As três práticas quaresmais são: o jejum, a oração e a caridade, e quem caminha junto com essas três práticas é a penitência. O Tempo da Quaresma é um período marcado pela penitência e pela mudança de vida. As cores litúrgicas predominantes é o roxo, que nos convidam a olhar para dentro de nós mesmos, nos arrependermos de nossos pecados e procurar o sacerdote para a confissão sacramental. O Papa nos convidou para um dia de oração e penitência pela paz nesta quarta-feira de cinzas.
A penitência é um desdobramento das três práticas quaresmais e só conseguiremos realiza-las se a penitência caminhar junto. Primeiro, precisamos nos arrepender de nossos pecados para conseguirmos fazer o jejum, orar e, como um gesto concreto, ou seja, agradecimento a Deus de ter perdoado os nossos pecados, exercer a caridade.
A penitência é uma prática bem antiga, existe desde o Antigo Testamento. O povo de Deus realizava a penitência e o jejum. O povo se vestia de sacos e cobria a cabeça com cinzas em reparação dos seus pecados. Jesus também realizava penitências, quando ia ao deserto sozinho para falar com Deus, e ele mesmo perdoava o povo de seus pecados. Ensinou a oração do Pai Nosso e disse que se Deus nos perdoa, devemos perdoar-nos uns aos outros. Hoje em dia, não é mais necessário se vestir de sacos, cobrir a cabeça com cinzas (hoje temos o símbolo) e outras práticas de penitência, mas devemos nos arrepender sinceramente de nossos pecados, nos aproximarmos do sacerdote e realizar a nossa confissão sacramental. Com certeza Deus nos perdoará de nossos pecados e celebraremos a Páscoa com mais pureza de coração.
Existem diversas práticas de penitência, algumas advindas dessas citadas acima. Normalmente, a penitência é dada pelo sacerdote, após a nossa confissão sacramental, que pode ser simplesmente um ato de caridade, que é uma das três práticas quaresmais, ou uma oração, como por exemplo, a reza do terço. A penitência pode ser o simples fato de nos arrependermos de nossos pecados, como na missa temos o ato penitencial.
Se praticarmos a penitência sempre, poderemos ser mais gratos a Deus e com aqueles que convivem conosco. Logicamente, a penitência não deve ser realizada somente no período quaresmal, mas todos os dias do ano. “A penitência é “uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo o nosso coração”” (cf. Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1431). Esse trecho do Catecismo da Igreja Católica deixa claro o que de fato é a penitência, um arrependimento do pecado de todo o coração e uma reconciliação com Deus, pois o pecado rompe nossa ligação com Deus e o arrependimento nos une a Ele, novamente.
A Quaresma é um tempo favorável para a prática da penitência. O Catecismo da Igreja Católica nos diz: “esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, peregrinações em sinal de penitência, privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna obras de caridade e missionárias” (CIC, número 1.438). Durante a Quaresma, é comum ocorrer celebrações penitenciais. Essas celebrações nos prepararam melhor para realizarmos nossa confissão sacramental. Algumas paróquias ainda promovem no período quaresmal procissão da penitência às 5h, seguida de missas as 5h30 ou 6h, para ajudar na espiritualidade penitencial dos fiéis.
O Tempo da Quaresma é um grande retiro de quarenta dias que fazemos, não é um tempo triste e nem de luto, muito pelo contrário, é um período de introspecção e oração e que somos chamados a voltarmos para nós mesmos, reconhecer os nossos pecados e voltar para Deus de todo o coração, para celebrarmos de maneira mais pura a Páscoa.
Durante esse tempo quaresmal, com o intuito de ajudar em nossa espiritualidade e como forma de penitência, podemos participar da Via Sacra, sobretudo nas sextas-feiras, no período da tarde, em nossas paróquias, ou mesmo, em nossa casa. Para chegarmos às alegrias da ressurreição, temos que passar pela dor do calvário.
A Quaresma é ainda um tempo de renascimento espiritual e de renovação na fé, no qual se pede aos fiéis maior interesse pelas coisas divinas. Uma maior frequência às missas e aos sacramentos. Somos convidados, ainda, a controlar as nossas paixões e nossos sentimentos, e trilhar um caminho reto.
Busquemos estar mais perto de Deus durante esse tempo quaresmal e pratiquemos a penitência, busquemos a confissão sacramental para celebrarmos de maneira mais pura a Páscoa. Voltemo-nos para Deus de todo o coração.
“Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação”. Amém!
