Eles estão voltando

    Engana-se quem pensa ser esse artigo referência a extraterrestres ou alguma invasão russa, alemã ou chinesa. Estranhos ao nosso ninho sempre voltam. Nações que se sentem invadidas de uma forma ou de outra sempre existiram. Pessoas antenadas com o mundo, preocupadas com o seu ou inseguras com a diplomacia entre vizinhos, ah! somos muitos. Mas quem são eles, os que voltam? Os homens! Aqueles mesmos que juravam nunca fazer parte do time em questão, da pieguice reinante, do alarido dos suplicantes, do chororô das mulheres. Igreja? Isso é coisa para as nossas beatas.

    Em plena semana da família, logo após um festivo Dia dos Pais, trago a público essa novidade: os homens, quando não maioria, já se igualam às mulheres nas participações das atividades religiosas. Dentro, sim, do catolicismo. Cresceu efusivamente o número de homens nas ações litúrgicas e pastorais da Igreja, constatam algumas paróquias. Novenas e cultos já não são exclusividade feminina. Um bom exemplo é o fenômeno do Terço dos Homens, além do maior engajamento masculino com pastorais e ministérios. Igualmente na catequese e nos movimentos familiares, a participação dos homens tem sido notada com maior intensidade e, o que é mais positivo, sem preconceitos ou desmerecimento de seus círculos sociais ou mesmo familiares. De fato, eles estão voltando!

    Essa questão abre um leque de debates, aos quais sempre associam a religiosidade feminina à sua fidelidade aos ritos e normas da igreja que frequenta. Daí a conclusão de serem as mulheres muito mais religiosas do que seus parceiros. Daí também a crescente inquietação de grupos feministas por não se sentirem valorizadas como deveriam na ação ministerial e no trabalho evangelizador mais efetivo, o que sempre gera divergências e críticas. Neste aspecto, há de se concordar que o fundamento cristão foi um movimento estritamente machista, já que doutrina, ação missionária e proselitismo do primeiro anúncio foi historicamente obra de apóstolos e doutrinadores discipulados pelo próprio mestre. Às mulheres se reservou a retaguarda da obra. Há algum preconceito de gênero nessa constatação? Nenhum, se considerarmos o machismo deliberado daquela época.

    Hoje, homens e mulheres tem os mesmos espaços. Caminham juntos na vida e na fé. Essa descoberta está preenchendo um vazio deixado pelo inconformismo e comodismo da vida moderna, só plenamente satisfeito quando se deixam transformar por uma espiritualidade autêntica. Muitos homens estão descobrindo isso. Só a religião e a prática desta faz os milagres que desejam. Só a vida familiar e comunitária afasta os malefícios de uma sociedade sem Deus, sem fé. Isso qualquer coração sensível é capaz de perceber e compreender. Portanto, acima da inteligência que pensavam ser machista, está a sensibilidade dos que se julgam inteligentes, poderosos, donos das verdades e das rédeas de comando. O homem de fé abandona essas rédeas. Não precisa necessariamente da voz autoritária que o fazia senhor e diretor, mas de uma autoridade submissa à voz de sua consciência. E esta já se submete ao comando maior de suas vidas, Aquele de quem flui toda sabedoria, o Pai de todas as coisas.

    Bem apropriado o apelo do Papa Francisco aos jovens (que também estão voltando) reunidos em Roma nesse dia dos Pais. Lembrando São Humberto Urtado, convidou a todos que refazem os mil caminhos até Roma e retornarem seus passos em direção ao mundo, suas casas, suas famílias. Homens, mulheres e jovens, lembrem-se o que o santo nos diz: “É bom não fazer o mal, mas é mal não fazer o bem”.

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