Eleitor: indicações práticas para escolher seu candidato com responsabilidade

Uma mensagem de Dom Gil, arcebispo de Juiz de Fora

Dia 2 de outubro próximo, o povo brasileiro é chamado novamente às urnas, para definir quem vai lhe prestar serviços no governo municipal. Deveremos eleger o Prefeito, o Vice e os Vereadores.

Neste momento singular da democracia, a Arquidiocese de Juiz de Fora, consciente de sua responsabilidade social, deseja oferecer ao Povo de Deus algumas indicações práticas, a fim de que o eleitor possa agir com liberdade e escolher com responsabilidade os seus candidatos. Tanto a Bíblia quanto a Doutrina Social da Igreja nos mostram que o compromisso político é uma das formas de realizar o dever cristão de servir ao próximo (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 565).

Entre outras coisas, é bom que cada eleitor fique atento aos seguintes pontos práticos:

1 ‐ Sugerimos que ninguém anule ou deixe seu voto em branco. Seria omissão.

2 ‐ Nunca se deve aceitar doações em dinheiro, ou qualquer outro benefício, de candidatos em troca do voto. Quem vende seu voto, vende sua dignidade.

3 ‐ O eleitor católico defende a vida e a dignidade da pessoa humana. Ao dar seu voto, deve informar‐se a respeito da postura do candidato, se uma vez eleito ele vai defender a vida humana desde a concepção (fecundação) até o seu fim natural, não apoiando programas e nem políticos contrários a estes princípios éticos.

4 ‐ A Igreja é totalmente contrária a qualquer tipo de violência praticada contra a mulher, ou a qualquer ser humano, bem como praticada contra o patrimônio público ou particular. Ela defende a paz e a ordem social e sabe que os fins não justificam os meios. Ela está sempre preocupada com as classes empobrecidas ou enfraquecidas de alguma forma. Isto, contudo, não significa que ela possa aceitar tipos de ideologias contrárias à ética e à moral presente nos santos evangelhos e na doutrina cristã.

5 ‐ O eleitor deve informar‐se a respeito do desempenho político do candidato e se ele tem ficha limpa. Nunca vote em candidato que tenha histórico de corrupção.

6 ‐ O candidato deve trabalhar para que todos sejam respeitados, defender a liberdade religiosa, sabendo‐se que o Estado laico não pode e nem deve impedir ou dificultar o livre exercício da religião e nem obrigar o cidadão a agir contra a sua consciência religiosa.

7 – O eleitor deve avaliar a postura ética e as realizações feitas pelo candidato em ocasiões antecedentes. Se ele foi inoperante ou oportunista, se ele não tem projetos sociais abrangentes, não deve confiar‐lhe o voto.

8 – O candidato deve ser capaz de apresentar políticas públicas eficazes que auxiliem a saúde em geral e a segurança dos cidadãos e cidadãs. Um dos aspectos importantes é a questão da dependência química. Veja se o candidato tem propostas concretas para o combate às drogas e para a recuperação dos dependentes químicos.

9 – Outra questão muito séria é a Educação. Precisamos de boas escolas e bons profissionais. Precisamos que o Estado cuide da Educação com muito esmero, e que respeite o direito das famílias na formação da consciência de seus filhos. O Estado não pode sequestrar as crianças para dar formação ética e moral contrárias à fé ou à consciência dos pais.

10 ‐ Veja se o candidato está também comprometido com as questões ambientais, pois a natureza é vida e Deus criou o mundo para ser a nossa “Casa Comum”, na expressão do Papa Francisco.

Desejamos a todos os candidatos que o período eleitoral seja marcado pelo respeito e o diálogo. A discussão das ideias deve superar a possibilidade de ataques pessoais. É fundamental que os candidatos percebam na atividade política um meio para melhorar as condições de vida do nosso povo, especialmente dos menos favorecidos. Os princípios éticos da honestidade, justiça, partilha, verdade e solidariedade devem reger todas as propostas políticas.

Peça a Deus a sabedoria e a iluminação para as suas escolhas, pois para quem tem fé, nada deve ser feito sem a oração.

Ajude‐nos a exortação da Carta aos Hebreus que diz: “Que o mesmo Deus vos torne aptos para todo bem, a fim de fazerdes a sua vontade. Que Ele realize em nós o que lhe é agradável, por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (Hb 13, 21).

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora

 

Fonte: Aleteia

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