Ele está chegando

    O quarto domingo do Advento já nos permite entrever as portas do Natal. Este tempo de preparação, que começa com a perspectiva da vinda do Reino, termina concentrando-se num ponto concreto da história, da nossa história. Para lá convergem as promessas dos profetas. Lá se juntam agora nossas lembranças. Todos os olhares estão voltados para Belém. A verdade é que Belém é, por enquanto, um cenário vazio. Até mesmo os protagonistas de nossa história, José, Maria e a criança que está em seu ventre, dirigem-se para Belém. Não é mais que uma aldeia. O profeta Miqueias nos diz na primeira leitura que Belém é “pequenina entre os mil povoados de Judá”. No entanto, essa é a pequenez que Deus escolheu para se fazer presente entre nós. Ali, em um lugarejo perdido e escondido, o céu se juntará com a terra e o impossível se tornará realidade: Deus se fará carne num menino recém-nascido.
    Desde então, nossa relação com Deus mudou para sempre. Naquele momento, descobrimos que adorar a Deus não significa oferecer sacrifícios ou oferendas. Não é preciso oferecer a vida dos animais nem nossa própria. Não estamos aqui para morrer por Deus, mas para viver por Ele. Aqui estamos para “realizar a sua vontade”, tal como diz a leitura da carta aos Hebreus. E a vontade de Deus é que vivamos, que sejamos felizes, que cresçamos e amadureçamos no uso de nossa liberdade e que nos respeitemos uns aos outros porque todos somos membros de sua família.
    Mas, antes que chegue este momento – tão próximo do Natal – a liturgia nos convida a lançarmos um olhar para a mãe, Maria. Maria está alegre, feliz. Sente que a vida cresce em seu ventre e que essa vida é fruto do Espírito de Deus. Algo novo está crescendo nela e esse algo é para toda a humanidade. Essa alegria é expansiva. É preciso comunicá-la, compartilhá-la. Por isso, se dirige às montanhas de Judá para encontrar-se com sua prima, também grávida.
    Nesse encontro da família, Isabel, a prima, diz palavras inspiradas pelo Espírito de Deus que hoje chegam até nosso coração: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre… Bem-aventurada és tu que creste”. Dessa forma, Isabel expressa com perfeição o que Maria está vivendo. A fé a faz viver de outra maneira. A fé ajuda a compreender a realidade a partir de uma perspectiva nova e mais profunda. Aquele que vive na fé – como Maria – vive abençoado por Deus. E tudo o que toca e diz se converte em bênção para o crente e para os que estão a seu lado. Porque reconhece, no íntimo de seu coração, que o amor de Deus instalou-se no nosso mundo. Que nossa alegria, neste Natal, seja fruto da fé cheia de alegria no Deus que se encarna em Jesus.

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