraternidade ganhou dimensão nacional dois anos depois. Assim, a edição da CF de 2024 marcará a celebração dos 60 anos da ação quaresmal. Em entrevista à TV Aparecida, o atual secretário-executivo de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, disse que o encontro inicia a preparação para o jubileu dos 60 anos da Campanha da Fraternidade.
Participam do encontro o irmão Israel José Nery, os padres José Adalberto Vanzella, Luís Fernando da Silva, Francisco de Assis Wloch, Patriky Samuel Batista e Jean Poul Hansen e o cônego José Carlos Dias. Outros ex-secretários também foram convidados, mas, por questões de agenda, não puderam comparecer.
Instrumento para a construção de um mundo novo
Em sua fala na abertura do encontro, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, partilhou uma observação de que, desde 2018, a Campanha da Fraternidade entrou numa terceira fase, voltada para a construção de um mundo novo.
Dom Joel lembrou que a CF passou por incompreensões e dificuldades, “mas ela é uma heroína da resistência”, tendo evoluído ao longo do tempo, “tanto no conteúdo da reflexão, quanto nos materiais”, o que “mostra a beleza da Campanha da Fraternidade”.
Segundo o secretário-geral da CNBB, essa nova fase teve início em 2018, com a Campanha da Fraternidade com o tema “Fraternidade e superação da violência”.
“Eu penso que ali, em 2018 em diante, nós começamos o que eu chamo de ‘terceiro momento da Campanha da Fraternidade’. Aquele primeiro momento em que se tinha uma renovação interna na Igreja (1964 a 1972), depois um momento de grande compromisso social no Brasil (1973 a 2017), e eu diria que, agora, é o ‘momento Fratelli Tutti’. A partir de 2018, com a superação da violência, a CF se tornou um instrumento de contribuição no Brasil para a construção do mundo novo que precisa ser construído com urgência”.
A temática da fome, que estará em destaque no próximo ano, se insere nesse contexto. Segundo dom Joel, “não podíamos deixar de pensar num mundo novo com famintos e famintas”. O lema – Dai-lhes vós mesmos de comer – é fundamental na proposta, segundo dom Joel.
“[O lema] não apenas nos impulsiona na busca de soluções, não é só um lema caritativo, assistencial. Mas é um lema que diz à sociedade civil que, uma vez organizada, ela tem que fazer a sua parte num processo efetivamente democrático. Se há algo que cabe ao Estado, o Estado sozinho não faz. A sociedade civil organizada tem o seu papel”.
Em 2024, um novo momento dessa fase em vista de um mundo novo, como propõe o tema “Fraternidade e amizade social”, escolhido pelo Conselho Permanente na última semana.
“Amizade social, diante de todo esse trajeto que estamos vivendo, diante desse mundo que está aí, diante desse processo brasileiro – não só o eleitoral, que é a febre de um corpo infeccionado e inflamado. Eu diria que está na hora de a gente começar a pensar um pouquinho e colocar como campanha da Fraternidade a questão desse mundo novo que precisa ser urgentemente construído”.
Tudo isso com reflexões e ações nos níveis pessoal, comunitário e social. “Nesses três níveis, a Campanha da Fraternidade atende às dimensões que precisam ser atendidas”, disse dom Joel.
Em relação à celebração dos 60 anos da CF, dom Joel afirmou ser um período para recuperar a força e a identidade a partir do Evangelho.
Após uma palavra de agradecimento aos participantes, dom Joel fez votos para que as “cabeças ilustres tenham o coração voltado para a Campanha da Fraternidade” e possam “dar uma contribuição para esse mundo novo que precisa ser construído”.