Reunidos desde quarta-feira, dia 28 de agosto, em Belém (PA), bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das Igrejas amazônicas, como também representantes de outras igrejas cristãs, estiveram envolvidos em atividades de estudo do documento de trabalho do Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco para o próximo mês de outubro.
Ao final do encontro, nesta sexta-feira, 30, foi divulgada uma carta aberta na qual reafirmam compromisso com a defesa do bioma e afirmam que Sínodo chega num momento crucial da história. No texto, os participantes também lamentam que lideranças da Igreja, presentes na Amazônia preocupadas com a evangelização e a promoção humana, sejam criminalizadas como inimigos da Pátria.
A carta recorda os encontros dos bispos da região desde 1972, quando decidiram “se ‘encarnar, na simplicidade’, na realidade dos povos”. No encontro de 1990, “os bispos da Amazônia foram os primeiros a advertir o mundo para um iminente desastre ecológico com ‘consequências catastróficas para todo o ecossistema (que) ultrapassam, sem dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente’”.
Ressalta também a presença da Igreja Católica na região preocupada com a evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo.
“A Igreja Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das ‘missões’ da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados. Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria”
O texto reforça a defesa do bioma amazônico, exige medidas dos governos, reafirma o valor da soberania nacional sobre a parte brasileira da Pan-Amazônia e apoia a preocupação internacional com o “macro-bioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário”.
“Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados”.
Sínodo
Para os participantes, o Sínodo para a Amazônia – convocado pelo Papa Francisco para o próximo mês de outubro, chega num “momento crucial” da história: “Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações”.
Após agradecimento à Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) pelo esforço na preparação do sínodo, os participantes pedem orações “para que a caminhada sinodal reflita ‘as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem’”.
Saiba como foi o encontro de estudos do Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia:
Em Belém, Igreja da Amazônia reafirma o compromisso com o território